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0 Cidades da Noite Vermelha + Opinião

  Um viciado em ópio perde-se na selva; homens fazem guerra a um império de mutantes; um jovem e belo pirata confronta-se com a sua execução; e a população mundial está infetada por uma epidemia radioativa.
  Estas histórias ligam-se através de uma narrativa maior de mutilação e caos. Cidades da Noite Vermelha, publicado em 1981, marca uma nova etapa na escrita de William S. Burroughs, que desenvolve aqui a sua poética plástica, recorrendo à incorporação de variadíssimos níveis de linguagem e diferentes meios de expressão artística, como a pintura ou a música.
  A ação desenvolve-se em dois planos, fazendo-nos navegar entre o século XVIII, em que a atuação de um grupo de piratas se rege pelos «Artigos» do capitão James Mission (que antecederam em cem anos os princípios da Revolução Francesa), e o século xx, em que um detetive investiga o desaparecimento e a morte ritual de um rapaz.
  Em Cidades da Noite Vermelha, William S. Burroughs satiriza duramente as sociedades modernas, através de uma história de sexo, drogas, doença e aventura.

Autor: William S Burroughs
Editor: Quetzal (Março, 2014)
Género: Romance
Páginas: 384
Original: Cities of the Red Night (1981) [Goodreads] [WOOK]
   


Opinião...

My rating: 2 of 5 stars

Cidades da Noite Vermelha terá necessariamente que ser um dos livros mais confusos, estranhos e repulsivos que eu já li… William S. Burroughs foi muito bem-sucedido nesse propósito. É também um livro que eu não gostei de ler

As narrativas, separadas pelo tempo, espaço e sabe-se lá mais o quê (!), tornam-se cada vez mais caóticas e bizarras até um final do qual é muito difícil tirar algum sentido. Contudo, não foi sua complexidade que me impediu de apreciar a obra.

Também não foi a sua violência visceral, fulgurantes descrições homo-eróticas ou atmosfera grotesca de luxúria e depravação que me afastaram do livro. Pelo contrário, é através desta loucura que Burroughs se patenteia como um escritor possante, intenso, enérgico e desafiante, criando uma sátira poderosamente artística. Esta sua extraordinária capacidade imaginativa e originalidade, aliadas ao carácter autobiográfico do livro, impedem-me de o desconsiderar por completo. Sem apelar necessariamente à lógica, a prosa de Burroughs é muito exigente e o seu conteúdo muito variado, combinando elementos do fantástico com ficção científica. 

É na realidade uma obra única. Uma daquelas que se lêem pela experiência que representa ...E é aqui que se esconde o motivo pelo qual eu não apreciei esta leitura: não gostei particularmente da experiência. Mesmo reconhecendo todo o potencial do livro e o génio do seu autor, este livro não era, muito simplesmente, para mim.

Sobre o autor...
William S. Burroughs nasceu em 1914 no Missouri. O seu primeiro e mais autobiográfico romance, Junky, o retrato clássico do constante ciclo da dependência das drogas de que foi vítima toda a sua vida. Em 1951, ao fazer o número de um Guilherme Tell bêbado, matou acidentalmente a mulher com quem era casado. Membro fundador do movimento Beat, Burroughs celebrizou-se através do cut-up, método de escrita que utilizou no romance Naked Lunch (Festim Nu), mas também da sua intervenção noutras área, como a pintura, ou as artes performativas.
Morreu em 1997.


E os Hipopótamos Cozeram nos Seus Tanques

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