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0 O Nome da Rosa | Opinião


Wook.pt - O Nome da RosaUm estudioso descobre casualmente a tradução francesa de um manuscrito do século XIV: o autor é um monge beneditino alemão, Adso de Melk, que narra, já em idade avançada, uma perturbante aventura da sua adolescência, vivida ao lado de um franciscano inglês, Guilherme de Baskerville. Estamos em 1327. Numa abadia beneditina reúnem-se os teólogos de João XXII e os do Imperador. O objecto da discussão é a pregação dos Franciscanos, que chamam a igreja à pobreza evangélica e, implicitamente, à renúncia ao poder temporal. Guilherme de Baskerville, tendo chegado com Adso pouco antes das duas delegações, encontra-se subitamente envolvido numa verdadeira história policial. Um monge morreu misteriosamente, mas este é apenas o primeiro dos sete cadáveres que irão transtornar a comunidade durante sete dias. Guilherme recebe o encargo de investigar esses prováveis crimes. O encontro entre os teólogos fracassa, mas não a investigação do nosso Sherlock Holmes da Idade Média, atento decifrador de sinais, que através de uma série de descobertas extraordinárias, conseguira no final encontrar o culpado nos labirintos da Biblioteca.


Autor: Umberto Eco
Editor: Gradiva
Género: Romance
Páginas: 616
Original: Il nome della rosa (1980) 



opinião
★★★★★
«- Mas é uma história de roubos e de vinganças entre monges de pouca virtude! - exclamei duvidando.
- À volta de um livro proibido, Adso, à volta de um livro proibido - respondeu Guilherme.» - 372

Em 1327, numa abadia beneditina, encontramos os monges Adso e Guilherme a desempenhar funções que diferem certamente do seu ofício: investigam a misteriosa morte de um monge... e depois dois... e depois três... A investigação complica-se de dia para dia à medida que os cadáveres vão aparecendo, mas a dupla de noviço e mestre não desiste, actuando como verdadeiros detectives, reunindo pistas e sondando suspeitos.
«terás observado que aqui as coisas mais interessantes acontecem de noite. De noite se morre, de noite se anda pelo scriptorium, de noite se introduzem mulheres na cerca...Temos uma abadia diurna e uma abadia nocturna, e a nocturna parece desgraçadamente mais interessante que a diurna» - 253

Amante do conhecimento e sempre guiado pela lógica, rapidamente Guilherme conclui que os crimes estão associados à biblioteca da abadia e às obras apócrifas que esta encerra. Numa época em que a posse de conhecimento era apontada como heresia, esta biblioteca serve um propósito oposto àquele que seria de esperar: sepulta os livros que contém, impedindo que o conhecimento e a verdade vejam a luz do dia.
«E, assim, uma biblioteca não é não é um instrumento para distribuir a verdade, mas para retardar a sua aparição?» - 270

No entanto, O Nome da Rosa é muito mais do que um intrigante policial/thriller. Por entre os misteriosos assassinatos vamos assistindo a profundos debates teológicos e filosóficos entre os monges, escutando as suas diferentes opiniões sobre o passado e o futuro da Igreja Católica, os diversos pareceres sobre os acontecimentos que marcam a Europa da altura e presenciando a rivalidade entre monges beneditinos e franciscanos. Esta riqueza em conteúdo, aliada ao detalhe histórico com que Eco o escreveu, torna o livro um desafio... mas que vale bem o esforço!
«Porque esta é uma história de livros, não de misérias quotidianas» - 9

Frases Preferidas
(ISBN13: 9788481304954)

«Os monstros existem porque fazem parte dos desígnios divinos, e até nas horríveis façanhas dos monstros se revela a potência do Criador.» - 39

«E este é o mal que a heresia faz ao povo cristão, que torna obscuras as ideias e leva todos a tornarem-se inquisidores pelo próprio bem pessoal» - 50

«aqueles que não podes amar, teme-os» - 63

«quando a alma é arrebatada, então a única virtude está em amar aquilo que vês (não é verdade?), a suma felicidade em ter aquilo que tens, então a vida bem-aventurada bebe-se na sua fonte (não foi dito?), então saboreia-se a verdadeira vida que depois desta mortal nos tocará viver junto dos anjos na eternidade...» - 232

«Os livros não são feitos para se crer neles, mas para serem submetidos a investigação. Diante de um livro não devemos perguntar-nos que coisa diz, mas que coisa quer dizer, ideia que foi muito clara para os velhos comentadores dos livros sagrados.» - 298

«O bem de um livro reside em ser lido. Um livro é feito de signos que falam de outros signos, os quais por sua vez falam das coisas.

«Teme, Adso, os profetas e aqueles que estão dispostos a morrer pela verdade, que de costume fazem morrer muitíssimos com eles, frequentemente antes deles, por vezes em seu lugar.» - 465

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