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0 O Despertar do Mundo + Opinião

  Em 1945, enquanto o mundo celebra a vitória sobre o exército nazi, a Alemanha derrotada é dividida. De um lado, a União Soviética. Do outro, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França. 
  A Guerra Fria está prestes a começar. Em Hamburgo, grupos de crianças esfomeadas vasculham os destroços em busca de alimentos, famílias desalojadas lutam por abrigos imundos. É nesta cidade arruinada que o coronel Lewis Morgan é encarregado de repor a paz. 
  O governo inglês requisita uma casa para o acolher a ele e à família. Aos proprietários da mansão resta a indigência. É então que o coronel propõe uma solução inédita: a partilha do espaço. Mas ao contrário do que coronel espera, este pacto vai ser explosivo. A sua mulher, Rachel, vive fechada em si própria. O filho de ambos, Edmund, debate-se com uma solidão extrema. A alemã Freda é a adolescente rebelde, filha de Herr Lubert, um homem de elite inconformado com a submissão que lhe é imposta. 
  Entre segredos e traições, a vida na casa é uma bomba-relógio que uma paixão proibida ameaça ativar.. 
  Baseado no extraordinário ato de bondade do avô do autor, O Despertar do Mundo pinta um retrato único da guerra vista do lado dos perdedores.

Autor: Rhidian Brook [site oficial] [facebook]
Editor: Asa (Fevereiro, 2014)
Género: Romance
Páginas: 328
Original: The Aftermath (2013)

Opinião
My rating: 4 of 5 stars

O Despertar do Mundo leva-nos até à devastada Alemanha de 1945, um ano após o final da Segunda Guerra Mundial e bem perto da eclosão da Guerra Fria. O interessantíssimo período histórico já seria o suficiente para nos despertar a curiosidade, mas Rhidian Brook eleva a fasquia ao optar por contar a sua história através da rara perspectiva de quem perdeu…se é que houveram realmente vencedores...

Fraccionada em quatro zonas divididas pela França, Reino Unido, Rússia e EUA, a Alemanha é vasculhada em busca de culpados pelo Holocausto numa sôfrega ânsia por justiça que arrasta consigo um comportamento severamente injusto - famílias desfeitas, sem casa, comida ou trabalho continuam a sofrer, vítimas de rejeição e desconfiança por parte do resto do mundo.

Em Hamburgo, cidade a cargo dos ingleses, o coronel Lewis foi encarregado de repor a paz; um dos primeiros passos é chamar a família - o filho Edmund e a esposa Rachel - para morar consigo na Alemanha, dividindo uma casa com o que sobrou de uma outra família alemã - Lubert e a sua filha Freda…E é com este pequeno conjunto de personagens, actuando individualmente e, por vezes, egoisticamente, de acordo com as suas necessidades e traumas pessoais, que Brook construiu uma narrativa bastante abrangente e cheia de acontecimentos:

- A jovem Freda vive a sua primeira paixão enquanto luta para ultrapassar a perda da mãe. Revoltada contra os invasores do seu país, Freda arrisca-se a cair nas mãos erradas;
- Rachel é uma sombra da mulher que foi no passado após a perda do seu filho mais velho para a guerra, mantendo um casamento que definha a cada dia que passa. O preconceito em relação aos alemães impedem-na de ver a qualidade da dedicação e inovação que o marido aplica no seu trabalho;
- Edmund sofre pela falta de atenção dos pais, perigosamente solitário num país desconhecido, entre a inocência da infância e a emancipação da adolescência;
- Lewis tenta contrariar as consequências negativas do controlo estrangeiro sobre a Alemanha sendo muitas vezes mal interpretado. Com a pressão do seu trabalho, uma mulher distante e um casamento onde não há comunicação, Lewis afasta-se cada vez mais do seio familiar;
- Lubert sofre com a perda da mulher enquanto tenta lidar com uma filha revoltada, a perda da sua casa, do seu emprego e as fracas perspectivas para o futuro; 


Assim, O Despertar do Mundo não é apenas sobre a reconstrução de um país mas também sobre a reconstrução familiar e individual que ocorreu após a guerra à medida que as pessoas começavam a aprender a viver com o que restou, enquanto o mundo despertava colectivamente de seis anos de horror.

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