0 O Prodígio | Opinião
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Emma Donoghue,
Opinião,
Romance
Mas quando Lib, uma jovem e cética enfermeira, é contratada para vigiar a menina noite e dia, os acontecimentos seguem um diferente rumo: Anna começa a definhar perante a passividade de todos e a impotência de Lib. E assim se adensa o mistério à volta daquela pobre família de agricultores que parece envolta num cenário de mentiras, promessas e segredos.
Prisioneira da linguagem da fé, será Anna, afinal, vítima daqueles que mais ama?
Um drama intenso sobre os perversos caminhos do fundamentalismo, mas também sobre como o amor pode vencer o mal nas suas mais diversas formas.
Autor: Emma Donoghue
Editor: Porto Editora (Maio, 2017)
Género: Romance
Páginas: 328
Original: The Wonder (2016)





opinião
★★★★☆

- p. 189
Emma Donoghue não escreve livros para o leitor relaxar.
Muito diferente em conteúdo e abordagem em relação ao seu livro anterior, O Quarto de Jack, este novo livro de Donoghue intitulado O Prodígio é igualmente perturbador e desinquietante.
A história desenrola-se no século XIX, na Irlanda. Anna, uma jovem de 11 anos, de uma família fervorosamente católica, afirma não comer há 4 meses e, para afastar as suspeitas de fraude e confirmar de uma vez por todas o milagre, é instaurado um sistema de vigília que garante que a jovem não passa um segundo que seja sem supervisão. Uma tarefa que calha a Lib Wright, uma enfermeira inglesa.
Desde o início que Lib, uma forasteira em vários sentidos, está decidida a desmascarar o logro, tentando trazer alguma lógica para o meio de tanta fé cega. Convencida de que tudo não passa de uma mentira, Lib procura pistas que provem que Anna está a enganar toda a gente ou que demonstrem que alguém se está a aproveitar da fé da jovem.
Com o passar dos dias, Lib não descobre nada que lhe permita desmascarar Anna, mas apercebe-se de que a saúde da criança se degrada de dia para dia sem que alguém intervenha. Estão todos tão certos que se trata de um milagre que não fazem nada para preservar a saúde da criança, tentando levá-la a alimentar-se. É assim que Lib, a quem calhou a simples empreitada de vigiar Anna se vê com a difícil tarefa de a salvar de si mesma e da sua mente obstinada mas também tacanha e ingénua, da família que deveria cuidar dela e protegê-la e de uma religião que se regozija perante tamanho sacrifício.
Mesmo com a narrativa a avançar de um modo que, por vezes, me pareceu excessivamente lento, senti-me completamente imersa na história. Dei por mim genuinamente agitada com esta leitura, impaciente e irritada com alguns dos seus personagens (só me apetecia entrar pelo livro adentro e gritar umas boas verdades ao padre, ao médico, à freira e aos pais de Anna…) e cada vez mais ansiosa pelo seu desfecho.
Donoghue compromete-se com a história que nos quer contar e com os personagens que a povoam.
Transporta-nos diretamente para os seus cenários e situações como poucos autores conseguem fazer, criando em O Prodígio uma magnífica atmosfera gótica e uma tensão palpável que nos prende ao livro até ao fim.

«Extraordinário… Explora a natureza da fé e confiança com uma intensidade angustiante; muito poucos não se deixarão afetar por esta novela soberba de Emma Donoghue» Sarah Johnson, Booklist
«O thriller psicológico contemporâneo O quarto de Jack fez de Donoghue uma escritora best-seller internacional, mas esta arrebatadora história relembra-nos o quanto ela é igualmente incrível no género ficção histórica» Kirkus Reviews
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