0 Sempre o Diabo + Opinião
Etiquetas:
5 estrelas,
Donald Ray Pollock
Localizado no sul rural do Ohio e da Virginia, Sempre o Diabo segue um elenco de magnéticas e bizarras personagens, desde o fim da Segunda Guerra Mundial até 1960: Willard Russell - veterano atormentado pela carnificina no Pacífico Sul - que não consegue salvar a sua bonita mulher, Charlotte, da morte agonizante de um cancro, por mais sangue sacrificial que derrame sobre o tronco das orações. Carl e Sandy Henderson, a equipa de marido e mulher assassinos em série, rolando pelas autoestradas da América, em busca de modelos para fotografar e exterminar. Roy, o pregador tratador de aranhas e o seu sócio, Theodore, deficiente e exímio guitarrista. No meio de tudo isto, Arvin Eugene Russell, o filho órfão de Charlotte, que cresce e se transforma num homem bom, ainda que também violento.
Ligando a perversão de um Oliver Stone (em «Natural Born Killers») aos cambiantes religiosos e góticos de Flannery O’Connor, Donald Ray Pollock tece os fios da intriga de forma tensa e arrebatadora, revelando a enorme mestria de um novo narrador americano.
Autor: Donald Ray Pollock
Editor: Quetzal (Abril, 2014)Autor: Donald Ray Pollock
Género: Ficção
Páginas: 312
Original: The Devil All The Time (2011) [Goodreads] [WOOK]
Opinião
Sempre o Diabo by Donald Ray Pollock
My rating: 5 of 5 stars
My rating: 5 of 5 stars
Sempre o diabo… sentado ao nosso ombro…a sussurrar-nos ao ouvido.
Lutamos contra o 'diabo' o tempo todo, um 'diabo' que, no fundo, somos nós mesmos, quer seja em resposta às ações de outrem ou iniciativas próprias. Convivemos diariamente com o nosso instinto maligno, o diabinho no nosso ombro que se recusa a estar calado.
Assim, facilmente nos vemos embrenhados na espessa e sombria atmosfera deste livro, submersos nas suas descrições violentas, perversamente intrigados pelas personagens que nos apresenta, capazes dos atos mais hediondos. Mas pior que nos deixarmos intoxicar com o carácter nefasto destas personagens é encontrar nelas pontos de reconhecimento e comparação com o nosso próprio carácter.
Pollock encheu-me a cabeça de imagens violentas e terríveis, enchendo esta tragédia de humor perverso e recorrendo a uma prosa crua que se aproxima da perfeição na sua inteligente e estratégica simplicidade. No final, todas as histórias se colmatam e os seus peçonhentos percursores se interligam, resultante de um trabalho de construção excelente por parte do autor. Não senti que Pollock estivesse a tentar chocar ou impressionar o leitor, manipulando as suas sensibilidades, mas apenas a desenvolver a sua narrativa da forma mais artística possível.
'Sempre o Diabo é um dos poucos livros em que pus completamente de lado o meu desejo por um final feliz em prol de um final justo. Um final em que a crueldade fosse paga com uma crueldade ainda maior, violência fosse recompensada com uma violência ainda mais atroz, sem qualquer hipótese de perdão ou redenção…e lá está, novamente, o 'diabo'.
Recomendo muito este livro aos leitores que se sintam atraídos por este tipo de literatura, sombria e violenta, tendo em mente que é um livro com descrições muito agressivas e desagradáveis, que caldeia nas suas páginas fanáticos religiosos, pedófilos, violadores, serial killers, corruptos, alcoólicos,…
Sabendo tudo isso, se tiverem ainda vontade de o ler, não deixem de o fazer. A mim, arrebatou-me.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário