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0 Porquê a Guerra? | Opinião


Wook.pt - Porquê a Guerra?Obra clássica sobre o pensamento e a natureza humana. Em 1931, o Instituto para a Cooperação Intelectual convidou Einstein, já então um físico reconhecido, para iniciar uma troca de ideias, sobre a natureza humana, política, guerra e paz, com alguém cuja dimensão intelectual e trabalho merecessem a admiração do próprio Einstein. O criador da teoria da relatividade, ainda que reticente acerca da psicanálise, escolheu Freud. O resultado está neste livro, que permite um lugar privilegiado para observar de perto o diálogo, os pensamentos e as argumentações de dois cérebros que marcaram a História e cujas ideias são ainda influentes no nosso tempo. Esse diálogo escrito, sobre os instintos violentos do homem, as enfermidades sociais ou os poderes do Estado, começaria com uma inquietação de Einstein: "Existe alguma forma de livrar a humanidade da ameaça da guerra?"

Autor: Sigmund Freud e Albert Einstein
Editor: Cultura Editora 
Género: Epístolas e Cartas
Páginas: 72
Original: Warum Krieg? (1933) 

opinião
★★★★


«Entre um passado de violência extrema e o devir de uma paz duradoura, Einstein e Freud pensaram a natureza bélica do homem» (pág. 14)

O livro Porquê a Guerra deixou-me dividida entre genuíno interesse pelo seu conteúdo e a sensação de ter sido induzida em erro pela contracapa. Isto porque este «diálogo escrito sobre os instintos violentos do homem» trata-se na realidade de uma carta de Einstein dirigida a Freud, da resposta deste último ao seu remetente e do comentário escrito pelo professor universitário Felipe Pathé Duarte (que constitui mais de metade do livro)…

A troca de ideias entre Einstein e Freud ocorre antes da criação de uma organização supranacional que emitisse julgamentos de autoridade incontestáveis, no pós-Primeira Guerra Mundial. Einstein coloca a questão: existe alguma forma de livrar a humanidade da ameaça da guerra? e Freud trabalhou a sua melhor resposta em volta desta dúvida.

A ideia de acabar de uma vez por todas com a guerra é, no mínimo, ingénua. Monopolizado pelo Estado desde o século XVII, o conflito armado tem como ponto de partida as relações internacionais, tratando-se de uma prossecução da Política por outros meios. Freud explora o instinto destrutivo do Homem e conclui que uma entidade mantém-se unida por força coerciva da violência e de laços emocionais, pelo que uma comunhão de sentimentos e identificações é a forma de contrariar a guerra.

Desde os conflitos que Einstein e Freud conheceram, temos vindo a observar a evolução da forma de fazer a guerra, conforme os avanços tecnológicos o permitem. Felipe Pathé Duarte alerta para «uma guerra sem emoções, uma guerra sem envolvimento humano», em que o soldado, longe do campo de batalha, é afetado pela dissociação e dessensibilização em relação à violência armada.

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