Destaques

0 O Leopardo + Opinião

  Romance histórico situado na segunda metade do século XIX, O Leopardo conta a fascinante história de uma aristocracia siciliana decadente e moribunda, ameaçada pela aproximação da revolução e da democracia.
  O enredo dramático e a riqueza dos comentários, o contínuo entrelaçar de mundos públicos e privados e, sobretudo, a compreensão da fragilidade humana impregnam O Leopardo de uma particular beleza melancólica e de um raro poder lírico, fazendo dele uma das obras-primas da literatura.
  Em 1959, foi-lhe atribuído o Prémio Strega e, em 1963, foi imortalizado no cinema por Luchino Visconti, com Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale nos principais papéis.

Autor: Giuseppe Tomasi de Lampedusa
Editor: Dom Quixote (Abril, 2014)
Género: Romance
Páginas: 336
Original: Il Gattopardo (1958) [Goodreads]

opinião
O Leopardo by Giuseppe di Lampedusa
My rating: 4 of 5 stars

Dom Fabrizio era, em 1860, de uma estirpe em vias de extinção. Melancólico e nostálgico, é através dele e das suas perspicazes observações que assistimos à inevitável decadência da aristocracia siciliana.

A modernização, resultante da revolução e da democracia, trouxe custos muito elevados para as classes sociais mais altas e é nesse precioso e decisivo momento - na exata altura da mudança - que chegamos até Dom Fabrizio. Apesar de perder poder a cada dia que passa, assistindo à corrupção da tradição, à colisão entre gerações e à destruição do mundo como sempre o conheceu, o Príncipe possui sabedoria suficiente para aceitar o progresso, compreender a sua necessidade e inevitabilidade. Facilmente compreende, e aplaude, a necessidade do tipo de adaptação adotada pelo sobrinho Tancredi - inteligente e oportunista - quebrando a tradição e mudando para tentar que, na realidade, nada mude.

Especialmente pela sua elegância, a prosa de Giuseppe di Lampedusa reproduz muito fielmente uma realidade e um tempo já perdidos. O contexto social e político é construído com grande competência, juntamente com algum humor e ironia. Mas, mais precisamente, foram o que infiro serem comentários pessoais do autor, de teor filosófico e partilhados sob a forma de frases arrebatadoras, que me conquistaram em pleno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário