0 O Som e a Fúria | Opinião
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Opinião,
William Faulkner
William Faulkner afirmou muitas vezes que O Som e a Fúria era o romance mais próximo do seu coração porque era o que lhe tinha causado mais sofrimento e angústia a escrever. Neste magnífico romance, publicado pela primeira vez em 1929, Faulkner criou a «menina dos seus olhos», a bela e trágica Caddy Compson, cuja história nos conta através dos monólogos separados dos seus três irmãos: Benjy, o idiota; Quentin, o suicida neurótico; e o monstruoso Jason.
O Som e a Fúria é o seu quarto romance e a primeira das suas obras-primas indiscutíveis, aquela que, mais do que qualquer outra, confirmou Faulkner como figura central da literatura do século XX.
Autor: William Faulkner
Editor: Leya (11/2017)
Género: Romance
Páginas: 304
Original: The Sound and the Fury (1929)
xxxpremio
opinião
★★★★★
Produto do seu tempo e espaço, obcecados com as aparências e refugiados nos ideais que sempre lhes serviram de bússola, os Compson têm imensa dificuldade em acompanhar as mudanças que têm lugar na primeira metade do século XX, no Mississípi, onde a segregação social e a distinção social são ainda realidades diárias.
A decadência da família é uma história trágica, carregada de dor e desespero. Afetados de diferentes maneiras pelos mesmos acontecimentos, cada Compson segue um caminho divergente… e é neste ponto que o escritor fez um trabalho brilhante: Faulkner criou uma narrativa única recorrendo a diferentes pontos de vista cheios de lacunas, contradições e opiniões muito próprias. Sem nos dar qualquer informação de antemão ou sequer algumas pistas, o autor anda com a história para a frente, arrastando-nos com ele, confusos, tentando recolher e juntar as diferentes peças a que vamos tendo acesso. A ausência de uma narrativa linear, torna a leitura difícil e confusa, mas que compensa largamente.
É Benjy, doente mental, que nos apresenta à família. A sua é a perspectiva mais confusa, com saltos no tempo e no espaço sem qualquer aviso ou lógica. Temos que fazer um esforço extra para o acompanhar e tentar perceber o que se passa à sua volta através de um ponto de vista patologicamente comprometido. Senti-me presa com Benjy no meio da confusão e da incompreensão; fui atingida por uma sensação de impotência e tristeza que acabou por tornar esta primeira parte a minha preferida do livro. Ninguém tenta compreender Benjy, não tentam sequer comunicar com ele, consideram-no um fardo, um castigo, e perdemos a conta ao número de vezes que o mandam calar sem tentar perceber o que se passa com ele, que ideia pode estar a tentar transmitir. E é com ele que começamos a perceber muito superficialmente os problemas da família e o carácter de alguns dos seus membros. E é também com Benjy que ficamos com um sentimento de triste inevitabilidade em relação ao futuro dos Compson.
Continuamos o nosso tempo com a família com os irmãos de Benjamin: o neurótico, deprimido, obcecado e atormentado Quentin e depois com o hipócrita, racista, frustrado e cruel Jason, o preferido da mãe, que adora fazer-se de vítima e fazer julgamentos sobre a vida alheia.
O Som e a Fúria, fortemente subjetivo, habilmente complexo e extraordinariamente emotivo é um livro poderosíssimo ao qual não conseguimos ficar indiferentes.
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★★★★★
My rating: 5 of 5 stars
Produto do seu tempo e espaço, obcecados com as aparências e refugiados nos ideais que sempre lhes serviram de bússola, os Compson têm imensa dificuldade em acompanhar as mudanças que têm lugar na primeira metade do século XX, no Mississípi, onde a segregação social e a distinção social são ainda realidades diárias.
A decadência da família é uma história trágica, carregada de dor e desespero. Afetados de diferentes maneiras pelos mesmos acontecimentos, cada Compson segue um caminho divergente… e é neste ponto que o escritor fez um trabalho brilhante: Faulkner criou uma narrativa única recorrendo a diferentes pontos de vista cheios de lacunas, contradições e opiniões muito próprias. Sem nos dar qualquer informação de antemão ou sequer algumas pistas, o autor anda com a história para a frente, arrastando-nos com ele, confusos, tentando recolher e juntar as diferentes peças a que vamos tendo acesso. A ausência de uma narrativa linear, torna a leitura difícil e confusa, mas que compensa largamente.
É Benjy, doente mental, que nos apresenta à família. A sua é a perspectiva mais confusa, com saltos no tempo e no espaço sem qualquer aviso ou lógica. Temos que fazer um esforço extra para o acompanhar e tentar perceber o que se passa à sua volta através de um ponto de vista patologicamente comprometido. Senti-me presa com Benjy no meio da confusão e da incompreensão; fui atingida por uma sensação de impotência e tristeza que acabou por tornar esta primeira parte a minha preferida do livro. Ninguém tenta compreender Benjy, não tentam sequer comunicar com ele, consideram-no um fardo, um castigo, e perdemos a conta ao número de vezes que o mandam calar sem tentar perceber o que se passa com ele, que ideia pode estar a tentar transmitir. E é com ele que começamos a perceber muito superficialmente os problemas da família e o carácter de alguns dos seus membros. E é também com Benjy que ficamos com um sentimento de triste inevitabilidade em relação ao futuro dos Compson.
Continuamos o nosso tempo com a família com os irmãos de Benjamin: o neurótico, deprimido, obcecado e atormentado Quentin e depois com o hipócrita, racista, frustrado e cruel Jason, o preferido da mãe, que adora fazer-se de vítima e fazer julgamentos sobre a vida alheia.
O Som e a Fúria, fortemente subjetivo, habilmente complexo e extraordinariamente emotivo é um livro poderosíssimo ao qual não conseguimos ficar indiferentes.
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☁ Frases Preferidas ☁
«Qualquer homem vivo está melhor do que qualquer homem
morto, mas nenhum homem vivo ou morto está muito melhor do que outro homem vido
ou morto» - 106
«Tento tratar bem toda a gente - disse ele. - Não faço
distinções sociais. Para mim, um homem é sempre um homem, onde quer que o
encontre» - 104
«Estás a confundir pecado com moralidade, as mulheres não
fazem isso» - 106
«O homem é o somatório das suas desgraças» - 108
«As mulheres têm afinidade com o mal, por não acreditarem
que mulher alguma é digna de confiança, mas que alguns homens são ingénuos
demais para se protegerem delas» - 109
«Suponho que as pessoas, à força de se gastarem tanto a si e
aos outros pelas palavras, são pelo menos coerentes ao reconhecerem sabedoria
numa língua calada» - 120
«o dinheiro tem sarado mais chagas que Jesus» - 174
«e eu temporário e ele era a palavra mais triste de todas nada
mais existe no mundo não é o desespero até ao fim do tempo não é sequer o tempo
de dizermos foi» - 174
«é sempre alguém que nunca fez grande coisa na vida que nos
vem dizer como havemos de governar a nossa» - 236
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