0 O Filho | Opinião
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5 estrelas,
Lançamentos,
Philipp Meyer,
Romance
Um épico do Oeste americano e uma saga que atravessa várias gerações de uma família e mais de um século de história.
Uma história de poder, sangue, terra e petróleo que acompanha a ascensão de uma inesquecível família texana, desde os ataques dos Comanches em inícios do século XIX até à explosão do petróleo no século XX.
Apaixonante, abrangente e evocativo, O Filho é uma obra-prima inesquecível na grande tradição do cânone americano.
Editor: Bertrand Editora (Setembro, 2014)
Género: Romance
Páginas: 640
Original: The Son (2012) [Goodreads] [Wook]
opinião
My rating: 5 of 5 stars
★★★★★(5/5)
Em entrevista, Philipp Meyer esclareceu que um dos seus objectivos ao escrever «O Filho» era chegar à raiz do mito do «sonho americano», da extraordinária capacidade que o povo americano conserva para se reinventar…e ao avançarmos pelo livro só podemos concluir que Meyer fez um excelente trabalho.
Esta é uma obra cuja envergadura, especialmente se nos tentarmos colocar na pele do seu ambicioso autor, somos obrigados a adjectivar de assustadora. São duzentos anos de História contemplados sob o ponto de vista da família McCullough, atravessando os conflitos entre as diferentes tribos de nativos americanos, entre estes e os americanos e entre estes últimos e os mexicanos, bem como as duas Guerras Mundiais, o progresso da indústria petrolífera e os reveses económicos, mostrando o papel que o Texas desempenhou para a América e para o resto do mundo.
Admito que não me senti instantaneamente cativada por este livro, o que penso que, em parte, se deveu à complexidade a que somos imediatamente introduzidos, apresentada sob três pontos de vista diferentes. Na minha experiência, «O Filho» foi ganhando importância e significado gradualmente, acabando por se revelar um livro magnífico.
É notável como Meyer conseguiu preservar a personalidade das personagens do livro, mantendo as suas vozes distintas. Eli e Jeane, sua bisneta, são ambos proactivos, sobreviventes, de carácter forte e dispostos a passar por cima de uns quantos escrúpulos para atingirem os seus objectivos. Eli, raptado na juventude pelos Comanches, protagonizou as minhas passagens preferidas no livro, satisfazendo a minha curiosidade sobre o modo de vida e hábitos dos nativos americanos.
A usurpação de território não era feita sem violência; estes episódios terrivelmente sangrentos são descritos com grande e desconfortável grafismo, mas a sua ausência tornaria a narrativa pouco legítima. É a voz de Peter, filho de Eli, que condena a barbaridade destas ocupações, mas apesar de todo o seu moralismo e boas intenções, é a personagem mais passiva…
E, por fim, a geração contemporânea com o seu egoísmo, fraqueza, indolência e desinteresse pela História que deu ao Mundo e à sociedade a sua configuração actual.
Excelente livro.
✏ Philipp Meyer foi criado em Baltimore, desistiu do liceu mas conseguiu o diploma aos dezasseis anos. Foi durante vários anos voluntário num centro para vítimas de trauma em Baltimore, e mais tarde frequentou a Cornell Universityonde fez Estudos Ingleses. Entre 2005 e 2008 Meyer foi a fellow do Michener Center for Writers in Austin, Texas. Vive no Texas e em Nova Iorque.
✏ Livros de Philipp Meyer publicados em Portugal:
- Ferrugem Americana (Bertrand Editora, 2011);
- O Filho (Bertrand Editora, 2014)
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