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Umberto Eco
Umberto Eco nasceu no ano de 1932 em Alessandria, Piemonte. Revelando extrema precocidade, aos 22 anos de idade Eco doutorava-se pela Universidae de Turim.
Entre 1954 e 1959, Umberto Eco foi editor cultural na cadeia de televisão italiana RAI, leccionando simultaneamente em Turim, Milão e Florença e aos 39 anos, foi nomeado professor catedrático de Semiótica.
Foi no final da década de 50 que começou a escrever para diversos periódicos. Estes artigos viriam a ser reunidos em Diário Minimo, Il Costume di Casa, Dalla Periferia Dell'Impero e Il Secondo Diario Minimo. Eco dedicou-se também à publicação de diversos estudos académicos e em 1980 publicou o seu primeiro romance: O Nome da Rosa, um clássico da literatura mundial.
Livros de Umberto Eco:
A Passo de Caranguejo
Num livro actualíssimo, reúnem-se ensaios de Umberto Eco que nos mostram o retrocesso global a que assistimos: o regresso do choque entre islão e cristandade e do medo do «perigo amarelo», a reinvenção da rádio com o iPod, o ressurgimento do criacionismo e tantas outras ocorrências que nos transportam ao último milénio. Um livro corajoso que nos obrigará a olhar de frente e, espera-se, a andar em frente.
«Depois da queda do Muro de Berlim, a geografia política da Europa e da Ásia mudou radicalmente, tornando-se claro que estávamos a andar para trás. Os editores de atlas viram-se forçados a [...] inspirar-se nos velhos modelos anteriores a 1914, com a sua Sérvia, o seu Montenegro, os seus Estados Bálticos e assim por diante.
Mas a história da nossa involução não fica por aqui, e este início do terceiro milénio tem sido pródigo em passos de caranguejo.
Vejamos alguns exemplos: após cinquenta anos de Guerra Fria, o Afeganistão e o Iraque abriram as portas ao regresso triunfal da guerra combatida, ou guerra quente, com o reaparecimento dos memoráveis ataques dos «astutos afegãos» do século XIX no Passo Khaibar.
Com o choque entre o islão e o cristianismo, assistimos também ao aparecimento de uma nova temporada das Cruzadas, [...]. Reemergiram os fundamentalismos cristãos que julgávamos existirem apenas nas crónicas do século XIX, com o retomar da polémica antidarwiniana, e ressurgiu (ainda que na forma demográfica e económica) o fantasma do Perigo Amarelo.»
Editor: Gradiva Publicações (2012)
Género: Ensaio
Páginas: 492
O Nome da Rosa
Esta nova tradução portuguesa de O Nome da Rosa é a primeira edição mundial da versão revista pelo autor.
Um estudioso descobre casualmente a tradução francesa de um manuscrito do século XIV: o autor é um monge beneditino alemão, Adso de Melk, que narra, já em idade avançada, uma perturbante aventura da sua adolescência, vivida ao lado de um franciscano inglês, Guilherme de Baskerville.
Estamos em 1327. Numa abadia beneditina reúnem-se os teólogos de João XXII e os do Imperador. O objecto da discussão é a pregação dos Franciscanos, que chamam a igreja à pobreza evangélica e, implicitamente, à renúncia ao poder temporal.
Guilherme de Baskerville, tendo chegado com Adso pouco antes das duas delegações, encontra-se subitamente envolvido numa verdadeira história policial. Um monge morreu misteriosamente, mas este é apenas o primeiro dos sete cadáveres que irão transtornar a comunidade durante sete dias. Guilherme recebe o encargo de investigar esses prováveis crimes. O encontro entre os teólogos fracassa, mas não a investigação do nosso Sherlock Holmes da Idade Média, atento decifrador de sinais, que através de uma série de descobertas extraordinárias, conseguira no final encontrar o culpado nos labirintos da Biblioteca.
Editor: Gradiva Publicações (2011)
Género: Romance
Páginas: 616
Confissões de um Jovem Escritor
O brilhante escritor italiano leva-nos numa viagem aos bastidores do seu método criativo e recorda como arquitetou os seus mundos imaginários: partindo de imagens específicas, fez sucessivas escolhas ao nível da época, da localização e da caracterização do narrador - o resultado foram histórias inesquecíveis para todos os leitores. De forma alternadamente divertida e séria, mas brilhante como sempre, Umberto Eco explora a fronteira entre a ficção e a não-ficção, afirmando que a primeira deve assentar num intricado enredo que requer ao escritor a construção, através da observação e da pesquisa, de todo um universo até ao mais ínfimo pormenor. Por fim, revela ao leitor um precioso trunfo que permite vislumbrar o infinito e alcançar o impossível.
Umberto Eco tinha quase 50 anos de idade quando a sua primeira obra de ficção, O Nome da Rosa, o catapultou para a fama mundial e se tornou um clássico moderno. Nestas "confissões", o agora octogenário faz uma retrospetiva da sua carreira, cruzando o seu percurso como teórico da linguagem com a veia romancista que descobriu mais tarde na vida.
Este "jovem escritor" é, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras.
Editor: Livros Horizonte (2011)
Género: Memória
Páginas: 160
Arte e Beleza na Estética Medieval
Da autoria de um dos mais importantes ensaístas contemporâneos, uma obra que resume as principais teorias estéticas produzidas durante a Idade Média justapondo-as à teologia e à ciência, à poesia e ao misticismo, e explorando a relação existente entre as mesmas e a prática cultural deste período histórico. Um ensaio fundamental para a a compreensão da mentalidade, dos gostos e da maneira de encarar o mundo e a vida do homem medieval. Uma obra agora reeditada na colecção Universidade Hoje.
Editor: Editorial Presença (2011)
Género: Arte
Páginas: 204
Construir o Inimigo
O título desta recolha deveria ter sido o seu subtítulo, ou seja, «Escritos Ocasionais». Mas a justa preocupação do editor de que um título tão ostensivamente modesto pudesse não atrair a atenção do leitor levou à escolha do título do primeiro dos ensaios que a constituem.
A principal virtude de um escrito ocasional reside do facto de o autor, desafiado pelo convite para participar numa série de palestras ou ensaios temáticos, se ocupar de um assunto sobre o qual não pensara debruçar-se, sendo sido assim induzido a reflectir sobre algo que, de outro modo, teria transcurado.
Eis então aqui uma série de variações, ora empenhadas ora divertidas, sobre temas como o Absoluto, o Fogo, o porquê de chorarmos a sorte de Anna Karenina, as astronomias imaginárias, os tesouros das catedrais, as Ilhas Perdidas, Victor Hugo e seus excessos, o mecanismo do reconhecimento no folhetim, a ventura ou desventura de Joyce na época fascista, entre outros.
Não é, todavia, casual que o título escolhido para a colectânea seja o desse primeiro ensaio, uma vez que o autor se dedicou ao tema da construção do inimigo no seu último romance, O Cemitério de Praga, e este mecanismo perverso permanece actual, pois «para manter o povo sob controlo é necessário inventar constantemente inimigos, e pintá-los de maneira a inspirarem medo e repugnância».
Durante o século XIX, entre Turim, Palermo e Paris, encontramos uma satanista histérica, um abade que morre duas vezes, alguns cadáveres num esgoto parisiense, um garibaldino que se chamava Ippolito Nievo, desaparecido no mar nas proximidades do Stromboli, o falso bordereau de Dreyfus para a embaixada alemã, a disseminação gradual daquela falsificação conhecida como Os Protocolos dos Sábios de Sião (que inspirará a Hitler os campos de extermínio), jesuítas que tramam contra maçons, maçons, carbonários e mazzinianos que estrangulam padres com as suas próprias tripas, um Garibaldi artrítico com as pernas tortas, os planos dos serviços secretos piemonteses, franceses, prussianos e russos, os massacres numa Paris da Comuna em que se comem os ratos, golpes de punhal, horrendas e fétidas reuniões por parte de criminosos que entre os vapores do absinto planeiam explosões e revoltas de rua, barbas falsas, falsos notários, testamentos enganosos, irmandades diabólicas e missas negras. Óptimo material para um romance-folhetim de estilo oitocentista, para mais, ilustrado com os feuilletons daquela época. Há aqui do que contentar o pior dos leitores. Salvo um pormenor. Excepto o protagonista, todos os outros personagens deste romance existiram realmente e fizeram aquilo que fizeram. E até o protagonista faz coisas que foram verdadeiramente feitas, salvo que faz muitas que provavelmente tiveram autores diferentes. Mas quando alguém se movimenta entre serviços secretos, agentes duplos, oficiais traidores e eclesiásticos pecadores, tudo pode acontecer. Até o único personagem inventado desta história ser o mais verdadeiro de todos, e se assemelhar muitíssimo a outros que estão ainda entre nós. Um romance fantástico, de um autor que uma vez mais mostra saber como nenhum outro combinar erudição, humor e reflexão.
Editor: Gradiva Publicações (2011)
Género: Romance
Páginas: 572
A Vertigem das Listas
Na Ilíada aparecem dois modos de representação. O primeiro depara-se-nos quando Homero descreve o escudo de Aquiles: é uma forma acabada e concluída, na qual Hefesto representou tudo aquilo que ele sabia e que nós sabemos acerca de uma cidade, do seu território, das suas guerras, dos seus ritos pacíficos. O outro modo manifesta-se quando o poeta não consegue dizer quem ou quantos eram todos os guerreiros Aqueus: pede auxílio às musas, mas tem de se limitar ao assim chamado e enorme, catálogo dos navios, que se conclui idealmente com um et caetera. Este segundo modo de representação é a lista ou o elenco. Há listas que têm fins práticos e são finitas, como a lista de todos os livros de uma biblioteca; mas há outras que querem sugerir grandezas inumeráveis e que nos fazem sentir a vertigem do infinito.
Como este livro e a antologia que contém demonstram, a história da literatura de todos os tempos é infinitamente rica em listas, de Hesíodo a Joyce, de Ezequiel a Gadda. São, frequentemente, elencos redigidos pelo gosto da enumeração propriamente dita, pela musicalidade do elenco ou ainda pelo prazer vertiginoso de reunir elementos sem relações específicas entre os mesmos, como acontece nas assim denominadas enumerações caóticas.
Mas este livro não se limita a partir à descoberta de uma forma literária raramente analisada; também demonstra como as artes figurativas são capazes de sugerir elencos infinitos, mesmo quando a representação parece severamente limitada pela moldura do quadro. Sendo assim, o leitor irá encontrar nestas páginas uma lista de imagens que nos fazem sentir a vertigem do infinito.
Editor: Difel (2009)
Género: Ensaio
Páginas: 408
História da Beleza
Embora Ilustrada com mais de 600 imagens de obras-primas de todos os tempos, este livro não é exactamente uma história da arte. As imagens, bem como uma vasta antologia de textos, de Pitágoras aos nossos dias, servem para reconstituir as várias ideias de Beleza que se manifestaram e foram objecto de discussão desde a Grécia Antiga até hoje.
Em 17 capítulos profusamente ilustrados, Umberto Eco reflecte sobre as diversas transformações do conceito de Beleza e os mecanismos que elegeram as diversas tendências do gosto ao longo dos tempos.
Tanto no estilo como no aspecto gráfico, «História da Beleza» foi concebido para um público vasto e diversificado, constituindo uma síntese inédita e multidisciplinar que inclui não só as artes visuais, a arquitectura e o design, mas também a música, a literatura, a dança, entre muitas outras manifestações artísticas.
Competirá aos leitores, ao percorrer as páginas deste livro, decidir se a ideia de Beleza, através de uma tão grande diversidade de representações, terá mantido algumas características constantes. De qualquer modo, constituirá uma aventura intelectual apaixonante e emotiva.
A Obsessão do Fogo
De um encontro em Paris de Umberto Eco, um dos mais respeitados pensadores e romancistas da actualidade, com o cineasta e ensaísta Jean-Claude Carriére, nasce um extraordinário e contemporâneo diálogo em torno do papel dos livros no decurso da História.
Em «A Obsessão do Fogo», somos levados a percorrer mais de dois mil anos de histórias sobre livros, seguindo uma discussão erudita e divertida, culta e pessoal, filosófica e anedótica, curiosa e apetecível, plena de ironia, astúcia e referências culturais. Atravessamos tempos e lugares diversos; encontramos personalidades reais e personagens fictícias; deparamo-nos com elogio à estupidez, bem como com a análise da paixão pelo coleccionismo; e compreendemos a razão pela qual cada época gera as suas obras-primas. Para além disso, ficamos ainda a saber por que motivo "as galinhas levaram mais de um século para aprender a não atravessar a estrada" e porque é que "o nosso conhecimento do passado deve-se a cretinos, imbecis ou contraditores".
Com a inteligência e o humor que lhes são reconhecidos, Eco e Carriere encetam uma viagem pela história dos livros e da literatura no geral, desde os papiros até à era digital da Internet e dos e-books. Um notável exercício de erudição de dois leitores apaixonados e coleccionadores de livros, uma espécie cada vez mais escassa numa era de obstinação pelo progresso tecnológico.
Obra Aberta
A literatura experimental, a pintura informal, a arte cinética, a música serial, James Joyce, as estruturas temporais da filmagem televisiva directa, o novo romance e o filme depois de Antonioni e Godard, as aplicações da teoria da informação à estética: de uma série de perspectivas diferentes emerge uma visão da arte contemporânea e dos modelos cognoscitivos que ela propõe, oferecendo-se como uma espécie de «metáfora epistemológica» que avança, com meios independentes, para uma definição do mundo afim da que é dada pelas novas metodologias científicas.
Aparecido no início dos anos sessenta, este livro agita, ainda hoje, as polémicas culturais, ao propor uma aproximação estética não tradicionalmente «humanística», baseada numa dialéctica contida entre os temas crítico-filosóficos e os científicos.
A Obra Aberta continua a ser um ponto de referência para uma discussão sobre as técnicas linguísticas e sobre o papel ideológico das vantagens artísticas da actualidade, desde as vanguardas «históricas» até à «nova vanguarda» de que é a suma teórica mais provocatória e ao mesmo tempo mais amplamente crítica.
Acompanham esta nova edição - uma excelente introdução ao pensamento de Eco - todos os prefácios e posfácios do autor, além de um florilégio crítico: a história de como foi recusado ou acolhido este livro de ruptura, este verdadeiro tratado de estética moderna.
Editor: Difel (2009)
Género: Ensaio
Páginas: 324
Diário Mínimo
Os «Diários mínimos», alguns dos quais, como «Fenomenologia de Mike Bongiorno», «Elogio de Franti», ou «Fragmentos» se tornaram, entretanto, clássicos no seu género e foram adaptados a números de café-concerto ou recolhidos em antologias escolares, surgiram nos anos sessenta em revistas italianas, inicialmente, eram breves histórias de costumes; mais tarde começaram a definir-se como paródias literárias, exercícios de exploração do mundo «de pernas para o ar»: Manzoni lido como se fosse Joyce, Nabokov a escrever um romance sobre um jovem que só é capaz de se apaixonar por septuagenárias, um «nouveau roman» da autoria de um gato, Milão estudada por um antropólogo da Melanésia, a Grécia de Péricles analisada como sociedade de massas por um crítico os apocalíptico, etc.
Na edição italiana, de 1983, a partir da qual foi feita a tradução que agora se publica, Umberto Eco eliminou certas crónicas de costumes excessivamente datadas e enriqueceu a secção de paródias literárias e «pastiches» com textos publicados ao longo dos últimos anos: as obras-primas do erotismo, apresentadas como livros para a «biblioteca das raparigas», os grandes textos da história da literatura avaliados por um leitor de manuscritos de uma editora contemporânea, entre outros.
Umberto Eco procurou sempre apresentar estes seus textos como «divertimentos» improvisados sem grande convicção, mas pouco a pouco começou a considerá-los exercícios empenhados uma vez que também a paródia pode ser uma forma de conhecimento.
A chave desta poética do «pastiche» podemos encontrá-la no «Elogio de Franti» onde se fala do Riso como de uma prova real: perante ela, o que é já caduco, cai de vez. Por vezes uma antecipação profética de discursos que os outros farão, anos mais tarde, mas desta vez a sério.
E assim a paródia cultural é justiceira - simultaneamente veneno e antídoto, talvez um dever intelectual de peso e responsabilidade.
Editor: Difel (2008)
Género: Ensaio
Páginas: 180
Segundo Diário Mínimo
Em 1963 publicava-se Diário Mínimo, uma colectânea de divertissements e paródias literárias, que desde então foi regularmente reeditada e apresta-se a já conta com mais de quarenta anos de afortunada e constante presença nas livrarias e à cabeceira de pelo menos três gerações de leitores. Porém, até aos dias de hoje, Umberto Eco não parou de elaborar outros «diários mínimos», publicando alguns aqui e acolá e confiando outros só à tradição oral (como aconteceu com algumas chansons à boire filosóficas).
Aqui temos então, nesta nova colectânea, alguns textos já célebres, outros ainda desconhecidos e outros ainda reeditados «a pedido geral», como aquele livrinho de história da filosofia em versos (Filósofos em Liberdade) que se tornara já uma peça de alfarrabista. Para a ocasião o autor seleccionou também Le bustine di Minerva mais divertidas, publicadas no semanário L’ Espresso de 1986 até hoje.
De seguida temos a análise literária de «Três Corujas no Tremó», os textos da Cacopedia, a entrevista com Pietro Micca, a inflamada história galáctica de «Estrelas e Estrelinhas», um inédito de Dante sobre Saussure, Proust, Mann e Joyce trocados por miúdos, o Hino Sagrado sobre a Gnose de Manzoni, as aventuras de PP2, um diálogo entre computadoristas babilónicos de há sete mil anos e uma série de «Instruções para o Uso» em que se explica como abrir um embrulho, como ter férias inteligentes, como comportar-se com os Bonga, como comer no avião, como viajar com um salmão, como não dizer «exacto», como interagir com um taxista, o que fazer quando se perdeu a carta de condução, além de uma secção de jogos verbais, lipogramas, anagramas e pangramas... Tudo para ler em voz alta com os amigos, para apreciar em silêncio, para usar experimentando variações pessoais.
O fio condutor de todos os textos – que renovarão o prazer dos fiéis dos primeiros «diários mínimos», mas também conquistarão e deliciarão os que os ignoravam – é o de um aparente «deixem-me divertir» que porém deixa transparecer sempre uma irónica indignação sobre episódios do costume nacional, um afectuoso à vontade com os temas culturais que outros tinham sabido tornar impérvios e um constante sentimento da linguagem como terreno de jogo.
Editor: Difel (2008)
Género: Ensaio
Páginas: 400
História do Feio
Perguntai a um sapo o que é a beleza, o verdadeiro belo. Responder-vos-á que consiste na sua mulher, com os seus belos olhos redondos que se projectam para fora da pequena cabeça, o pescoço grosso e achatado, o ventre verde e as costas castanhas. Interrogai o diabo: dir-vos-á que o belo é um par de cornos, quatro patas com garras e um rabo.
In Introdução
História do Feio vem na sequência do anterior - História da Beleza. Aparentemente, beleza e fealdade são conceitos que mutuamente se exigem: habitualmente entende-se a fealdade como o oposto da beleza, de modo que bastaria definir a primeira para se saber o que é a outra. Mas as diversas manifestações do feio através dos séculos são mais ricas e imprevisíveis do que comummente se julga. Por isso, não só os textos antológicos, mas também as ilustrações extraordinárias deste livro, levam-nos a percorrer um itinerário surpreendente entre pesadelos, terrores e amores de quase trinta mil anos, onde os actos de repulsa caminham de mãos dadas com comoventes movimentos de paixão, e a rejeição da deformidade é acompanhada de êxtases decadentes que, as mais das vezes, são violações sedutoras de todos os cânones clássicos.
Entre demónios, loucos, inimigos horríveis e presenças perturbantes, entre abismos revoltantes e deformidades que atingem o sublime, freaks e mortos-vivos, descobre-se uma veia iconográfica vastíssima e, muitas vezes, inimaginável. Assim, ao longo deste livro, vamos encontrando feio de natureza, feio espiritual, assimetria, desarmonia, desfiguração, numa sequência de mesquinho, débil, vil, banal, casual, arbitrário, grosseiro, repugnante, desajeitado, horrendo, sensaborão, nauseabundo, criminoso, espectral, bruxo, satânico, repelente, desagradável, grotesco, abominável, odioso, indecente, imundo, porco, obsceno, pavoroso, abjecto, monstruoso, horripilante, medonho, terrível, terrificante, tremendo, repulsivo, nojento, nauseabundo, fétido, ignóbil, desgraçado, sem graça nenhuma nem decência.
O primeiro editor estrangeiro que viu esta obra exclamou: «Como é bela a fealdade!»
Editor: Difel (2007)
Género: História
Páginas: 456
Como se Faz Uma Tese em Ciências Humanas
Na presente obra, dirigida a todos os estudantes "em situação difícil, consequência de discriminações remotas ou recentes", Umberto Eco expõe o que se entende por tese, como escolher o tema e organizar o tempo de trabalho, como organizar o material seleccionado e, finalmente, como dispor a redacção do trabalho. E sugere que se aproveite "a ocasião da tese para recuperar o sentido positivo e progressivo do estudo, entendido como aquisição de uma capacidade para identificar os problemas, encará-los com método e expô-los segundo certas técnicas de comunicação". Um livro sempre actual e indispensável, que integra a colecção «Universidade Hoje».
Editor: Editorial Presença (2007)
Género: Ensino Técnico
Páginas: 240
Baudolino
Na zona do baixo Piemonte onde, anos depois, virá a surgir Alexandria, Baudolino, um pequeno camponês fantasioso e aldrabão, conquista o imperador Frederico Barbarroxa e torna-se seu filho adoptivo. Baudolino vai fabulando e inventando mas, quase por milagre, tudo o que imagina produz História. Assim, entre outras coisas, constrói a mítica epístola do Prestes João, que prometia ao Ocidente um reino fabuloso, no longínquo Oriente, governado por um rei cristão, que abalou a fantasia de muitos viajantes sucessivos, incluindo Marco Polo…
…A história de um crime impossível, um conto fantástico, teatro de invenções linguísticas hilariantes, este livro celebra a força do mito e da utopia…
Editor: Difel (2005)
Género: Romance
Páginas: 472
A Ilha do Dia Antes
No Verão de 1643 um jovem fidalgo piemontês, Roberto de la Grive, naufraga nos mares do Sul, indo dar a uma ilha deserta. À sua frente uma ilha que não pode alcançar. Em volta, um ambiente aparentemente acolhedor, rico de maravilhas mas também de inexplicáveis ciladas.
Vive "barrocamente" a sua aventura solitária, toda assente na memória (de paixões insatisfeitas, duelos, assédios e tramas de espionagem à sombra de dois cardeais) e na espera de aportar a uma Ilha que não só está afastada no espaço, mas também no tempo.
Neste Mar da Inocência nada é inocente; e ele sabe-o desde o princípio porque chegou a estes antípodas (onde os homens deveriam andar de pernas para o ar) para tentar (sem o desejar) resolver um mistério: o segredo do Ponto Fixo.
Editor: Difel (2005)
Género: Romance
Páginas: 472
Dizer Quase a Mesma Coisa - Sobre a Tradução
Este livro nasce de uma série de conferências e seminários sobre a tradução, realizados nos últimos anos, em Toronto, em Oxford e na Universidade de Bolonha.
O que aqui se propõe não é elaborar uma teoria geral sobre a tradução, mas sim falar de problemas teóricos, partindo da experiência prática que o autor adquiriu ao longo dos anos como revisor de traduções, como tradutor e como autor traduzido que colaborou com os tradutores das suas próprias obras.
É um livro composto por exemplos, um mosaico de citações cuja questão central é naturalmente debater o significado do verbo traduzir e cuja resposta é: traduzir significa "dizer quase a mesma coisa".
Editor: Difel (2005)
Género: Ensaio
Páginas: 379
A Misteriosa Chama da Rainha Loana
Yambo, um abastado alfarrabista de Milão na casa dos sessenta, perdeu a memória após um AVC - lembra-se do enredo de cada livro que leu, de cada linha de poesia, mas não se lembra do próprio nome, não reconhece as próprias filhas ou qualquer momento da sua infância ou da sua família.
Numa tentativa de recuperação de si próprio, Yambo aceita a sugestão da mulher de voltar à casa de campo da sua infância, onde descobre livros, álbuns de banda desenhada, revistas, discos de outros tempos, religiosamente guardados pelo avô já falecido, e começa uma viagem em busca do tempo perdido, povoado de imagens e personagens ora fictícios, ora reais, mas todos importantes para a redescoberta de si próprio.
Assim, Yambo acaba por reviver a história da sua vida: de Mussolini à educação católica, de Josephine Baker a Flash Gordon ou Fred Astaire. As suas memórias vão surgindo ininterruptamente, e a sua própria vida vai surgindo diante dos seus olhos como uma banda desenhada. Nesta luta para recuperar a memória, Yambo só procura uma única e simples imagem: a imagem do seu primeiro amor.
"A Misteriosa Chama da Rainha Loana" é um fascinante, nostálgico, divertido e profundamente emocionante novo romance, do incomparável Umberto Eco.
Editor: Difel (2005)
Género: Romance
Páginas: 424
O Pêndulo de Foucault
Nos nossos dias, três redactores editoriais italianos, cansados da rotina, são levados pela curiosidade e sede de cultura a retomar a curiosa história de um segredo dos Templários. Um segredo que os Cavaleiros teriam ocultado no momento da extinção da ordem e da condenação à morte dos seus dirigentes em 1312. A descoberta de um “Plano” centenário para dominar o mundo vai levar os três homens muito longe na procura da verdade.
Umberto Eco consegue assim, num mesmo livro, misturar romance histórico, aventura e mistério. O resultado é um inquietante relato que nos faz pensar: poderá ser verdade? Poderemos ser todos vítimas de uma enorme conspiração de proporções cósmicas?
Editor: Difel (2004)
Género: Romance
Páginas: 566
Os Limites da Interpretação
Estes ensaios viajam entre a crítica da tradição hermética, os alquimistas a Guénon, a exploração das interpretações mais incontroladas de Dante, Leopardi, ou Joyce, as confissões pessoais do autor como leitor dos intérpretes de O Nome da Rosa e de O Pêndulo de Foucault, até às situações limite em que, perante duas Giocondas, se trata de estabelecer qual é a autêntica. Os ensaios discutem os limites da interpretação, os casos de excessivo dispêndio de energia interpretativa, e os critérios de uma economia da literatura.
Ataque polémico a muitas (embora não todas) práticas de "desconstrução", o livro poderá ser entendido como uma inversão de marcha em relação a Obra Aberta em que, há trinta anos, se privilegiava provocatória e pioneiramente a recepção e a interpretação. Mas Obra Aberta já insistia numa dialética entre a iniciativa do intérprete e a fidelidade à obra, enquanto hoje se dá um crédito excessivo à liberdade incontrolada do intérprete. Trata-se, portanto, de restabelecer uma tensão entre a intenção do leitor e a intenção da obra (enquanto a intenção do autor permanece fantasmática e inatingível).
O princípio da semiose ilimitada (objecto das investigações de Eco do Tratado de Semiótica Geral aLector in Fabula e Semiótica e Filosofia da Linguagem) não é a celebração de uma deriva incontrolável do sentido, mas sim condições de acordos, embora provisórios e falíveis, por parte de uma comunidade de intérpretes que respeitam a coerência semântica de uma obra. Se as interpretações de um texto podem ser infinitas, isto não significa que todas sejam "boas". E se não se pode decidir quais são as "boas", contudo é possível dizer quais são as inaceitáveis.
Editor: Difel (2004)
Género: Ensaio
Páginas: 428
Sobre Literatura
Esta colectânea de escritos pode-se considerar uma natural continuação dos Seis Passeios nos Bosques da Ficção.
Com efeito, trata-se de discursos em geral dirigidos a um público bastante vasto e versam todos sobre as funções da literatura, sobre autores que Eco tem longamente frequentado, como Nerval, Joyce e Borges (mas também Aristóteles e Dante), sobre a influência de alguns textos mais ou menos literários sobre o desenrolar dos acontecimentos históricos, sobre problemas típicos do narrar, como a representação verbal do espaço, a ironia intertextual, a natureza dos mundos possíveis da ficção, e sobre alguns conceitos-chave da escrita «criativa», como o símbolo, o estilo, o «calço» (ou seja, os momentos aparentemente «mortos» e meramente funcionais no desenvolvimento de uma forma artística).
Em algumas destas intervenções, e especialmente na última («Como Escrevo»), Eco escolhe como exemplo e objecto de reflexão a sua própria actividade de ficcionista, mas até os ensaios em que não fala directamente de si não deixam de lançar luz sobre o seu modo de fazer literatura.
Escritos ocasionais, portanto, que revelam uma continuidade de interesses, um constante remontar às mesmas fontes de inspiração. Escritos que, mesmo quando se referem aos temas e problemas de uma semiótica da literatura, desenvolvem uma reflexão sem recurso a tecnicismos, fazendo surgir as ideias de uma apaixonante panóplia de exemplos concretos.
Editor: Difel (2003)
Género: Ensaio
Páginas: 348
A Biblioteca
«... Um dos mal-entendidos que dominam a noção de biblioteca é o facto de se pensar que se vai à biblioteca pedir um livro cujo título se conhece. Na verdade acontece muitas vezes ir-se à biblioteca porque se quer um livro cujo título se conhece, mas a principal função da biblioteca, pelo menos a função da biblioteca da minha casa ou da de qualquer amigo que possamos ir visitar, é de descobrir livros de cuja existência não se suspeitava e que, todavia, se revelam extremamente importantes para nós.
... A função ideal de uma biblioteca é de ser um pouco como a loja de um alfarrabista, algo onde se podem fazer verdadeiros achados e esta função só pode ser permitida por meio do livre acesso aos corredores das estantes.
... Se a biblioteca é, como pretende Borges, um modelo do Universo, tentemos transformá-la num universo à medida do homem e, volto a recordar, à medida do homem quer também dizer alegre, com a possibilidade de se tomar um café, com a possibilidade de dois estudantes numa tarde se sentarem numa maple e, não digo de se entregarem a um amplexo indecente, mas de consumarem parte do seu flirt na biblioteca, enquanto retiram ou voltam a pôr nas estantes alguns livros de interesse científico, isto é, uma biblioteca onde apeteça ir e que se vá transformando gradualmente numa grande máquina de tempos livres...».
Umberto Eco
Editor: Difel (2002)
Género: Ensaio
Páginas: 48
Semiótica e Filosofia da Linguagem
Como se orientar no labirinto secular, o da Biblioteca de Babel? A reflexão organiza-se em torno de uma série de termos clássicos (como signo, metáfora, símbolo, código, significado) que foram estudados quer pela filosofia da linguagem quer pela semiótica. A unidade do propósito é assegurada por duas teses principais: uma semiótica geral representa a forma contemporânea de uma filosofia das linguagens (e poderemos defender que muitos filósofos, de Aristóteles aos estóicos, de Santo Agostinho a Locke, de Leibniz a Husserl, fizeram semiótica, e da melhor); a actual crise deste campo teórico pode ser compreendida e ultrapassada através de uma reconstrução histórica. Um tema fundamental sustem todas as investigações: as teorias em forma de «dicionário» devem ser reconsideradas por uma semiótica em forma de «enciclopédia» e a noção de signo como equivalência pode ser substituída por uma representação do signo como inferência e sistema de instruções contextuais.
Editor: Instituto Piaget (2001)
Género: Filosofia
Páginas: 330
Entre a Mentira e a Ironia
Eco fala do grande charlatão Cagliostro “o eterno arquétipo do homem sem qualidades”, e passa para o “Os Noivos”, de Manzoni, realçando a prevalência do ponto de vista dos humildes, os quais, instintivamente, evitam “disfarçar” a realidade do modo como os poderosos o fazem.
Continua com uma explicação dos trabalhos e personalidade de Achille Campanile, finalizando com um breve ensaio intitulado “Geografia imperfetta di Corto Maltese”.
Eco diverte-se e diverte-nos identificando os locais onde a linguagem entra em curto-circuito e se contradiz a si própria, explodindo em ambiguidades e discrepâncias.
Editor: Difel(2000)
Páginas: 116
A Definição da Arte
Escritos entre 1955 e 1963, estes ensaios revelam a evolução temática que conduziu o autor às suas formulações posteriores, à noção de «obra aberta», à investigação sobre problemas de comunicação, que ainda se encontram no centro dos seus interesses.
Cinco Escritos Morais
Cinco curtos ensaios em que o autor, com o rigor a que sempre nos habituou, apresenta uma reflexão sobre algumas das questões mais candentes – e preocupantes – do nosso tempo, numa perspectiva de empenhada intervenção cívica na sociedade.
Estes ensaios, apesar da variedade dos temas, têm uma importante característica em comum e, como esclarece o próprio autor, «são de carácter ético, ou seja, dizem respeito ao que seria conveniente fazer-se, ao que não se deveria fazer e ao que não se pode fazer a pretexto algum».
O primeiro, Pensar a Guerra, é uma análise sobre as diferenças entre a guerra actual e as do passado e a necessidade de alterar a posição em relação a ela tomada pelos intelectuais como tradicional “consciência crítica “ da sociedade;
Fascismo Eterno, alerta para as formas que pode assumir hoje e por vezes sob uma aparência inócua, uma ideologia de tipo fascista;
Sobre a Imprensa, é um relatório em que denuncia o pântano em que parece atolar-se actualmente a informação escrita, que já não sendo o “quarto poder”, está inconscientemente dependente e a reboque de outros “media” mais sofisticados como a televisão;
em Quando Entra em Cena o Outro discute-se o livre arbítrio com base na questão de em que medida a crença na vida extra-terrena e eterna poderá condicionar o comportamento dos seres humanos?;
por último, Migrações, Tolerância e o Intolerável, é uma sequência de três textos em que são focados os problemas da expansão do racismo, da xenofobia e da intolerância.
Editor: Difel (1998)
Género: Ensaio
Páginas: 128
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