0 Nunca Digas Adeus
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Lesley Pearse
Em «Nunca Digas Adeus» somos apresentadas a duas amigas - Susan e Beth - que se reencontram na vida adulta depois de anos sem comunicarem. Ainda assim, revelando os segredos do seu passado, conseguem influenciar o presente uma da outra.
Lesley traz-nos uma história muito interessante e diferente das dos livros de sua autoria já traduzidos para português. Começando de forma muito intrigante, em 1995, com fantásticas descrições físicas das personagens e do ritmo e vida da cidade, depressa somos reencaminhados para o passados destas duas mulheres; para o início da sua amizade, em 1961, quando tinham apenas 10 anos, até 1966, quando já tinham 15 e quebraram os laços da amizade.
Ambas vítimas de injustiças perpetradas pelos próprios familiares, cedo nos revoltamos contra os pais destas raparigas e nos apercebemos que muitas vezes desconhecemos o que se passa realmente na vida das pessoas, fazendo apenas assumpções tendo por base apenas fachadas. Foi o que aconteceu com Susan e Beth, ambas se convenceram de que a outra tinha uma vida feliz e sortuda. Ambas se enganaram...
Alternando entre passado e presente, entre o que foram um dia e no que se tornaram, Lesley leva-nos a conhecer bem estas mulheres, os traumas e infortúnios que sofreram e eventuais consequências que estes tiveram na modulação das suas personalidades de estilos de vida.
Beth e Susan têm no presente que ir buscar elementos ao passado, que lhes permitam salvar o futuro: isto torna «Nunca Digas Adeus» uma leitura muito agradável, cujos pontos negativos que saliento são apenas:
- Um ritmo demasiado (e desnecessariamente) lento;
- Pouca acção. Quase tudo se passa em conversa ou em lembrança das protagonistas;
- Beth afirma-se muito amiga de Susan e parece sofrer imenso com o que lhe está a acontecer mas não têm conversas afáveis ou ternurentas uma com a outra. Lesley falha em transmitir o carinho que supostamente sentem ainda uma pela outra, especialmente com Beth que é muitas vezes hostil para Susan nas suas visitas e incompreensiva, irritando-se com muitas das coisas que Susan diz;
- Reconheço que há pontos de viragem na mentalidade e vida das pessoas mas há coisas que não se alteram ou se esquecem de um dia para o outro ou, neste caso, num simples sonho. Beth muda demasiado depressa, deixando cair todos os seus receios de forma muito fácil e súbita;
- O final do livro arrasta-se imenso - aliás, o livro já estava acabado muito antes do último ponto final;
- O fim de Steven, por quem acabamos por desenvolver grande afeição, é muito incompleto e fica demasiado no ar para que me considere satisfeita com a sua conclusão na história.
Frases Preferidas:
«Sabia agora que tinham sido as defesas que construíra à sua volta que tinham travado a humilhação e a troça. E nunca saberia que coisas boas deixara do outro lado, juntamente com as más.»
«Mais vale contar tudo do que deixá-lo infectar cá dentro.»
«Poucos nos vemos como realmente somos. - Susan encolheu os ombros. - É quase sempre preciso que alguém nos mostre.»
«Não é demasiado tarde para desceres desse muro onde tens estado empoleirada há tanto tempo. Desce agora, junta-te à vida, faz parte dela.»
Sinopse:
Num chuvoso dia de outono, Susan Wright entrou numa clínica, matou duas pessoas a sangue-frio e aguardou que a polícia chegasse. Terá sido um ato de loucura? Uma vingança planeada? Susan não parece interessada em defender-se e recusa falar. O seu silêncio estende-se a Beth Powell, a advogada a quem é atribuído o caso. Beth é uma mulher de sucesso com uma carreira brilhante mas nada a preparara para o momento em que identifica a autora daquele crime tão bárbaro. Quando eram crianças, Beth e Susan juraram ser amigas para sempre. Vinte e nove anos depois, mal se reconhecem. Mas as memórias dos verões felizes das suas infâncias são suficientemente poderosas para as unir de novo. Enquanto as provas contra Susan se acumulam, elas partilham recordações e revelam os segredos que ditaram o rumo das suas vidas.
A amizade entre as duas mulheres torna-se cada vez mais forte mas sobre uma delas pende a implacável mão do destino…
Autora: Lesley Pearse
Editora: Edições ASA (Junho 2012)
Páginas: 432
Original: Till We Meet Again (2003)
Cotação: 3!
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