0 Uma Caneca de Tinta Irlandesa + Opinião
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Flann O'Brien
Uma caneca de tinta irlandesa narra a história de um indolente estudante universitário, que habita com o seu tio em Dublin.
Quando não está no bar mais próximo a beber cerveja com os amigos, ou na cama a dormir, este ocupa o seu tempo a escrever um romance revolucionário sobre um escritor medíocre chamado Dermot Trellis e as suas personagens absurdas que, a certo altura, cansadas da tirania do autor e, sobretudo, da sua péssima escrita, se rebelam, procurando vingar-se dele.
Hilariante e inventivo, este famoso romance de Flann O'Brien, até hoje inédito em Portugal.
Autor: Flann O'Brien
Editor: Cavalo de Ferro (Maço, 2013)
Género: Romance
Original: At Swim-Two-Birds (1939)
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O'Brien - genial O'Brien - escreve em «Uma Caneca de Tinta Irlandesa» um livro sobre um escritor que está a escrever um livro, também este sobre um autor que está a escrever um livro e que mantém as suas personagens cativas, dispondo delas quando e como quer. Resultado? Estas começam a planear a sua vingança…escrevendo um livro…claro.
254 páginas de pura loucura…Consigo imaginar já muitos sobrolhos erguidos perante esta minha sugestão de leitura; tenho plena consciência que «Uma Caneca de Tinta Irlandesa» não é para todos os gostos…mas é definitivamente para o meu! Depois de momentos de desorientação completa, quando finalmente encarreirei com a(s) trama(s), a estranheza de «Uma Caneca de Tinta Irlandesa» entranhou-se-me completamente - a sua textura, tão rica, é de uma complexidade fenomenal. O seu absurdo levou-me ao riso nos momentos mais inesperados… E a cena do julgamento de Dermot Trellis há-de ser uma das mais alucinadas que terei o prazer de ler na minha vida…
Desafiando todas as limitações e esquivando-se a todas as categorias definidas, «Uma Caneca de Tinta Irlandesa» é uma trabalho ambicioso, lavrado a vários níveis, percorrendo várias camadas e atravessando vários planos. A prosa de Flann O'Brien (Brien O'Nolan) é audaz e inteligente, carregada de humor e o grupo de personagens que reúne deve ser uma das misturas mais improváveis com que me cruzei até hoje.
Assim que lhe apanhei o ritmo (se é que isso é sequer possível…) a leitura de «Uma Caneca de Tinta Irlandesa» revelou-se extremamente agradável, sem deixar de ser uma autêntica montanha russa até ao seu subtil final. Prolífico em ideias e seguindo em variadas direcções, O'Brien exige a totalidade da nossa atenção, que, de qualquer das formas, não conseguimos desviar deste livro depois de o começar.
«Uma Caneca de Tinta Irlandesa» é único e, portanto, difícil de definir. Ainda me rio sozinha quando recordo algumas cenas e sorrio nostalgicamente quando recordo outras, o que, tendo em conta que acabei de o ler, diz muito só por si…
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«O mal, parecia-lhe, era a mais contagiosa de todas as doenças conhecidas.»
«E digo-vos uma coisa, é um homem sensato aquele que ouve e nada diz.»
«Pequena é a abelha comparada com as aves mas o seu produto é o primeiro na doçura.»
«Que fosse danado, mas não morria. Viverei, disse ele, viverei nem que isso me mate. Viverei para vos chatear a todos. E viveu. Viveu mais vinte anos.»
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