0 Os Frutos do Vento | Opinião
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Opinião,
Romance,
Tracy Chevalier
Em 1853, Robert, o filho mais novo, encontra-se a vaguear pela Califórnia em plena Febre do Ouro, incerto de que rumo dar à vida. Deve continuar a fugir do passado ou constituir família?
A vida dos colonos americanos retratada num romance intenso onde a família é causa de sofrimento e alegria.
Autor: Tracy Chevalier
Editor: Editorial Presença (Junho, 2016)
Género: Romance > Ficção Histórica
Páginas: 288
Original: At the Edge of the Orchard (2016)
opinião
★★★☆☆
Esta é a
primeira vez que entro em contacto com o trabalho de Tracy Chevalier e tenho
que começar por dizer que me impressionou o interesse que consegue dar a temas
que, à partida, não o teriam.
Começamos a
história com a luta diária que representa a vida em Black Swamp. Em constante
conflito e com as suas prioridades claramente trocadas, Sadie e James Goodenough
são uns péssimos pais, extremamente negligentes e impacientes para com os
filhos. Os Goodenough tentam desesperadamente sobreviver numa terra muito
difícil de cultivar e parece que a lama, a podridão e imundice do pântano acaba
por manchá-los muito para além da superfície…
Após uma
tragédia familiar passamos à segunda fase do livro em que acompanhamos Robert,
um dos filhos, que foge de casa deixando
tudo para trás e quebrando os laços com a família. Robert viaja pela América,
solitariamente, aceitando diversos trabalhos e lutando para levar uma vida
honesta no meio de pessoas desonestas. Eventualmente, chega à Califórnia onde começa a trabalhar no
envio de árvores e sementes para o Reino Unido… E depois de todo o tempo que
passou a tentar fugir do que aconteceu, é justamente o reencontro com passado
que levará a sua vida a avançar numa direção inesperada.
Posso dizer
que o livro soube a pouco; a história terminou sem que eu tivesse dado sequer
por chegar próximo da conclusão… o que é um elogio para a sua autora. Gostei de
acompanhar as vidas difíceis destes personagens, de os ver aceitar e
ultrapassar desafios. Apesar de me parecer um romance bem construído, lamento
muito o facto de este não possuir um ponto alto/entusiasmante que lhe dê um
sentido mais abrangente. Também não gostei da perspetiva de Robert se conformar
com um futuro que não procurou de todo, muito pelo contrário. Felizmente, no
final, Tracy Chevalier deixa espaço para podermos dar largas à nossa imaginação
no que concerne ao futuro dos personagens.
Embora sem
grande alvoroço, gostei do livro e gostei sobretudo da mensagem de que, sem
pressa, tal como as sementes, podemos aguardar as nossas condições ideias para
«decidir» germinar.
'Chevalier has created a patchwork of stories in which some pieces stand out more than others; together they form a picture of lives wrested from an unforgiving land, but with a promise of renewal.' - Stephanie Merritt, The Guardian
'Chevalier has carved out a middle-point between writing literary fiction and its page-turning, commerical counterpart and this book will serve both those audiences.' - Arifa Akbar, The Independent
Tracy Chevalier nasceu em Washington D.C., mas aos 22 anos foi viver para Londres, onde reside atualmente com o marido e o filho. Tem um mestrado em Escrita Criativa pela Universidade de East Anglia e é uma autora muito acarinhada pelo público e pela crítica. O seu segundo romance, A Rapariga do Brinco de Pérola, recebeu o Barnes and Noble Discover Award, foi um estrondoso sucesso internacional e deu origem a uma versão cinematográfica nomeada para os óscares e protagonizada por Colin Firth e Scarlett Johansson.
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