abr052016
0 Bernice Corta o Cabelo | Opinião
Etiquetas:
4 estrelas,
F. Scott Fitzgerald,
Romance,
Short Story
Autor: F. Scott Fiztgerald
Género: Conto
Original: Bernice Bobs Her Hair (1920)
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opinião
★★★★✩

Bernice Corta o Cabelo, escrito há mais de 90 anos, não está assim tão longe da nossa realidade actual. Continuamos a pender para o egocentrismo, obcecados em "pertencer" a algum grupo, a "encaixar" em algum lado, mesmo que isso nos custe parte da nossa individualidade. Influenciáveis, continuamos a ser seduzidos por estatutos sociais em vários tempos e contextos das nossas vidas; tentamos moldar-nos ao que e a quem nos rodeia, afadigando-nos com o ressentimento que acaba por se gerar. Naturalmente tímida e sossegada, Bernice transforma-se num completo oposto, comprometendo a sua personalidade, para poder encaixar no grupo da prima e ser olhada com admiração por pessoas em quem reconhece traços de crueldade e futilidade.
Este livro é interessante pela abordagem desta nossa orientação secular, mas também pela curiosidade e interesse sobre as práticas e hábitos do início do século XX. Miúda da cidade, na moda e popular, Marjorie explica e descreve os traços femininos que atraem os homens desta altura. O que era considerado de mau tom no tempo das mães destas duas jovens primas era agora visto como atraente. Ser atrevido estava agora em voga.
Gostei muito do enredo, mas a prosa do autor é ainda mais deslumbrante. Sem perder tempo com divagações, Fitzgerald compõe retratos completos que nos transportam imediatamente para o local de acção e permite-nos conhecer os seus personagens através de poucas palavras. Esta capacidade de delineamento e descrição é uma destreza que aprecio muito neste escritor e este livro deu-me a ideia de que acertou em cheio em cada palavra escolhida.
E quanto ao final do livro, este até pode ser mesquinho… mas é tão satisfatório!
Frases Prefridas
«(...) on novels in which the fenale was beloved because of certain mysterious womanly qualities, always mentioned but never displayed."
"At eighteen our convictions are hills from wich we look; at forty-five they are caves in wich we hide."
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