1 A Questão Finkler
Etiquetas:
2 estrelas,
Howard Jacobson
VENCEDOR DO MAN BOOKER PRIZE 2010
Julian Treslove está em plena crise de identidade. Ele não tem uma opinião muito concreta sobre a circuncisão, o conflito entre Israel e a Palestina, ou os monumentos ao Holocausto - na verdade, sobre todo e qualquer aspeto da cultura judaica dos nossos dias. Mas o verdadeiro problema com a identidade de Julian é não ser judeu - não que esse pequeno pormenor o impeça de viver obcecado com o judaísmo.
No início do livro Julian, de 49 anos, acaba de sair de um jantar com o seu colega dos tempos de escola Sam Finkler e do antigo professor de ambos, Libor Sevcik. Sam e Libor, ambos judeus, perderam recentemente as suas esposas. O passado de Julian com as mulheres é um pouco diferente: nunca se casou e tem dois filhos adultos que sempre ignorou. No meio dos seus devaneios, enquanto regressa a casa, acaba por ser assaltado por uma mulher que, ao partir, lhe chama Judeu - ou pelo menos foi isso que lhe pareceu ouvir. A partir desse momento, o seu sentido de identidade começará a transformar-se radicalmente.»
Autor: Howard Jacobson
Editor: Porto Editora (2011)
Páginas: 376
✏ Howard Jacobson, de origem judaica, nasceu em Manchester, em 1945. Os seus romances centram-se nas relações e comportamentos da sociedade judaica britânica, o que já levou a crítica a considerá-lo o "Philip Roth inglês". Diz, no entanto, e em jeito de ironia, preferir ser conhecido como o "Jane Austen judeu". Em paralelo com a escrita, foi também professor de Inglês no Wolverhampton Polytechnic do West Midlands, no Selwyn College e na Universidade de Sidney. Participou igualmente em vários programas televisivos do canal britânico Channel 4. A Questão Finkler, vencedor do Man Booker Prize 2010, é o primeiro livro do autor publicado em Portugal.
Opinião: 2*
Em «A Questão Finkler» acompanhamos Julian Treslove…um homem obcecado em arranjar uma mulher…que morra! Depois de alguns casos amorosos falhados (ao que parece as mulheres teimam em manter-se vivas…), dos quais acabaram por resultar dois filhos que Treslove tem dificuldade em diferenciar e, sinceramente, não está muito preocupado com isso…
Aos falhanços amorosos podemos adicionar o falhanço profissional, já que a carreira na BBC nunca chegou a ter um desenvolvimento digno de nota, tendo Treslove optado por trabalhar como sósia. Quanto aos amigos mais chegados, atravessam ambos o sombrio período da viuvez (o qual Treslove inveja) e chamar Finkler de amigo é ligeiramente pretensioso já que Treslove tem pouca ou nenhuma afinidade com este indivíduo…exceto talvez a falecida mulher de Finkler…
Depois de um estranho assalto, onde Finkler pensa ter ouvido uma mulher chamá-lo de judeu ele decide que, bem, poderia muito bem sê-lo!...
A questão central pode até ser bastante interessante: o que representa ser judeu, tanto no passado como na atualidade…Mas a história que envolve esta mesma questão roça o ridículo… e existe um limite quanto ao que uma pessoa consegue ler sobre «judeus enVERgonhados», «finklers», antissemitas, discussões sobre Israel e a Faixa de Gaza… e como agravante: parece não haver limite para a idiotice de Treslove.
Apesar de algumas partes bastante divertidas, o resto do livro tende a arrastar-se interminavelmente em conceitos que, apesar de interessantes, não são colocados de forma a estimular a nossa atenção e prender o nosso interesse. O facto de não simpatizar com nenhuma personagem em particular também não ajudou a criar qualquer tipo de relação com este livro… tornando-o custoso de ler.
Aprecio, contudo, e bastante, o tipo de humor do autor.
Frases Preferidas:
«- Qual é a tua cor preferida?
- Mozart.
- E o teu signo astrológico?
- O meu estado oftalmológico?
- Astrológico. O teu signo.
- Ah, Jane Russell.»
«Nunca há vida suficiente quando somos felizes, essa é a questão.»
«- O teu pai sempre esteve em negação - disse Josephine. - Sempre negou o facto de ser um cabrão.»
«(...) fascismo, nazismo, estalinismo. Estas coisas não desapareciam. Não tinham para onde ir. Eram indestrutíveis, não-biodegradáveis.»
«Foda-se para isto, pensou. Naquele instante, era o resumo de toda a sua filosofia. Foda-se para isto.»
«E, no ciúme, uma sensação é uma razão.»
Assinar:
Postar comentários (Atom)
ResponderExcluirhttp://numadeletra.com/17407.html