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0 Um Homem e o Seu Cão + Opinião


Um Homem e o Seu Cão é a comovente história da relação de Thomas Mann com o seu perdigueiro alemão. Desde o primeiro encontro, numa quinta, Mann conta como gradualmente começa a amar este animal inteligente, leal e cheio de energia. Durante os seus passeios diários, Mann começa a compreender e apreciar Bauschan enquanto ser vivo, testemunha o seu prazer em caçar lebres e esquilos e as suas meticulosas inspeções a pedras, galhos e folhas húmidas. Mann reflete sobre a vida interior do animal e maravilha-se com a facilidade com que ele confia totalmente em si, pondo a sua vida nas mãos do dono.

Os dois desenvolvem uma compreensão um do outro com o passar do tempo, mas Mann ganha também consciência de uma divisão intransponível que os separa. E, como em todas as relações, existem momentos de tensão, frustração ou desilusão, mas que são sempre superados por uma ligação íntima, profunda e de grande amizade entre os dois.

Uma história encantadora de amizade entre um homem e um cão.


Autor: Thomas Mann
Editor: Bertrand Editora (2015)
Género: Memórias
Páginas: 120
Original: Herr und Hund (1918) [Goodreads]


opinião


My rating: 3 of 5 stars

A escrita de Thomas Mann revelou-se, como esperava, irrepreensível. No entanto, nem esta belíssima prosa foi suficiente para despertar o meu interesse pelas partes mais descritivas do livro, especialmente em relação à paisagem (capítulo «A Nossa Coutada»).

Mann revê neste livro alguns dos preciosos momentos que viveu com o seu cão, Bauschan, descrevendo o comportamento do seu companheiro e interpretando-o.

"Um Homem e o Seu Cão" despertou o meu interesse para o trabalho do autor, deixando antever a sua genialidade como escritor; não nego a qualidade do que li mas, se soubesse ao certo o que me esperava, teria lido antes outro dos seus livros.


frases do livro

«Enche-nos de felicidade a ilusão de podermos levar uma vida contínua, simples, concentrada e votada ao recolhimento contemplativo, a ilusão de nos pertencermos por completo, porquanto o ser humano é propenso a assumir o seu estado no momento, seja ele sereno ou agitado, tranquilo ou apaixonado, como o verdadeiro, singular e duradouro (...), quando, na verdade, está moralmente condenado a viver de improviso e um dia de cada vez.» (p. 15)
«Vê-la, ver o mar, por exemplo - manso e dócil ou ruidoso e arrebatado -, mergulha-me num estado onírico orgânico tão profundo, num tão completo desprendimento de mim que perco em absoluto a noção do tempo, e o tédio transforma-se num conceito sem sentido» (p.68)
«(...) a cadeia do afecto era mais vantajosa para o meu bem-estar do que a liberdade egoísta por que ansiara.» (p. 97)
«Os animais são mais desinibidos, mais espontâneos, logo, de certo modo, mais humanos do que nós na expressão corporal dos seus estados temperamentais; maneiras de dizer que para nós apenas subsistem em sentido figurado e como metáforas conservam, se lhes forem aplicadas, um sentido literal preciso e não metafórico.» (p. 98)
 

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