0 Todos os Nomes + Opinião
Etiquetas:
4 estrelas,
José Saramago,
Literatura Lusófona,
Romance
Dedica-se portanto a copiar os respectivos dados das fichas que se encontram no arquivo. Casualmente, a ficha de uma pessoa comum (uma mulher) mistura-se com outras que estás copiando.
O súbito contraste entre o que é conhecido e o que é desconhecido faz surgir nele a necessidade de conhecer a vida dessa mulher. Começa assim uma busca, a procura do outro.
Autor: José Saramago
Sem estar entre os meus preferidos de José Saramago, 'Todos os Nomes' é um trabalho de qualidade inegável, capaz de agradar ao leitor não tanto pela trama - como é o meu caso - mas pela sabedoria do seu autor. Saramago tinha a extraordinária capacidade de nos atirar sucessivamente as verdades à cara, sem perder muito tempo com dissecações.
O Sr. José deste 'Todos os Nomes' apresenta-se-nos como uma (fraca) figura relativamente inocente e bem intencionada. Trabalhador na Conservatória, cujo objetivo é «transformar em meros papeis a vida e a morte», o Sr. José depara-se certo dia com o verbete de uma mulher desconhecida e, querendo a todo o custo dar significado ao que parece mero acaso, José começa a procurá-la.
Em busca desta ilusão, José compromete não só o seu comportamento profissional e «as veneradas leis deontológicas da Conservatória», mas também a sua existência ordeira e melancólica; embora o próprio afirme que não é triste, não identificamos nenhuma fonte de alegria na sua vida. Solitário em todas as tarefas e ocasiões, tudo nos seus dias se resume a rotina e sacrifícios devem ser feitos de modo a manter a ordem das coisas, incluindo ignorar desejos e receios. Esta ordem estende-se à organização da Conservatória, cuja bem estabelecida hierarquia reflete diferentes direitos, deveres e comportamentos entre os seus trabalhadores.
O Sr. José acaba por embarcar numa aventura - coisa rara na sua vida. «anda tudo à volta de saber onde se encontram realmente as pessoas que procuramos» e, cada vez mais obstinado e comprometido, o Sr. José fica disposto a tudo para concluir a sua procura.
Editor: Caminho (2010)
Género: Romance
Páginas: 335
opinião
★★★★☆
My rating: 4 of 5 stars
«É indiferente que tenha cabeça ou tenha pés, falo-te de outra parte do corpo, do coração, esse que vocês dizem ser o motor e a sede dos afectos»
Sem estar entre os meus preferidos de José Saramago, 'Todos os Nomes' é um trabalho de qualidade inegável, capaz de agradar ao leitor não tanto pela trama - como é o meu caso - mas pela sabedoria do seu autor. Saramago tinha a extraordinária capacidade de nos atirar sucessivamente as verdades à cara, sem perder muito tempo com dissecações.
«A vida está situada entre o nada e o nada.»
O Sr. José deste 'Todos os Nomes' apresenta-se-nos como uma (fraca) figura relativamente inocente e bem intencionada. Trabalhador na Conservatória, cujo objetivo é «transformar em meros papeis a vida e a morte», o Sr. José depara-se certo dia com o verbete de uma mulher desconhecida e, querendo a todo o custo dar significado ao que parece mero acaso, José começa a procurá-la.
Em busca desta ilusão, José compromete não só o seu comportamento profissional e «as veneradas leis deontológicas da Conservatória», mas também a sua existência ordeira e melancólica; embora o próprio afirme que não é triste, não identificamos nenhuma fonte de alegria na sua vida. Solitário em todas as tarefas e ocasiões, tudo nos seus dias se resume a rotina e sacrifícios devem ser feitos de modo a manter a ordem das coisas, incluindo ignorar desejos e receios. Esta ordem estende-se à organização da Conservatória, cuja bem estabelecida hierarquia reflete diferentes direitos, deveres e comportamentos entre os seus trabalhadores.
«A metáfora sempre foi a melhor forma de explicar as coisas.»
O Sr. José acaba por embarcar numa aventura - coisa rara na sua vida. «anda tudo à volta de saber onde se encontram realmente as pessoas que procuramos» e, cada vez mais obstinado e comprometido, o Sr. José fica disposto a tudo para concluir a sua procura.
«O espírito humano, porém, quantas vezes será preciso dizê-lo, é o lugar predilecto das contradições.»
Frases Preferidas
«tens de aprender a viver com a escuridão de fora como aprendeste a viver com a escuridão de dentro.» - 211
«e agora ala, não sejas cobarde, que é o pior de tudo.» - 211
«se um relógio começa a atrasar-se ou a adiantar-se não é por defeito do tempo, mas da máquina, o que eu devo ter, portanto, é a corda avariada.»
«esta nossa necessidade de ir pelo mundo a dizer quem somos, mesmo quando acabámos de ouvir, Ah, é você, como se por nos terem reconhecido nos conhecessem e não houvesse mais nada a saber de nós.» - 224
«é nas ocasiões de mais extremo apuro que o espírito dá a autêntica medida da sua grandeza.» - 284
«as obras do acaso são infinitas.» - 292
Clique em
"Curtir"
se gostou deste post. Ajuda muito! :)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário