Destaques

1 Preferidos e Odiados de 2014

  No ano que passou li imensos livros, 112 para ser mais exacta, o que é bem mais do que eu própria estava a contar ler. Destes, há alguns que definitivamente se destacam, outros que, ao passar com os olhos por eles na lista, não me arrancam mais do que um sorrisinho apagado e outros para os quais tenho considerável dificuldade em olhar sem revirar os olhos em sinal de tédio antecipado.

  Estes últimos são livros que eu simplesmente preferia não ter lido.

Cretino IrresistívelGrande Mulher - Repetitivo, pouco original, fraco em conteúdo, antiquado…a minha estreia com Danielle Steel foi uma surpreendente desilusão.Morte no Bosque - Coben é um autor de estrondoso sucesso mas eu não consigo desviar a minha atenção das piadolas ridículas dos seus protagonistas...O Teorema de Katherine - Nem o fantástico sentido de humor e inteligência com que John Green escreve me conseguiu entusiasmar por este livro.  O desenvolvimento é pouco credível, com poucas coisas realmente a acontecer. Cidades da Noite Vermelha - Este livro é uma obra única, daquelas que se lêem pela experiência de o fazer...E é aqui que se esconde o motivo pelo qual eu não apreciei esta leitura: não gostei particularmente da experiência. Mesmo reconhecendo todo o potencial do livro e o génio do seu autor, este livro não era, muito simplesmente, para mim.
Um Amor ao Luar - Enredo já muito visto e gasto; desenvolvimento mais do que previsível.O segundo livro da série já está disponível mas eu ainda não decidi se o vou ler...As Gémeas - Não achei a história interessante e parte desta minha falta de interesse foi influenciada pela forma como a autora optou por a contar: uma narrativa confusa, lenta e, por vezes, entediante. Além disso, não simpatizei com nenhuma das personagens.A Informadora - O meu maior atrito com este livro é incoerência entre a época em que decorre a ação e a sensação de contemporaneidade que nos fica. Não desenvolvi qualquer empatia com Flávia e, pelo desfecho ser tão previsível, a leitura tornou-se aborrecida.

  Por outro lado, há livros cuja qualidade sou obrigada a reconhecer mas em torno dos quais criei tanta expectativa que, no final, acabaram por me desiludir um bocadinho:
O Escândalo Modigliani - Tenho que concordar com o próprio autor: este livro está certamente longe de ser um dos seus melhores trabalhos. O Escândalo Modigliani é suficientemente interessante mas a inexperiência do autor quando o escreveu transformou em "bom" o que tinha potencial para ser "brilhante". A objectivação constante da figura feminina foi o único ponto que me aborreceu a sério!Tenho o Direito de Me Destruir - Adoro o narrador porque este é perspicazmente perverso, misterioso, impiedoso, lúgubre e trágico…ou talvez, e infelizmente (assustadoramente?!) realista e fatual..., mas já não posso dizer o mesmo do enredo…As Raparigas Cintilantes - A história e o conceito são bastante originais e em poucos capítulos percebemos que não é nada fácil pôr de pé um enredo destes. Não hesito em exaltar o trabalho da autora, mas sabendo de um ou outro autor que elevariam este livro até ao patamar do absurdamente fenomenal, fico um bocadinho ressentida com o trabalho final de Lauren Beukes. A Marca de Todas as Coisas - Elizabeth Gilbert misturou o mundo ficcional com o real de forma muito subtil e agradável. No final, o que gostei acaba por compensar o que não me agradou - gostei do livro mas não consigo reagir entusiasticamente ao mesmo. Arte Assassina - 'Arte Assassina' começa muito melhor do que acaba; o que, num thriller, quando tudo avança para a 'grande revelação', é normalmente sinónimo de desilusão.  a investigação - muito dúbia, na minha opinião - que acabou por prejudicar o livro. Suspeitei da identidade do assassino muito antes do investigador, portanto, tornou-se irritante vê-lo ignorar pistas óbvias e passar o resto do livro apenas à espera da confirmação.A Oficina dos Livros Proibidos - A ausência de acção durante a maior parte da narrativa aborreceu-me. Compreendo a opção de manter tudo em lume brando até chegar ao clímax mas, neste caso específico, essa escolha acabou por tornar a leitura enfadonha. O tema não deixa de ser interessante, com um fantástico trabalho de investigação na sua abordagem.A Improvável Viagem de Harold Fry - Facilmente ultrapassaria a óbvia implausibilidade do enredo se visse este sacrifício justificado e compensado… mas, infelizmente, não é o caso. A este problema vem juntar-se a previsibilidade [excepto informações que nos são ocultadas] de uma narrativa encharcada em clichés e, em algumas partes, aborrecida.

  Felizmente, estes livros servem apenas para me levar a dar ainda mais valor a livros muito bons:
Morte na Aldeia - Um excelente policial em todos os seus elementos! Começando pelo tom animado da autora que cria uma atmosfera espirituosa bastante divertida mas também enervante e até macabra, destilando a cada parágrafo a noção da típica aldeia pequena e antiquada ao adoptar ela própria um estilo de escrita ligeiramente antiquado.Morte em Palco - O enredo de 'Morte em Palco' não é extraordinariamente complexo mas o tom divertido e ligeiramente irónico com que é narrado, aliado à poderosa capacidade de descrição e caracterização da autora - Caroline Graham - fazem deste livro um policial extraordinário.Mariana - Infelizmente, cruzo-me demasiadas vezes com livros cujas histórias são fantásticas mas com um desenvolvimento que deixa muito a desejar ou então livros muito bem escritos mas estéreis em conteúdo… tal não é, definitivamente, o caso de Mariana: aqui temos não só uma história fabulosa e bem trabalhada mas também uma escrita aprimorada. Esta agradável plenitude estende-se também aos temas abordados já que Mariana reúne romance histórico e romance contemporâneo, unidos por uma componente sobrenatural. O Comboio dos Órfãos - Gostei muito deste livro! Não apenas pela comovente mas inspiradora história de Molly e de Vivian mas também pelo encadeamento histórico relativo aos comboios que transportavam os órfãos e ainda pela mensagem que o livro transmite sobre o que escolhemos levar connosco, o que escolhemos deixar para trás e o que acabamos por ganhar entre uma coisa e outra.A Vida Secreta de Stella Bain - Este é o primeiro livro que leio de Anita Shreve e gostei imenso da forma como a autora optou por construir a sua história, mantendo o seu dramatismo plausível e legítimo, numa abordagem sincera que termina com um final bastante conciliador. Dei comigo a empatizar instintivamente com a protagonista e a torcer pelo seu bem estar.O Despertar do Mundo - Este livro não é apenas sobre a reconstrução de um país mas também sobre a reconstrução familiar e individual que ocorreu após a guerra à medida que as pessoas começavam a aprender a viver com o que restou, enquanto o mundo despertava colectivamente de seis anos de horror. Enquanto Houver Estrelas no Céu - A distinção feita entre religiões e a evidência de que, no fundo, somos todos iguais, dá substância ao enredo e a comida, a funcionar aqui como uma ponte entre culturas, forma de preservação do passado e de despertar recordações, é mais uma contribuição para o encanto da narrativa. Este livro traz-nos uma história muito interessante que se vai desenvolvendo diante dos nossos olhos, conduzindo personagens contemporâneas de acordo com acontecimentos que tiveram lugar na Segunda Guerra Mundial, durante a ocupação Nazi.O Olhar de Sophie - Sophie é uma personagem apaixonante! A sua dedicação à família é incondicional e comovedora. Gostei imenso de ler sobre a ocupação alemã, sobre o tipo de exigências cruéis feitas aos franceses e o desrespeito e o ódio que os alemães tinham por estes cidadãos numa altura em que as pessoas eram condenadas por tentarem ser humanas e os próprios conterrâneos se revelavam intolerantes e injustos para com os seus. Perdoa-me - Uma narrativa simples mas emocionalmente forte que nos mostra a importância de não desistir, a influência que a boa ou má vontade alheia pode ter nas nossas vidas e a relevância de assumirmos o papel principal nas nossas próprias histórias.No Coração da Tempestade - Este livro é sobre a luta de uma família que pouco mais tem que a sustenha além do amor que sentem uns pelos outros. Conseguimos compreender até que ponto esta família é disfuncional quando nos apercebemos que, mesmo conhecendo os problemas/erros uns dos outros, mesmo podendo fazer algo para ajudar a remediar ou até impedir a situação, optam por ignorar e cingir a sua mente e energia aos seus próprios assuntos. Indiscrição - O que mais me impressiona em Indiscrição é a magnitude que o autor consegue conferir a uma história comum e já tão explorada; o típico triângulo amoroso carregado de desejo e traição. Isso é possível graças ao nível de envolvimento que Charles Dubow consegue extrair do seu leitor. Ao evocar a minha simpatia por cada um dos personagens e ao transmitir e descrever tão bem o que cada um estava a sentir, Dubow carregou a sua belíssima narrativa com emoção, cheia de dilemas existenciais e reflexões filosóficas.Acaso - Acaso foi, inicialmente, fonte de desconsolo e alguma confusão. No entanto, volvido algum tempo, dei por Joseph Conrad a transformar-me gradualmente numa ávida coscuvilheira; a espreitar a vida alheia, interessada em «ouvir» conversas que não me dizem respeito e a tirar delas as minhas precipitadas conclusões. A pouco e pouco, história e personagens ganham dimensão; afeiçoamo-nos a indivíduos dos quais não chegámos realmente perto e de quem não ouvimos uma única palavra em primeira mão e então sim, apercebemo-nos que estamos perante um autor brilhante!O Primo Basílio - Numa prosa que não consigo louvar o suficiente, Eça vai zombando dos seus personagens, tecendo-lhes duras críticas, cheias de humor e sarcasmo, a um ritmo vigoroso; deixando-nos espreitar o que se esconde por detrás de tanta fanfarronada - a verdadeira essência de cada um, por muito anémica em virtude que ela seja.


  Existem ainda umas quantas séries que estou a acompanhar e em relação às quais me sinto bastante entusiasmada:
A série 'Os Bridgerton' é a minha série preferida de romance histórico, misturando a quantidade perfeita de humor e romance em cada livro!Cheios de humor, sedução e ousadia a leitura destes livros é muito divertida!Fantasia, romance histórico, drama, acção e viagens no tempo...uff!!! Estes livros são difíceis de encaixar num único género literário mas são absolutamente fantásticos! Gostei muito do primeiro livro desta série e mal posso esperar para começar a ler o segundo!!!Ainda não tinha acabado o primeiro livro e já tinha ido a correr buscar o segundo! São policiais muito dinâmicos, cheios de acção e desenvolvimentos interessantes!Com um ritmo enervante, A Casa Negra dá um início fantástico a esta série de thrillersUma fantástica série de romance histórico ao estilo Downton AbbeyAdoro a forma como Carrisi constrói os seus enredos, só lamento que não consiga escrever à velocidade do meu capricho


   E depois, por motivos muito variados, há aqueles livros que me arrebataram completamente e cuja leitura eu não posso deixar de recomendar!
Jane Eyre - Além da escrita que é para lá de formidável - rica, melodiosa e poética - fiquei encantada, e devo admitir, surpreendida, com o tom moderno da narrativa. Modernidade esta que se estende também ao tema religioso e social, tendo em conta a época em que o livro foi escrito. A Natureza, tal como em Emily Brontë, está sempre simbolicamente presente, pressagiando ou simplesmente fabricando as fantásticas atmosferas que Charlotte nos cria em Jane Eyre.  Jane Eyre, personagem e livro, ambos inesquecíveis!A Queda dum Anjo - Nesta crítica à sociedade e muito provavelmente em justificativa às suas próprias decisões e comportamentos, Camilo Castelo Branco serviu-se de um vocabulário rico, carregado de humor e injectado de sarcasmo que, só por si, já vale a leitura. A história não abunda em originalidade mas a competência do autor dá tamanha graça e vida às suas personagens que o rumo da narrativa acaba por se tornar secundário.Joe é ficcional, mas leva-nos certamente a pensar no número de homens que regressaram a casa mutilados física e/ou psicologicamente, no número de famílias destruídas, no número de homens que nem sequer voltaram ao lar. Pior, mesmo tendo sido publicado em 1939 e embora se debruce sobre a Primeira Guerra Mundial, Johnny Got His Gun permanece assustadoramente actual no seu âmago. O Grande Gatsby é muito mais do que aparenta de início e é também prova de que, com relativamente poucas palavras, é possível contar uma história absolutamente formidável...F. Scott Fitzgerald pintou um magnífico quadro do início do século XX onde, num mundo de tanta realização industrial, é também possível «criar» pessoasAs Velas Ardem Até ao Fim - Este é um livro incomparável. Relembrou-me a magia dos livros, a magia de encontrar um inesperado tesouro literário cujos fragmentos permanecerão comigo muito depois de terminada a leitura. Invejo este tipo de lucidez intelectual. Esta perspicácia mental. Não concordo com tudo, claro, mas um bom argumento consegue levar-nos a compreender e a respeitar esse ponto de vista sem a obrigatoriedade de concordar. Não consigo, obviamente, descrevê-lo como merece, mas posso dizer que lê-lo é uma experiência magnífica.Frankenstein - Todos temos os nossos personagens preferidos; aqueles que mais nos marcaram. No meu caso, há quatro nomes que recordo com um cuidado especial: Gregor Samsa, Heathcliff, Quasimodo e Jay Gatsby. Pode parecer, à partida, que não têm nada em comum mas não é o caso; todos foram vítimas de incompreensão - uma obtusidade que lhes surgiu de quem era mais próximo - e não souberam responder da melhor forma, corrompendo a própria existência. A estes junta-se agora um novo personagem, um que não tem nome mas é conhecido como 'o monstro de Frankenstein'.A Quinta dos Animais - A forma com que Orwell se serviu de um punhado de animais de quinta para representar, de modo simplista e sarcástico, a evolução da Rússia soviética só pode ser apelidada de genial. Um livro que se explica a ele mesmo, A Quinta dos Animais conduz a uma reflexão inquietante sobre líderes políticos e subjugação ignorante…Não Matem a Cotovia - O racismo, correlacionado com a injustiça, o sacrifício e pura falta de bom senso, é um tema muito bem manipulado neste livro, coabitando com outros problemas como a educação, o estatuto social e o limitado papel da mulher. Apesar de ter tido alguns problemas com esta tradução, adivinho-lhe uma prosa original belíssima, encantadora e muito poderosa que se adequa perfeitamente à pequena e doce narradora, Scout. Boneca de Luxo - Sempre gostei deste filme mas agora gosto ainda mais do livro!!!Grandes Esperanças - É óptimo encontrar trabalhos tão variados num mesmo autor - desde o fantasioso Um Conto de Natal ao divertidíssimo Os Cadernos de Pickwick passando pelo crítico História de Duas Cidades até este romance bem mais sério, Grandes Esperanças, há imensas diferenças mas há também constâncias: a excepcional capacidade de Dickens para contar uma boa história e as fantásticas personagens com que as enriquece: Scrooge, Pickwick, Manette e agora Pip vão ficar para sempre na minha memória!A Irmandade do Anel - Não há, objectivamente, nada que possa acrescentar sobre um fenómeno desta envergadura. Posso apenas partilhar a extraordinária e electrizante experiência que foi ler este livro, bem como a vibrante sensação que me percorre sempre que recordo que existem ainda mais dois para mitigar a minha avidez.Coração de Cão - Em poucas cenas e através de um enredo aparentemente desatinado, Bulgakov criou em 'Coração de Cão' uma sátira política e social mordaz que explora possibilidades incríveis sobre a psique humana, a aplicação da engenharia genética no melhoramento da espécie e no seu rejuvenescimento enquanto registava as mudanças à sua volta, na Rússia dos anos 20.Os Aromas do Amor - Adorei este livro!. A forma como a autora criou uma fusão entre o suspense de um homicídio e a dor da perda de um ente querido bem como a abordagem de tantos tipos de amor - por um homem, por amigos, pelos filhos e por outros familiares, acabou por resultar numa combinação perfeita.O Hipnotista - Achei o enredo fantástico!... a forma como a dupla de autores conseguiu manter o mistério bem conservado até quase ao final do livro pôs-me a roer as unhas - literalmente; a história sofre tantas reviravoltas e algumas delas são tão inesperadas que se torna impossível parar de ler o raio do livro!Nove Mil Dias e uma Só Noite - Um amor capaz de resistir ao tempo, à distância e à guerra - essa é a essência de Nove Mil Dias e Uma Só Noite, um livro absolutamente apaixonante que se desdobra entre dois eventos históricos críticos: a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.O Pintassilgo - De entre os livros editados em 2014 em Portugal, O Pintassilgo é, muito provavelmente, o meu preferido. É verdade que esperava uma prosa mais elaborada e complexa e acabei por ficar surpreendida com a simplicidade da escrita de Donna Tartt, mas não sou avessa a alguma simplificação num livro de quase 900 páginas (!)… Além disso, Tartt enriqueceu a narrativa com frases ocasionais lindíssimas que, desta forma, exsudam ainda mais significado.Sempre o Diabo - Pollock encheu-me a cabeça de imagens violentas e terríveis, enchendo esta tragédia de humor perverso e recorrendo a uma prosa crua que se aproxima da perfeição na sua inteligente e estratégica simplicidade. No final, todas as histórias se colmatam e os seus peçonhentos percursores se interligam, resultante de um trabalho de construção excelente por parte do autor. Não senti que Pollock estivesse a tentar chocar ou impressionar o leitor, manipulando as suas sensibilidades, mas apenas a desenvolver a sua narrativa da forma mais artística possível.O Segredo do Meu Marido - este é daqueles raros livros que recomendo à generalidade dos leitores, sem ter em conta as suas preferências pessoais, já que me parece impossível não apreciar esta leitura.Nós - Douglas pinta-nos um retrato espectacular - e divertido - sobre namoro, casamento e paternidade. A sua determinação é enternecedora, mas parece que quanto mais tenta, mais piora a situação; quanto mais se esforça por unir a família, mais a separa.   Existe, no entanto, imensa sabedoria no meio de toda esta loucura. Os Petersen exemplificam a família actual, marcada pelos problemas de comunicação entre pais e filhos e um ritmo de vida que nos impede de dar atenção àqueles que realmente importam.

  
...E agora é só esperar que que 2015 me traga livros igualmente fantásticos - montes e montes deles!!!




Um comentário:

  1. Dos que tens aqui só li o Perdoa-me de Lesley Pearse e o Viajante de Diana Gabaldon..
    Duas das várias escritoras que existem que eu adoro

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