0 Lobo Solitário | Opinião
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4 estrelas,
Jodi Picoult,
Romance
Em muitos sentidos, Luke compreende melhor as dinâmicas da alcateia do que as da sua própria família. A mulher, Georgie, desistiu finalmente da solidão em que viviam e deixou-o. O filho, Edward, de vinte e quatro anos, fugiu há seis, deixando para trás uma relação destroçada com o pai. Recebe então um telefonema alarmante: Luke ficou gravemente ferido num acidente de automóvel com Cara, a irmã mais nova de Edward.
De repente, tudo muda: Edward tem de regressar a casa e enfrentar o pai que deixou aos dezoito anos. Ele e Cara têm de decidir juntos o destino do pai. Não há respostas fáceis, e as perguntas são muitas: que segredos esconderam Edward e Cara um do outro? Haverá razões ocultas para deixarem o pai morrer… ou viver? Qual seria a vontade de Luke? Como podem os filhos tomar uma decisão destas num contexto de culpa, sofrimento, ou ambos?
E, sobretudo, terão esquecido aquilo que todo e qualquer lobo sabe e nunca esquece: cada membro da alcateia precisa dos outros, e às vezes a sobrevivência implica sacrifício. Lobo Solitário descreve de forma brilhante a dinâmica familiar: o amor, a proteção, a força que podem dar, mas também o preço a pagar por ela.
Autor: Jodi Picoult
Editor: Bertrand Editora (Março, 2016)
Género: Romance
Páginas: 408
Original: Lone Wolf (2012)
opinião
★★★★✰
★★★★✰
Lobo Solitário arrasta-nos para o
meio de um sério drama familiar.
Não é difícil deixarmo-nos encantar
pelos relatos de Luke Warren (um naturalista e conservacionista que sempre
sentiu uma ligação muito forte aos animais) sobre o comportamento dos lobos. No
entanto, a sua dedicação a estes animais - que o levou a ser visto por uns como
um génio e por outros como um louco - conduziu a uma negligência para com a própria
família. O lar é apenas um local de passagem para Luke para tomar um duche,
mudar de roupa ou fazer uma refeição ocasional, não sendo portanto de estranhar
que a família acabe por se desintegrar.
Com Luke aprendemos que, para os
lobos, a "família" é tudo - cada membro da matilha deve desempenhar o
seu papel de forma a garantir a segurança colectiva, obedecendo a um sistema
hierárquico muito bem definido que lhes permite, ainda assim, manter a
individualidade. E a família - as diferenças entre os seus constituintes, cada
um contribuindo para fortalecer o grupo, a importância do desempenho de cada um
no resultado final - é também a base deste livro. Ironicamente, apesar de
conhecer muito bem o seu lugar na família de lobos, Luke parece ter
dificuldades em apreender as suas obrigações na família de humanos, como pai e
marido.
Edward,
o filho mais velho, sente que sempre desiludiu o pai, com quem não consegue encontrar
interesses nem características em comum; os seus relatos sobre as tentativas de
se aproximar do pai durante a infância permitem-nos compreender a revolta que
viria a desenvolver na adolescência. Assim, aos 18 anos Edward decide fugir
para a Tailândia sem se despedir sequer dos pais ou da irmã. Convencida que foi
este acontecimento que despoletou o a ruína do casamento dos pais, Cara acaba
por desenvolver um forte ressentimento pelo irmão e, quando a mãe reconstrói a vida com
outro homem, de quem tem dois filhos gémeos, Cara sente que não há lugar para
ela naquela família e decide ir viver com o pai.
Toda
esta informação - e muita mais - vamos reunindo ao longo do livro através de
vários pontos de vista que a autora soube inserir na altura certa,
permitindo-nos desenvolver fortes empatias e entrar na narrativa com interesse. O
livro começa, no entanto, com o acidente de carro em que seguia Cara e Luke.
Quando a jovem de 17 anos acorda da cirurgia a que foi submetida de urgência
descobre que o pai sofreu um trauma cerebral muito sério que levou à remoção da
parte anterior do lobo temporal e que se encontra num estado de inconsciência
do qual provavelmente nunca mais irá acordar.
É este
triste desencadeamento que volta a reunir a família; uma vez que Cara é menor
de idade, Edward é obrigado a regressar da Tailândia para agir de forma
decisiva sobre o futuro de uma família da qual não faz parte há seis anos. Derrotista ou realista, com a intenção de poupar a irmã a uma terrível decisão e apenas a tentar
fazer o que acha que o pai preferiria numa situação destas, Edward confia na
opinião médica de que a probabilidade de o pai recuperar é praticamente nula,
querendo terminar o suporte artificial de vida o mais depressa possível para que os órgãos possam ser utilmente
doados e para que a família possa finalmente seguir em frente. Por seu lado,
naturalmente optimista, com tendência para a fantasia, Cara opta por se agarrar à esperança de o pai ter cerca de 1% de
probabilidade de recuperar do acidente ... e está disposta a tudo para manter o pai
vivo.
Adorei este livro! Gostei especialmente dos capítulos de Luke sobre o comportamento dos lobos. A história de Lobo Solitário não é leve e não deixa de ecoar tragicamente, mesmo depois de termos terminado o livro há algum tempo; afinal, estamos perante um pai que não o soube ser e que perdeu subitamente a oportunidade de se redimir perante os filhos. Fica-nos também a dúvida de que, sendo-lhe ofertada uma segunda oportunidade, se ela a agarraria ou se seria sequer capaz de reconhecer. Mas mais do que isso, esta é a história de uma família que deve fazer o necessário para se auto-preservar, para garantir a segurança e estabilidade dos seus membros.
Narrating this strange solitary man's story in flashbacks, Picoult captures Luke's destructive but magnificent obsession with these shy predators, weaving in details about how these mysterious creatures live, hunt, love and die. Always insightful about human families, Picoult proves to be equally perceptive about animal ones in Lone Wolf. - USA Today
The mix of family emotion, medicine and courtroom drama in “Lone Wolf” will be familiar to fans of Picoult’s “Plain Truth” and “My Sister’s Keeper.” Compulsively readable, these earlier books infused anything-but-routine family drama with genuine plausibility. That right balance is missing in “Lone Wolf.” What’s left is a pack of characters roaming out of control. Even as I turned the pages to discover Luke’s fate, a howl of disbelief lodged in my throat. - The Washington Post
Jodi Picoult nasceu e cresceu em Long Island. Estudou Inglês e escrita criativa na Universidade de Princeton e publicou dois contos na revista Seventeen enquanto ainda era estudante. O seu espírito realista e a necessidade de pagar a renda levaram Jodi Picoult a ter uma série de empregos diferentes depois de se formar: trabalhou numa correctora, foi copywriter numa agência de publicidade, trabalhou numa editora e foi professora de inglês. Aos 38 anos é autora de onze best sellers e em 2003 foi galardoada com o New England Bookseller Award for Fiction.
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