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0 Knulp | Opinião


Wook.pt - KnulpKnulp narra três momentos da vida de Karl Eberhard Knulp, um homem alegre e conversador que, nas suas caminhadas por uma Alemanha rural, quase desconhecida, vive a transição para a vida adulta. Knulp é um poeta popular, um aprendiz que nunca chegou a estabelecer-se para exercer pacata e ordeiramente a profissão.

Após o longo tempo em que se mantém à margem da chamada «vida normal», sempre em busca do sentido da amizade, do amor e da sua própria existência, é-lhe possibilitada uma compreensão mais íntima da natureza e do essencial, quando então contempla o passado e aquilo que poderia ter sido de si.

Knulp é uma narrativa que consiste em três histórias da vida de Karl Eberhard Knulp. Na primeira delas, Knulp é-nos apresentado como um sujeito alegre e conversador, que interrompe as suas eternas caminhadas hospedando-se na casa de um antigo companheiro de viagem. Na segunda parte apresentam-se as recordações de um amigo de Knulp, as conversas entre ambos sobre o sentido da vida, sobre as virtudes do sedentarismo e da vida em eterno movimento, sobre a amizade e o amor. A última história apresenta o fim de Knulp, o regresso à terra natal, fisicamente já bastante debilitado por muitos anos de vagabundagem. Contempla o passado e aquilo que poderia ter sido de si.


Autor: Hermann Hesse
Editor: Difel (2002)
Género: Romance
Páginas: 144
Original: Knulp (1915) 

opinião
★★★★☆
«Vivi a minha vida como me apeteceu e nunca me faltou liberdade e coisas belas, mas fiquei para sempre só.» (pág. 112); esta parece-me ser a frase que melhor resume este livro. Karl Knulp viveu a vida como bem lhe apeteceu, «falando a todos e conquistando-lhes os corações como se uma criança fosse, tendo sempre algo galante para dizer às raparigas e às mulheres e encarando cada dia como se fosse um domingo» (pág. 33). No entanto, embora estimado na juventude, por se manter um mero espectador da vida, Knulp acabou sozinho na doença e na velhice.
Gostei muito das reflexões a que Knulp nos conduz; ao observar o decorrer da sua vida não podemos deixar de pensar na nossa, no que fizemos com ela e se a estamos a viver, como se diz, «ao máximo». Knulp sempre seguiu o seu próprio caminho, livre, pouco ambicioso, indiferente à opinião dos outros. Poderia ter ido «mais longe» na sua viagem ou poderia ter perdido todo o encanto da jornada em busca de um propósito que, no final, se revelaria insatisfatório. 

Frases Preferidas (ISBN: 972-29-0600-3):
«Podemos assistir à estupidez das atitudes das pessoas, podemos até rir-nos delas ou lamentá-las, mas temos de deixar que cada um percorra o seu caminho.» - 53 
«Tudo é belo, desde que o vejamos na altura certa.» - 70 
«(…) entre duas pessoas, sejam elas tão unidas quanto se possa imaginar, existe sempre um fosso aberto em relação ao qual apenas o amor, e mesmo este só hora a hora, consegue fazer de ponte.» - 72 
«Cada pessoa tem a sua alma, que não pode ser confundida com nenhuma outra. Duas pessoas podem encontrar-se, podem conversar e ser bastante próximas, mas as suas almas são como flores, cada uma com raízes em lugares diferentes, e nenhuma delas pode ir ao encontro da outra, caso contrário teria de abandonar as suas raízes e isso é algo que não conseguem fazer.» - 82 
«Um pai pode legar ao seu filho o nariz e os olhos, até mesmo a inteligência, mas jamais a alma. Essa é sempre nova em cada indivíduo.» - 83




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