2 A Vida Secreta das Princesas Árabes
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4 estrelas,
Jean Sasson
«Quando o normal é proibido, as pessoas caem no anormal.»
E assim é.
Pessoalmente, nada tenho contra qualquer religião nem
tampouco me penso no direito de ter - mas condeno-as , a todas, quando colocam
em perigo ou precarizam tantas vidas.
Condeno-as quando as vejo incutir tanta maldade e perversão
num menino de nove anos (Ali - irmão de Sultana).
E ficam-me sempre estas questões: se não conseguem ouvir o
riso de uma mulher sem se sentirem sexualmente excitados, como é o caso dos
homens afegãos, ou olhar para a cara de uma mulher sem sentirem uma
primitividade animal . não estará o dito pecado neles próprios? Porque haveriam
as mulheres de ser as castigadas por tal?!
E quando homens permitem que o fervor religioso condene à
morte ou a uma vida de maus tratos e subserviência as suas irmãs, esposas e
filhas - não estará já cometido um pecado bem mais desumano?!
Na Arábia saudita, uma das nações mais ricas do mundo, cheia
de opulentas riquezas, o valor de uma mulher é muito baixo - o nascimento de
uma menina traz desgosto e vergonha para uma família e elas viverão apenas para
serem «ignoradas pelos seus pais, desprezadas pelos irmãos e maltratadas pelos
maridos». Não haverá registo do seu nascimento, tampouco da sua morte. Apenas
uma existência de clausura, direcionada para o conforto e conveniência dos
homens da sua vida.
Oprimidas pelas leis dos seus homens, estas mulheres não têm
sequer a possibilidade de recorrer contra as injustiças cometidas contra elas.
«A mera desconfiança de má conduta sexual, como um beijo, poderá decretar a
morte de uma jovem».
Mas até mesmo nesta realidade tão comparativamente distante
da nossa, há exceções. E a princesa Sultana é, certamente, uma delas!
Pertencente à sexta geração dos primeiros Emirados do Nadj,
Sultana relata-nos nesta compilação de três livros («Sultana - A vida de Uma
Princesa Árabe», «As Filhas da Princesa Sultana» e «Deserto Real») episódios
reveladores sobre a cultura e costumes do seu país, bem como vários crimes
(porque não há outro nome para estes atos) cometidos contra as mulheres, sob
uma perversa satisfação masculina.
A escravidão sexual, a prática de excisão, o esbanjamento
tresloucado de dinheiro que se observa em território saudita, a religião levada
aos extremos da insanidade, a agressividade e violência patente no povo saudita
são temas abordados por uma mulher corajosa e inteligente que, ainda que criada
no seio destes costumes e devota a esta mesma religião, manteve intacta a sua
humanidade e a capacidade de se sentir tão indignada quanto nós contra a
condição da mulher na fé islâmica.
Uma vez que são três livros escritos (e sobre) períodos
distintos, acompanhamos não só a vida e Sultana e da sua família ao longo de
vários anos mas também os poucos e preciosos avanços na mentalidade árabe, bem
como os marcantes conflitos políticos e confrontos armados.
As memórias de Sultana, de menina a mulher, mostram-nos que
uma mulher com a sua inteligência, ousadia e persistência pode, de facto, fazer
a diferença. Lamentavelmente, no segundo livro, Sultana perde um bocadinho do
seu afinco crítico e chega aparecer que tenta redimir-se de algumas coisas
proferidas no livro anterior, pondo um pouco de lado as críticas diretas e
recorrendo mais ao simples relato. Felizmente, no terceiro livro, Sultana
parece reencontrar-se.
Isto não é certamente elogio algum para a autora do livro,
Jean Sasson, mas a leitura deste compensa apenas pela história - pela sua chocante
veracidade. Na verdade, e não creio que sejam apenas problemas advindos da
tradução, a construção de frases chega a ser bastante pobre e, não fosse o
ritmo e familiaridade impostos por um relato na primeira pessoa, provavelmente,
seria um livro penoso de ler. Mas como falamos de um livro biográfico e não de
um romance, este aspeto pesou muito pouco na minha opinião.
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Frases Preferidas:
«Quanto mais proibições tiverem, menos virtuosas serão as pessoas» (Tao Te Ching).
«Só os nossos próprios olhos chorarão por nós.» (Provérbio árabe)
«A tua língua é o teu cavalo e, se o deixares à solta, atraiçoar-te-á.» (Provérbio árabe)
«Porque razão haveria eu de ferver água? - perguntei num tom de escárnio. - Continuaria a não passar de água.»
«Os árabes ou estão aos teus pés ou sobre a tua garganta.» (Provérbio árabe)
«Até que o meu dia chegue, ninguém poderá fazer-me mal; quando o meu dia chegar, ninguém poderá salvar-me.»
Sinopse:
![A Vida Secreta das Princesas Árabes A Vida Secreta das Princesas Árabes](http://2.bp.blogspot.com/-w4oDSrX71ZM/UFb_WadkIJI/AAAAAAAAKqI/71mB0iROpJw/s320/a+vida+secreta+das+princesas+%C3%A1rabes.jpg)
Quando aceitou contar a sua história à jornalista e escritora Jean Sasson, Sultana sabia que estava a pôr em risco a própria vida. Foi conscientemente que abdicou da sua segurança pessoal para denunciar o brutal quotidiano das mulheres sauditas. A sua voz dá-nos a conhecer um mundo no qual a sumptuosidade e a extravagância coexistem com a violência e a barbárie. A princesa partilha connosco a sua intimidade e a das mulheres que a rodeiam: as suas filhas, primas, amigas… mas, na sua franqueza e coragem, ela fala por todas as mulheres.
Este volume reúne os livros:
Sultana - A Vida de uma Princesa Árabe
As Filhas da Princesa Sultana
Autor: Jean Sasson
Editor: Edições ASA (2012)
Páginas: 624
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✏ Livros de Jean Sasson publicados em Portugal:
- Vítimas da Tradição (ASA, 2015)
- A Escolha de Yasmeena (ASA, 2014)
- A Vida Secreta das Princesas Árabes (ASA, 2012);
- A Minha Vida com Osama Bin Laden (ASA, 2010)
- Amor em Terra de Chamas (ASA, 2010)
- O Filho de Ester (ASA, 2006)
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E incrivél que em 2014 uma mulher não tenha bilhete de identidade....
ResponderExcluirE um ser Humano.....
Como pode,Mulher ser tao rebaixada.
ResponderExcluirMulheres tem mesmo direito de ir e vir.ela tem o mesmo direito de ser uma simple dona de casa ou ser presidente.