Destaques

0 Bicha {Livros Julho}


Wook.pt - BichaÉ implacavelmente pessoal, mas também deslumbrantemente político, uma narrativa de aspeto realista que irrompe nas mais fantásticas fantasias, incluindo matérias de tom tão indeterminado que é difícil saber se havemos de desatar aos uivos de riso ou de consternação. Uma vez que não há livros "convencionais" [straight] na obra de Burroughs - cada um deles podia intitular-se Queer - o seu segundo romance é perversamente típico e corresponde ao significado do título como substantivo (homossexual - usado pejorativamente ou com orgulho), adjetivo (esquisito, falso, dúbio), e verbo (frustrar, irritar, desorientar). É verdade que, desde a sua escrita em 1952 até à sua publicação tardia em 1958 e à reputação que o acompanhou ao longo dos vinte e cinco anos que se seguiram, tudo em Queer é desconcertante.

O tiro que matou Joan Vollmer teve um peso imenso na lenda de Burroughs e dos círculos Beat por razões óbvias, mas a associação dessa morte ao segundo romance só veio a fazer-se por volta de 1985, graças a duas linhas, que são mais citadas do que quaisquer outras que Burroughs tenha escrito: "o livro é motivado e moldado por um acontecimento que nunca é mencionado, antes é de facto cuidadosamente evitado: a morte acidental da minha mulher, Joan, com um tiro, em setembro de 1951", e "Sou forçado a chegar à perturbante conclusão de que nunca viria a tornar-me escritor se não fosse a morte de Joan."


Autor: William S Burroughs
Editor: Quetzal Editores (Julho, 2016) 
Páginas: 192
Original: Queer (1985) 


outros livros de William S. Burroughs >>>


William S. Burroughs nasceu em 1914 no Missouri. O seu primeiro e mais autobiográfico romance, Junky, o retrato clássico do constante ciclo da dependência das drogas de que foi vítima toda a sua vida. Em 1951, ao fazer o número de um Guilherme Tell bêbado, matou acidentalmente a mulher com quem era casado. Membro fundador do movimento Beat, Burroughs celebrizou-se através do cut-up, método de escrita que utilizou no romance Naked Lunch (Festim Nu), mas também da sua intervenção noutras área, como a pintura, ou as artes performativas. Morreu em 1997.


Nenhum comentário:

Postar um comentário