0 O Oficial e o Espião + Opinião
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Robert Harris
Este romance baseia-se, tão ao gosto do autor, num caso histórico que ficou como exemplo de injustiça, corrupção e preconceito e em que se envolveram muitas outras personalidades históricas bem conhecidas. Trata-se do drama cuja personalidade central foi Alfred Dreyfus, acusado de ter vendido informações aos serviços secretos alemães, que foi condenado e deportado para Ilha do Diabo, na Guiana Francesa.
Robert Harris narra-o na primeira pessoa, pela voz de um oficial de nome Picquart, uma figura discreta na vida real, mas que aqui se transforma na figura principal. Este personagem vem a descobrir a inocência de Dreyfus e persiste em repor a verdade dos factos, sofrendo com isso pesadas consequências.
Oficial e Espião pode ser lido como um magnífico thriller histórico que recria de modo convincente um dos mais famosos casos de corrupção judicial.
Autor: Robert Harris
Editor: Editorial Presença (Junho, 2014)
Género: Thriller
Páginas: 496
Original: An Officer and a Spy (2013) [Goodreads] [Wook]
opinião
O Oficial e o Espião by Robert Harris
My rating: 3 of 5 stars
My rating: 3 of 5 stars
'O Oficial e o Espião' debruça-se sobre o escândalo que mais danos provocou à Terceira República francesa - o caso Dreyfus… Parti do princípio que este argumento, por si só, se concretizaria obrigatoriamente em grande interesse na leitura do livro, mas não foi bem assim…
A história é mais do que conhecida: o capitão Alfred Dreyfus vê-se apressadamente (e com recurso a provas forjadas) condenado em conselho de guerra por transmitir segredos militares franceses aos alemães, sendo consequentemente - e com grande desorna pública - enviado para a colónia penal francesa da ilha do Diabo.
Por conhecer o desenvolvimento e o desfecho da história, esta falhou em despertar o meu interesse e, o que é ainda mais raro para mim, impediu-me de manter um ritmo de leitura dedicado. A falta de curiosidade e empatia pelas personagens fez com que me afastasse imenso do livro e, pior, quanto mais adiava a leitura, menos vontade tinha de a retomar.
Foi só a partir da segunda parte do livro que comecei a ganhar algum gosto pela leitura, especialmente graças à familiarização com o coronel Georges Piquart que, tendo investigado o caso e concluído que a partilha de informação fora na realidade trabalho do comandante Esterhazy tentou fazer com que a sentença de Dreyfus fosse revista e, como resultado, é enviado para a Tunísia, depois demitido, depois preso e depois submetido a julgamento. Enfim, as autoridades estavam realmente apostadas em abafar o caso Dreyfus, mostrando uma enorme falta de vontade em abrir nova investigação, não querendo ver o seu prestígio e credibilidade questionados de alguma forma.
Não posso deixar de admitir que este livro é uma boa obra de ficção criada em cima da história verdadeira/oficial, com suposições credíveis e um exaustivo trabalho de investigação por trás. Gostei de ver relatada a divisão que o caso provocou na sociedade francesa, como minou a República e reacendeu o antissemitismo. Infelizmente, esta leitura não me entusiasmou como eu gostaria.
✏ Robert Harris nasceu em Nottingham em 1957 e formou-se na Universidade de Cambridge. Foi jornalista nos programas da BBC Panorama e Newsnight, antes de se tornar editor político do jornal Observer em 1987, e depois colunista do The Sunday Times e Daily Telegraph. Em 2003 foi nomeado Colunista do Ano pelo British Press Awards. É autor dos bestsellers Fatherland, Enigma e Archangel, publicados pela Bertrand.
✏ Livros publicados em Portugal:
- O Oficial e o Espião (Editorial Presença, 2014)
- Lustrum (Editorial Presença, 2011)
- Imperium (Editorial Presença, 2006)
- Pompeii (Bertrand Editora, 2004)
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