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3 O Quinto Evangelho | opinião


Uma semana antes da inauguração de uma exposição de arte nos museus do Vaticano, Ugo Nogara, o curador responsável, é encontrado morto em Castel Gandolfo. A polícia papal não consegue descobrir o autor do crime, e o padre Alex Andreou, amigo do curador assassinado, decide investigar por conta própria. Para encontrar o homicida, tem de desvendar o segredo do curador – a verdade dos evangelhos acerca da relíquia sagrada mais controversa e misteriosa do Cristianismo. Porém, quando começa a compreender os contornos da morte de Ugo Nogara, e as suas consequências para o futuro das Igrejas Católica e Ortodoxa, o padre Alex apercebe-se de que também corre perigo.

Este thriller arrebatador, baseado numa profunda investigação histórica e bíblica, dá-nos a conhecer os meandros da Santa Sé.


Autor: Ian Caldwell
Editor: Editorial Presença (Abril, 2016) 
Género: Thriller
Páginas: 504
Original: The Fifth Gospel (2014) 



opinião
★★★★✰
"O que o meu irmão está a fazer neste momento é um ato de bondade cristã. (...) Acredita no fundo do seu coração que está a fazer isto para o bem de outra pessoa. Não sei quem. Não sei porquê. Mas sei que tenho de o impedir." - p. 196

Sendo a compreensão da Bíblia ainda imperfeita, o autor de O Quinto Evangelho aponta-nos as discordâncias entre os Evangelhos; compilados décadas depois, os relatos de Mateus e Lucas são versões editadas do Evangelho de Marcos, com acrescentos e supressões. Enquanto estes três evangelhos são históricos, o evangelho de João - o último a ser escrito - é teológico e filosófico, remodelando a personagem de Jesus.

O Quinto Evangelho - o Diatéssaron - reúne estes quatro evangelhos, compilando-os numa única história. E é este livro que Ugo está a usar para ajudar a comprovar a autenticidade do Santo Sudário - ou descartá-la de uma vez por todas - quando aparece morto a tiro em Castel Gandolfo. A pouco tempo da inauguração da exposição no Vaticano que revelaria as conclusões do seu trabalho, a morte de Ugo ganha contornos ainda mais misteriosos.

Estranhamente, poucos dos elementos que resumi acima conseguiram despertar o meu interesse. Quero com isto dizer que não achei a trama válida a 100%, pareceu-me uma história bastante simples que o autor complicou para poder ter enredo para o livro. Embora normalmente fique muito entusiasmada em relação a pormenores históricos, neste caso, a história do Sudário e o seu percurso não me cativou por aí além. Não é habitual um thriller ter um desenvolvimento tão lento e pouquíssimos pontos de tensão, o que pode resultar em aborrecimento para os leitores que gostam mais de acção/suspense e que se deixaram influenciar pelo que diz na capa: obrigatório para os fãs de Dan Brown; frase com a qual, já agora, eu discordo completamente!

Do que gostei mesmo foi das descrições da vida dentro do Vaticano, oferecendo um ponto de vista muito diferente do meu como simples visitante. Acompanhamos bem de perto um padre católico ortodoxo - Alex - e, nesse sentido, pareceu-me que a narrativa na 1ª pessoa funciona muito bem neste livro. Gostei da voz de Alex; é fácil simpatizar com este pai solteiro cujo casamento falhado ainda atormenta e que se esforça por criar o filho sozinho num cenário tão pouco habitual. Além disso, a intriga religiosa é abordada por um homem de fé que defende a sua crença sem ignorar os erros da instituição que representa e não por (mais) um ateu com revelações com potencial para revolucionar o mundo (...e que costuma tornar os thrillers religiosos tão atractivos...) traz singularidade ao livro. Também gostei de saber mais sobre os trâmites do direito canónico.

Portanto, como disse, embora a intriga e especulação que serve de base a O Quinto Evangelho não me tenha interessado como penso que era suposto, mantive até ao fim curiosidade para descobrir a identidade do assassino de Ugo e os seus motivos; gostei do narrador, da sua luta e impasse entre família e religião; gostei dos detalhes religiosos e dos pormenores sobre a vida dentro do país mais pequeno do Mundo.
"Acabou-se. A odisseia de ser irmão dele. O medo do destino. A dívida por pagar. A dúvida sobre aquilo para que fomos feitos. Amanhã acaba tudo.
Foi para isto que fomos feitos" - p. 453

Frases preferidas:
"Por vezes, os homens bons não conseguem perdoar-se a si próprios" - p. 11 
"Os piores erros podem ser perdoados, mas não podem ser desfeitos" - p. 11 
"Para descobrirem a verdade, têm de aprender a procurá-la." - p. 236 
"O mundo dos livros é um sítio alegre para se habitar" - p. 501 [agradecimentos]

Chris Carter é co-autor de A Regra de Quatro >>>







Caldwell recebeu uma das distinções mais prestigiadas do universo académico norte-americano, o Phi Beta Kappa, em História, pela Universidade de Princeton. "A Regra de Quatro" é a sua estreia literária.



3 comentários:

  1. Adorei este thriller. Não conhecia o autor e, por isso, fui um pouco ao acaso. Mas gostei imenso!

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  2. Nomeie-te para o Sunshine Blogger Award :) http://amarelopalido.blogspot.pt/2016/05/the-sunshine-blogger-award.html

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