Destaques

0 O Príncipe Herdeiro (Os Filhos de Krondor #1) (O Mago #5) + Opinião


Sinopse:

O Príncipe Herdeiro«Os gémeos Borric e Erland são os homens mais despreocupados do Reino das Ilhas. Mas a bem-aventurada juventude deles termina quando se preparam para suceder ao trono do seu pai, o Príncipe Arutha. Como primeira tarefa, o Príncipe envia-os no papel de embaixadores ao reino de Kesh, a mais poderosa das nações. Mas, mesmo antes de partirem, uma tentativa de assassínio a Borric é, o mais velho dos irmãos, é evitada no último momento. Trata-se somente do início de uma jornada traiçoeira que levará os irmãos por caminhos separados e mortíferos – um, enquanto fugitivo, o outro, enquanto futuro rei. Agora, cada um deles deve traçar o seu próprio caminho rumo à maturidade, honra e paz, enquanto os que anseiam pela guerra se tornam cada vez mais audaciosos.»


Editora: Saída de Emergência (Junho 2012)
Páginas: 448
Original: Prince of The Blood (Krondors Sons #1) (1989)

Opinião

O primeiro livro de Os Filhos de Krondor, O Príncipe Herdeiro, vem apresentar-nos os filhos gémeos do príncipe Arutha que ocupa agora o trono de Krondor há cerca de 20 anos e cujas aventuras acompanhámos anteriormente com a Série O Mago

Os gémeos Borric e Erland não passam de dois jovens inconsequentes que só pensam em se divertir até que são finalmente confrontados com as suas futuras obrigações para com o Reino: sem filhos varões e sem a possibilidade de vir a gerar um, Liam não tem quem o suceda ao trono senão o filho mais velho do seu irmão Arutha, o príncipe Borric. 
Na viagem que se sucede, com o objectivo de honrar a imperatriz keshiana, Borric e Erland passam pela comunidade mais estranha de Midkemia, Stardock, lar da academia dos magos, regida por Pug. Até que Borric vai parar às mãos dos esclavagistas e o grupo chega a uma consensual conclusão: avizinham-se grandes problemas! 

 Até cerca de metade deste livro, tenho que admitir que a leitura foi bastante custosa (como é normal para mim com Raymond E. Feist…) e tive mesmo que me forçar a pegar no livro e continuar a acompanhar a narrativa. Mas, e muito felizmente, quando finalmente estamos envolvidos nos acontecimentos, familiarizados com as novas personagens e já embalados no ritmo, o O Príncipe Herdeiro acaba por se tornar numa leitura até bastante interessante. 

 Creio que esta dificuldade advém do facto de E. Feist perder imenso tempo a descrever o Império de Kesh em vez de avançar com a acção do livro, arrastando a história e confundindo-nos com diversas personagens o que torna a leitura por vezes aborrecida. Em algumas personagens, E. Feist chega mesmo a perder-se, parecendo querer dar-lhes uma profundidade que elas não têm verdadeiramente e que não é revelada por meio de acções mas sim apenas através de extenso palavreado. O carácter que Feist tanto louva nas suas personagens acaba por ter muito pouca aplicação prática. Pessoalmente, passei grande parte da leitura desinteressada nestes indivíduos sem me importar com a sua segurança na trama.

Ainda assim, o meu maior conflito com este autor é que eu prefiro a existência de uma história central bem definida da qual dispersam os diversos acontecimentos que, aliados a acontecimentos paralelos, desembocam num final. E Feist faz exactamente o contrário: vai descrevendo uma sucessão por vezes aleatória e não tão clara de acontecimentos e desenvolvimentos que acabará por formar a história central, o que me leva a apreciar a leitura apenas no final. 

Sendo de 1988, prefiro acreditar que a excessiva qualidade de clichés no argumento e nas personagens se deve a isso…Além disso, a ausência dos elfos, trolls, trasgos e anões maldispostos corta um bocado na componente fantástica do livro, deixando-nos apenas com magos/feiticeiros. 

Posto isto, é agradável voltar a acompanhar as personagens de O Mago, embora seja bastante óbvio que estas estão a abrir espaço para novas personagens. A parca participação de Pug, agora com 48 anos, deixa um bocadinho a desejar mas o autor compensa com o desenvolvimento de Gamina, a filha de Pug, e a aparição de um novo (e caricato) mago. James, o larápio Jimmy mãozinhas, também desempenha um papel de destaque entre manter Erland vivo e o Reino afastado da guerra, permitindo estabelecer laços entre os livros anteriores e os mais recentes.  

As descrições de Kesh e dos seus povos, claramente baseados em povos reais, são interessantes e, unidas às intrigantes conspirações nas altas esferas do império, conflitos e traições daí advindas, tornam o final do livro recompensador, redimindo-se pelas partes mais aborrecidas. 

Assistir ao desenvolvimento e crescimento pessoal de Borric e Erland é uma das melhores partes do livro e também uma das mais bem conseguidas por parte do autor. Ambos acabam por prosperar nas suas missões, engrandecendo o seu carácter enquanto o fazem.

«(…) percebi que os sonhos da juventude nos perseguem suficientemente em adultos.»


Livros de Raymond E. Feist:
O Príncipe Herdeiro

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