0 O Nascimento de Vénus + Opinião
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Sarah Dunant
Alessandra Cecchi tem quase quinze anos quando o pai, um próspero mercador de tecidos, contrata um jovem pintor para pintar um fresco na capela do palazzo da família. Alessandra é uma filha da Renascença, tem uma mente precoce e um temperamento artístico… e rapidamente fica inebriada pelo génio do pintor.
Muitos anos depois, a irmã Lucrezia morre no convento onde passou grande parte da sua vida. Perplexas, as outras freiras observam a estranha serpente tatuada no seu corpo.
É que, antes de entrar para o convento, a irmã Lucrezia era Alessandra. Jovem, bela e inteligente, ela viveu o esplendor e luxo da Florença renascentista, conviveu com os ricos e poderosos, criou, amou, transgrediu... Como foi ela parar àquele convento? O que significa a tatuagem na sua pele? Quais foram afinal as causas da sua morte?
Romance de amor, mistério e arte, O Nascimento de Vénus dá-nos a conhecer um irreverente elenco de mulheres inesquecíveis, que nos abrem as portas da Florença renascentista, um dos mais formidáveis centros de cultura e arte da história da humanidade.
Autor: Sarah Dunant
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Género: Romance
Páginas: 336
Original: The Birth of Venus (2004)
A Minha Opinião
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Na bella Italia Renascentista, em Florença, a arte - inspiração de Deus - está por toda a parte; na música, nos edifícios, nas peças consumadas para os adornar e até mesmo nos diálogos. A beleza do corpo era um tema de conversa tão habitual e comum como a própria beleza da arte… Mas nem toda a arte do mundo será suficiente para salvar uma cidade quando a estrada que a conduz à redenção está atravancada de fanatismo, ignorância e intolerância religiosa.
Florença estava a virar-se contra si mesma, batalhando conta o pecado, e ninguém está seguro quando se destrói a vontade destruindo corpos. «Florença é divina mas Deus é cruel para Florença (…)»
A influência dos Médicis desvanece-se à medida que o fanatismo se insurge por detrás do púlpito da igreja. O possível avanço do exército invasor de Carlos VIII paira como uma nuvem negra de fatalismo. Deus e o Diabo andavam à luta nas ruas da cidade. E no meio de tudo isto, temos Alessandra…
O Nascimento de Vénus começa de forma muito intrigante. O fim de vida de Alessandra leva o leitor a desenvolver de imediato uma curiosidade imensa sobre esta personagem tão preciosamente caracterizada ao longo do livro.
Sarah Dunant fez um trabalho fantástico na transmissão dos conceitos e mentalidade da época - a forma como nos mostra que, onde algumas pessoas veem beleza sincera, outras poderão ver algo bem mais perverso…
Na Florença do século XV a que Dunant nos leva, Deus está em tudo o que é dito ou até mesmo pensado - conforme era visto como uma entidade vil, irada e punidora ou benevolente e compreensiva. É verdade que o pecado assume gravidades conforme quem o contempla.
A história pessoal de Alessandra, influenciada pela História que se escreve em tempo real ao seu redor, é intrincada e complexa, misturando amor e traição em igual medida. A sua paixão impossível pela pintura nasceu bem cedo acompanhando-a no dia-a-dia até que ela cresce, os tempos mudam e é necessário procurar uma solução para a tensão vivida no momento: casar, mesmo que isso signifique abandonar tudo o que conhece.
O pretendente, um homem sério mas muito mais velho do que Alessandra, torna-se a solução mais sensata para o futuro dela…só que Cristoforo não foi completamente honesto: o seu coração já foi arrebatado.
Adorei acompanhar Alessandra numa viagem tão envolvente e apaixonante como esta. É notável como a autora a faz transparecer tão solitária quando está na verdade rodeada por tantas pessoas. Como a vincula tão ferozmente à sua paixão pela pintura e como a moldou tão realisticamente com fraquezas e os ditos «defeitos» de personalidade.
Depois do sucesso que foram para mim as leituras de Corações Sagrados e O Nascimento de Vénus vou definitivamente guardar interesse em continuar a ler trabalhos de Sarah Dunant.
Frases Preferidas
«Há mais glória na paz do que na guerra.»
«A confiança é perigosa: de menos, e estamos perdidos, de mais, e somos culpados dos pecados que ela origina.»
«(…) há lugares no Inferno onde podemos encontrar bons companheiros de debate: entre um momento e outro, os pecadores têm conversas apaixonantes.»
«Deixem-me viver e ter os clássicos até à eternidade!»
«Os homens vivem, as mulheres esperam.»
«Seria pecado possuir tanta confiança? Por que razão o Senhor achava sempre que no-la devia tirar?»
«Deus em demasia faz mal ao cérebro!»
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