jan082019
0 Chamavam-lhe Grace | Opinião
Etiquetas:
3 estrelas,
Margaret Atwood,
Opinião,
Romance
Autor: Margaret Atwood
Editor: Bertrand Editora (2018)
Género: Romance
Páginas: 480
Original: Alias Grace (1996)


Opinião
★★★☆☆
Não é difícil sentirmo-nos atraídos pela premissa deste livro, baseado numa história verídica, depressa damos por nós curiosos por conhecer a identidade do assassino, como foi perpetrado este hediondo ato e quais as motivações por detrás do mesmo. A parte «difícil» deste livro – e assim começo por apontar já o que não gostei – é avançar página após página no quotidiano de Grace, acompanhando-a nas suas simples e aborrecidas tarefas domésticas, enquanto começamos a reparar que, na verdade, pouco acontece, muito pouco é explicado ou resolvido e que embora fale muito, na verdade, Grace diz-nos muito pouco.
Claro que é importante ficarmos por dentro dos acontecimentos que foram marcando Grace ao longo da sua vida e como aprendeu a proteger-se numa época de tão manifesta desigualdade social e de género. Ao acompanhá-la desde cedo, ingénua e influenciável, trabalhadora e esforçada, vemos como cresceu a cada adversidade e como, em adulta, embora pouco instruída, é bastante inteligente, com grande sensibilidade para ler os que a rodeiam e possivelmente manobrá-los conforme as suas intenções ou necessidade.
No decurso dos episódios narrados vamos questionando as suas intenções e carácter. Nunca me senti completamente confortável na presença de Grace, mantendo-me de pé atrás, sempre à procura de indícios do seu verdadeiro carácter, mas solidária com todas as injustiças que foi sofrendo. Colocar a índole de Grace subtilmente em dúvida ao mesmo tempo que nos leva a simpatizar com a personagem é algo que a autora faz de forma brilhante.
…Mas o livro é monótono, a leitura torna-se aborrecida e, embora perceba que a monotonia pode ter o seu papel na criação da atmosfera que Atwood queria alcançar, preferia que, então, tivesse encurtado um bocadinho o livro.
O que quero dizer com isto tudo é que, embora aprecie a história e o talento da escrita da autora, mais do que óbvio em cada página deste livro, não me deu especial prazer lê-lo. É um bom livro, conta uma história genuinamente interessante, mas não o vou recordar como um livro que tenha gostado de ler.
“Não há pior palerma do que um palerma instruído” – 79
“Uma viagem por mar e uma prisão podem ser maneiras de Deus nos recordar que somos feitos de carne, que toda a carne é como a erva e toda a carne é fraca.” – 125
“São hipócritas, pensam que a igreja é uma gaiola para manter Deus lá dentro, fechado à chave para não andar a deambular pelo mundo, durante a semana, a meter o nariz nos seus assuntos e a olhar para as profundezas, a escuridão e a falsidade dos seus corações e para a sua falta de verdadeira caridade. E estão convencidos de que só precisam de se preocupar com Ele aos domingos, quando vestem a melhor roupa, fazem uma cara séria, lavam as mãos, calçam as luvas e preparam muito bem as suas histórias.” – 264
“O que não se pode curar, tem de se suportar” - 271
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