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0 O Fantasma da Ópera + Opinião


Com a arte da intriga magistralmente controlada e a inspiração diabólica que fizeram o sucesso de Gaston Leroux, O Fantasma da Ópera transporta-nos para uma extraordinária aventura pelos bastidores, camarins, palco e subterrâneos da Ópera de Paris. Um romance que envolve por completo o leitor.

Nota do Autor 
«O Fantasma da Ópera existiu. Fiquei impressionado, assim que comecei a consultar os arquivos da Academia Nacional de Música, pela coincidência surpreendente de fenómenos atribuídos ao fantasma, e do mais misterioso, do mais fantástico dos dramas, e ia em breve ser levado à ideia de que e poderia talvez racionalmente explicar um pelo outro.»

Autor: Gaston Leroux
Editor: Publicações Europa-América (2008)
Género: Romance/Clássico
Páginas: 256
Original: Le Fantôme de l'Opéra (1910) [Goodreads]

opinião
My rating: 5 of 5 stars
★    

«Todavia, no fundo não sou mau! Ama-me e verás! Só me faltou ser amado para ser bom!»

Desde que ouvi a sua história pela primeira vez que o Fantasma da Ópera me fascina e atrai; agora, que tive finalmente a oportunidade de ler esta grande obra literária, a minha admiração - e até afeto - por 'ele' mais do que duplicou.

Tenho que reconhecer que é o Fantasma, figura que encaixa num género de personagens que me seduzem de forma irrecuperável, o principal motivo da minha paixão por este livro. Erik, o Fantasma, é a prova da tendência que a vítima tem para vitimizar outros; de como a falta de amor conduz ao ódio e ao rancor, à crueldade e à violência

No fundo, Erik não passa de uma alma perdida, magoada, que anseia ser amada. Exige-o! Deforma e corrompe a definição de amor. Parece não compreender que o sofrimento da pessoa amada apenas irá acrescentar ao seu. Consumido pela solidão, desesperado por carinho, o Fantasma transforma amor em obsessão e ternura em violência.
«(…) com um rosto vulgar, teria sido um dos maiores nobres da raça humana»

Contudo, no meio de todo o terror e angústia que provoca, há também a beleza e genialidade da sua música, a habilidade e competência que possui para construir alçapões e sistemas de passagem no seu submundo, obrigando-nos a admira-lo.
«Tinha um coração para conter o império do Mundo e teve, finalmente, de se contentar com um subterrâneo.»

Não tenho dúvida de que o romancista francês Gaston Leroux nos deixou um extraordinário e intemporal romance gótico. Aqui, o narrador é também um investigador, reconstruindo a história do Fantasma através de depoimentos e testemunhos - a sua curiosidade acerca deste Fantasma acaba por estimular a nossa, prendendo-nos às suas palavras, ávidos por mais.

Leroux combinou de forma exemplar personagens cómicas e situações caricatas com o dramatismo e fatalismo do par romântico Raoul/Christine e com a intensidade e perversidade de Erik. Ao misturar a atmosfera fervorosa que se vive na Ópera com o ambiente tétrico do piso subtérreo, o autor oferece-nos um enorme e vívido contraste entre realidades, isolando ainda mais Erik do resto do mundo.

Apesar de, talvez, não podermos perdoar Erik, podemos certamente compreender os seus motivos… é que o amor, nas mãos de quem não sabe amar, pode ser uma arma terrível.
«Decididamente, deve lamentar-se o Fantasma da Ópera.»




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