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0 Lídia Jorge


Lídia Jorge nasceu no Algarve, em 1946, e viveu em Angola e Moçambique nos anos mais conturbados da Guerra Colonial.

Formada pela Universidade de Lisboa em Filologia Românica, além de enveredar pela carreira de professora no Ensino Secundário, Lídia Jorge dedicou-se à escrita de vários romances, antologias de contos e ainda uma peça de teatro.

Livros de Lídia Jorge:

  • O Dia dos Prodígios
  • Notícia da Cidade Silvestre
  • O Cais das Merendas
  • A Instrumentalina
  • O Jardim Sem Limites
  • Marido e Outros Contos
  • A Costa dos Murmúrios
  • O Vento Assobiando nas Gruas
  • O Belo Adormecido
  • O Vale da Paixão
  • Combateremos a Sombra
  • O Grande Voo do Pardal
  • Praça de Londres
  • O Herói das Novelas
  • Contrato Sentimental
  • O Romance do Grande Gatão
  • A Noite das Mulheres Cantoras


O Dia dos Prodígios
O Dia dos Prodígios, o seu primeiro romance, que constituiu um verdadeiro acontecimento no meio literário português, é uma alegoria ao país fechado que era Portugal durante a ditadura. Nele a autora vai buscar inspiração ao passado comum das mulheres mediterrânicas e da extremidade do mundo ocidental que é a sua terra. Lídia Jorge é uma das escritoras mais relevantes do actual panorama literário português e as suas obras encontram-se traduzidas em inglês, espanhol, alemão, italiano, francês, neerlandês grego, sueco e hebraico.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (2002)
Género: Romance
Páginas: 232


Notícia da Cidade Silvestre
Romance publicado em 1984, este seu terceiro livro marca uma profunda viragem no estilo e na temática da autora. Trata-se de livro de ambiência urbana, onde alguns locais de Lisboa podem ser reconhecidos, ou mesmo se encontram retratados com pormenor, embora ressalte neste livro, sobretudo, a força da interioridade psicológica das duas personagens principais. Assim, toda a acção de Notícia da Cidade Silvestre decorre entre a estratégia de amor de Júlia Grei e a estratégia de poder de Anabela Cravo. Através da confissão que Júlia Grei faz sem reservas nem inibições – tanto de si como dos outros – tece-se todo um processo de contraposição de afectos, planos e sonhos numa narrativa limpa e de economia simétrica. A figura de Jóia, bem como as de Vítor Selim, Cila e Porquinho, constituem um friso de crianças-vítimas, que só por si põem em relevo o contraste entre o lirismo e a violência.
Este romance tem sido apontado como aquele em que a autora mais se deixa envolver com a temática da mulher.
Com este livro a autora obteve o Prémio Cidade de Lisboa, edição de 1984.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (1994)
Género: Romance
Páginas: 254


O Cais das Merendas
Publicado em 1982, O Cais das Merendas, segundo romance de Lídia Jorge, desenvolve-se em torno dos temas da identidade e da aculturação. Trata-se de uma narrativa poética, teatralizada, em que as personagens rurais, confrontadas com o mundo exterior, dão testemunho da sua intimidade, seus medos e desejos mais fundos. Neste caso, a acção desenrola-se à beira-mar, numa praia do Sul de Portugal, girando as figuras em torno de um pólo central, o Hotel Alguergue. Ocupado durante a época alta por turistas de várias nacionalidades, o hotel fica completamente despovoado durante os meses de Inverno. É então que os naturais da zona, esquecidos dos seus hábitos, precisam de se embriagarem para voltarem a usar a sua língua materna, e recitarem em voz alta as histórias tradicionais do seu país. Figuras como Rosarinho, pai Patroços, Miss Laura ou Sebastião Guerreiro, que vemos desfilar durante esses parties interpretam a hesitação de uma comunidade dividida entre o desejo de se modernizar e de manter o que de si mesma entende por próprio e genuíno. O Cais das Merendas apresenta-se como uma espécie de anti-epopeia colectiva, sugestão dada inclusive pela divisão em dez capítulos. O último parágrafo do livro poderá servir de emblema a esta espécie de saga portuguesa sobre o esquecimento de si.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (2002)
Género: Romance
Páginas: 248


A Instrumentalina
Editado pela primeira vez pelas Publicações Dom Quixote, em 1992, este conto fala de um sentimento de proximidade entre um tio e uma sobrinha a partir de um encontro posterior ocorrido muitos anos depois, à beira do Lago Ontário, quando ela já é adulta e ele, um emigrante próspero. Mas a história que a protagonista narra em primeira pessoa remete para um lugar ao Sul de Portugal, durante o tempo encantado da infância, durante os anos 60. É essa retrospectiva, com a distância de permeio, que permite uma espécie de invocação mágica do tempo quando o tio Fernando era um jovem rebelde e ela uma criança observadora e carente de afecto. 
O lugar que ela ocupava na vida do tio, bem como a lembrança dos seus encontros num campo de margaridas, tendo por fundo uma bicicleta como único veículo de libertação, constituem a matéria-prima deste conto cujo título toma por nome a alcunha desprestigiante que haviam dado a esse “instrumento” – A Instrumentalina. A autora usa por epígrafe desta narrativa uma frase que introduz o leitor no ambiente onírico que o caracteriza - Um conto breve faz um sonho longo.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (1992)
Género: Contos
Páginas: 40



O Jardim Sem Limites
Dado à estampa por Publicações Dom Quixote, em 1994, O Jardim Sem Limites é um romance de matriz urbana cuja acção decorre em espaços reconhecíveis, como sejam a zona da Baixa e alguns bairros centrais de Lisboa. Os protagonistas são jovens que vivem em bando, enredados nas malhas do desejo de independência e sede de protagonismo, sendo a figura central Leonardo, o satic-man, aquele a quem todos os outros admiram e procuram seguir no seu exemplo de superação e resistência. Sobre este livro, a autora disse em entrevistas que se tratava de um livro sobre jovens do nosso tempo, heróis sem pátria, filhos sem família, mártires sem Deus. Na verdade, a Casa da Arara, essa espécie de antro de experimentação de viver, que o grupo habita, acabará por ser o palco onde a metáfora da dispersão acontece. Mas este livro não se limita a colocar em acção os caminhos do desencontro. As longas performances de Leonardo, imóvel na Rua Augusta, na tentativa de bater o record da imobilidade e entrar para o Guinness, são acompanhadas de momentos de grande humor e observação aguda de hábitos e costumes.
Este livro foi distinguido com o Prémio Bordallo de Literatura da Casa da Imprensa, edição de 1995.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (1998)
Género: Romance
Páginas: 398



Marido e Outros Contos
Mas há noites em que o marido não chega às sete, nem às oito, nem às nove. E se não chegar às dez, ela sabe que não chegará senão de madrugada. É por isso que a hora crucial da vida da porteira acontece entre as cinco e as sete. É dentro desses minutos decisivos da tarde que se dita o dia e a noite da porteira. A porteira aos cinco para as cinco acende a vela, põe as mãos pedindo que ele chegue antes do jantar. Uma maçada se ele só vier de madrugada. Já ela o ouve tocar, depois de subir, abrir a porta do elevador com dificuldade, sair de lá lentamente com o pé rígido, e depois a chave começa a cair junto da porta, sente levantá-la do chão, deve estar a revolver a chave, até que por fim ele a enfia, a roda, a desprende, a saca, fica dentro de casa e a casa se enche do seu hálito até às bacias e às janelas. Tropeça no sofá da saleta e chama - Lúcia! Ó Lúcia!

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (1998)
Género: Romance
Páginas: 146



A Costa dos Murmúrios
Romance de um império de ocupação de costa, nada é atenuado ou escamoteado neste livro. Enredo e personagens arrastam consigo o significado caótico de um universo desregulado, onde o risco permanente torna os protagonistas dependentes em extremo de fortuitas coincidências.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (2002)
Género: Romance
Páginas: 260


O Vento Assobiando nas Gruas
O Vento Assobiando nas Gruas é um livro ancorado sobre dois mundos - um mundo contemporâneo, envolvido com a transformação acelerada da Terra, movido pelo instinto selvagem de futuro, e um outro mais antigo, onde a história de uma velha fábrica se cruza com a sorte de uma família numerosa, recém-chegada de África. Dois mundos, à primeira vista irreconciliáveis, e no entanto, a aproximá-los, por obra do acaso, caminha desde a primeira página a figura de Milene Leandro, a rapariga singular, para quem tudo nasce pela primeira vez, e que, na simplicidade do seu juízo, acabará por obrigar os outros à revelação de si mesmos. Figura central, é precisamente através das mãos de Milene que o leitor entra na primeira página, e é ainda com ela que encerra a última, depois de ter conhecido a suas expensas o caso de um amor, de um crime e de um silêncio para sempre selado. Por isso mesmo, o seu olhar desprevenido sobre a vida, o bem e o mal, assim como a avaliação que faz deste mundo, constituem a verdadeira matéria orgânica que constrói este livro.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (2012)
Género: Romance
Páginas: 464


O Belo Adormecido
Passado um ano e meio da publicação de "O Vento Assobiando nas Gruas" (Grande Prémio Romance e Novela APE e Prémio Correntes d' Escrita), Lídia Jorge regressa com um novo livro de contos, "O Belo Adormecido".
São seis contos "que contam histórias de personagens que estão fora do seu contexto habitual e que têm encontros inesperados com a natureza ou com o outro, de que resulta uma espécie de revelação" (a autora, em entrevista ao JL, 31/3/04). "O Belo Adormecido" é o conto mais longo do livro e conta a história de um encontro entre uma actriz já madura e um rapaz adolescente.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (2004)
Género: Contos
Páginas: 248


O Vale da Paixão
Como na noite em que Walter Dias visitou a filha, de novo os seus passos se detêm no patamar, descalça-se rente à parede com a agilidade duma sombra, prepara-se para subir a escada, e eu não posso dissuadi-lo nem detê-lo, pela simples razão de que desejo que atinja rapidamente o último degrau, abra a porta sem bater e entre pelo limiar apertado, sem dizer uma palavra. E foi assim que aconteceu. Ainda o tempo de reconstruir esses gestos não tinha decorrido, e já ele se encontrava a meio do soalho segurando os sapatos com uma das mãos. Chovia nessa noite distante de Inverno sobre a planície de areia,e o ruído da água nas telhas protegia-nos dos outros e do mundo como uma cortina cerrada que nenhuma força humana poderia rasgar. De outro modo, Walter não teria subido nem teria entrado no interior do quarto.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (2009)
Género: Romance
Páginas: 192


Combateremos a Sombra
Combateremos a Sombra conta a história dum psicanalista que numa noite de Inverno é visitado por um antigo paciente que lhe traz uma mensagem, cujo sentido Osvaldo Campos nunca conseguirá decifrar. À sua volta a realidade começa a entrançar-se e a desentrançar-se à semelhança das narrativas que lhe são narradas no silêncio do seu gabinete. Nessa mesma noite, ele perde uma mulher e ganha outra, e Maria London, aquela a quem chama a sua paciente magnífica, prepara-se para revelar um segredo que o vai colocar diante duma realidade clandestina de dimensões incalculáveis. E ele é apenas um psicanalista, ou como se intitula a si mesmo, tão-só um decifrador de histórias. Assim, este livro inquietante resulta do mergulho na interioridade de Osvaldo Campos em confronto com um desafio que o ultrapassa. Uma tensão psicológica que conduz o leitor a um lugar de observação único, pela mão de uma escritora que nos habituou a mostrar que nada de mais real existe do que o onírico, e nada de mais fantástico do que o real.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (2007)
Género: Romance
Páginas: 484


O Grande Voo do Pardal
"Henrique Gaspar possuía a casa mais linda das redondezas. Ninguém sabia onde ele ia buscar aquilo - árvores com flores cheirosas, relva lisa como carpete, uma piscina que parecia um espelho. [...] Ora certo dia de Primavera, estava ele precisamente a podar uns arbustos, quando reparou num pequeno molho de penas que se movia. Era um molhinho cinzento pousado no chão, que parecia respirar, ali mesmo junto a uma aba de roseira. [...]"
Esta é uma história, simples e bela, onde a escrita elegante e poderosa se manifesta desde as primeiras linhas. Uma pequena jóia literária com alusão a alguns dos temas que se encontram nos grandes clássicos: a amizade, a compaixão e a liberdade.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (2007)
Género: Contos
Páginas: 32


Praça de Londres
Cinco narrativas que oscilam entre o intimista e o irónico.
Em Praça de Londres, reúnem-se 5 contos de Lídia Jorge. 
Além do conto que dá o título à recolha, dela ainda fazem parte Rue du Rhône, Branca de Neve eViagem para Dois, narrativas já antes publicadas. 
O último conto, Perfume, é um inédito que a autora dedica ao realizador turco Yilmaz Güney, autor do filme Yol. Trata-se de uma espécie de réplica à história de amor que esse filme narra, transplantada para uma outra geografia humana.
Praça de Londres tem como subtítulo Cinco Contos Situados, por se tratar de narrativas inscritas em espaços urbanos reconhecíveis e por invocar instantes de vida marcantes, colhidos do quotidiano normal.
De um modo geral, o tom destas cinco narrativas oscila entre o intimista e o irónico. A questão da inocência e da perda é um dos temas que lhes dá unidade.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (2008)
Género: Contos
Páginas: 96


O Herói das Novelas
Colecção Comemorativa dos 15 anos da Associação e da Revista CAIS, a Revista que Desperta Consciências e Ajuda os Sem-Abrigo.
15 Anos, 15 Livros Ilustrados, 15 Autores
No âmbito das comemorações do 15º aniversário da CAIS, 15 autores lusófonos cederam gentilmente 15 contos, e todos foram ilustrados por alunos da Escola Ar.Co.
Fundada em 1994, a CAIS é uma Associação de Solidariedade Social sem fins lucrativos, reconhecida como pessoa colectiva de utilidade pública.
Tem como missão contribuir para o melhoramento global das condições de vida de pessoas sem casa/lar, social e economicamente vulneráveis, em situação de privação, exclusão e risco.
A primeira criação desta associação foi a Revista CAIS. O seu principal objectivo é despertar os leitores e a opinião pública em geral, para as problemáticas sociais relacionadas com os sem-abrigo e com outras formas de exclusão.
As vendas revertem para os vendedores (70%). É distribuída por instituições de cariz social em todo o país, que seleccionam, entre os seus utentes, os vendedores CAIS.
Estes 15 livros vêm marcar a comemoração dos 15 anos da CAIS, para que associações como esta possam continuar a existir, por forma a ajudar a melhorar a nossa sociedade.
Lendo estes livros, irá perceber realidades diferentes do nosso dia-a-dia, e seguramente os seus sentidos ficarão mais despertos em relação aos simples gestos que poderão contribuir para um dia diferente de quem vive na rua.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Padrões Culturais (2009)
Género: Contos
Páginas: 48


Contrato Sentimental
Partindo de uma viagem que efectuou de Norte a Sul de Portugal, a autora reflecte sobre em que consiste o sentimento de ser português, tanto de um ponto de vista linguístico, cultural ou histórico, e olhando para o futuro e para o que significará pertencer a esta nacionalidade numa Europa e num mundo cada vez mais globais.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (2010)
Género: Política
Páginas: 192


O Romance do Grande Gatão
Romance do Grande Gatão conta a história de um gato irreverente, listado, dividido entre o afecto de duas famílias, diferentes, e da sua busca de felicidade e afirmação. É uma história de aventuras pelas noites de luar, de lutas até ao amanhecer e de feridas curadas pela amizade das crianças.
Às palavras poéticas de Lídia Jorge juntam-se as ilustrações de Danuta Wojciechowska. Um livro para guardarmos na memória e relermos vezes sem conta. O triunfo da tolerância entre pessoas, oferecido pela figura de um pequeno animal, que assim se transformou num ser grande.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (2010)
Género: Infantil
Páginas: 48


A Noite das Mulheres Cantoras

Há uma pergunta que percorre este romance de Lídia Jorge, da primeira à última página: Quantas vítimas se deixa pelo caminho para se perseguir um objectivo? A acção do romance decorre no final dos anos 80 do século XX e invoca um tema de inesperada audácia - o da força da idolatria e a construção do êxito - visto a partir do interior de um grupo, narrado 21 anos mais tarde, na forma de um monólogo. 
Como é habitual na obra da autora, a questão social é relevante - a força do todo e a aniquilação do indivíduo perante o colectivo são temas presentes neste livro. Mas aqui, tratando-se de um grupo fechado e dominado pela música, a parábola social submerge perante a descrição de um ambiente de grande envolvimento humano e de densidade poética. 
Servido por uma narrativa ao mesmo tempo rude e mágica, A Noite das Mulheres Cantoras propõe a quem o lê a história de seis figuras que passam a viver para sempre no nosso imaginário. 
A história de amor comovente que une as duas personagens principais, Solange de Matos e João de Lucena, é, por certo, um daqueles episódios que iluminam a realidade e tornam indispensáveis a grande literatura sobre a vida de hoje, com os ingredientes próprios da cultura dos nossos dias.

Autor: Lídia Jorge
Editor: Dom Quixote (2011)
Género: Romance
Páginas: 320

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