13 A Maldição do Rei + Opinião
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3 estrelas,
4 estrelas,
Philippa Gregory,
Romance Histórico
Guerra dos Primos | |||
Título | Livro n.º | Edição Portuguesa |
Publicação
Original
|
A Senhora dos Rios | 1 | ✓ | ✓ |
A Rainha Branca | 2 | ✓ | ✓ |
A Rainha Vermelha | 3 | ✓ | ✓ |
A Filha do Conspirador | 4 | ✓ | ✓ |
A Princesa Branca | 5 | ✓ | ✓ |
A Maldição do Rei | 6 | ✓ | ✓ |
A Senhora dos Rios
Guerra dos Primos #1
«A senhora dos rios de Philippa Gregory - Jacquetta é casada com o Duque de Bedford, regente inglês da França, que lhe dá a conhecer um mundo misterioso de conhecimento e de alquimia. O único amigo de Jacquetta é o escudeiro do duque, Ricardo Woodville, que está a seu lado quando a morte do duque faz dela uma viúva jovem e rica. Os dois tornam-se amantes e casam em segredo, regressando à Inglaterra para servir na corte do jovem monarca Henrique VI, onde Jacquetta vem a ser uma amiga próxima e leal da sua nova rainha. Depressa os Woodville conquistam uma posição no núcleo da corte de Lencastre, apesar de Jacquetta pressentir a crescente ameaça vinda do povo da Inglaterra e o perigo de rivais pretendentes ao trono. Mas nem a coragem e a lealdade dos Woodville bastam para manter no trono a Casa de Lencastre. Jacquetta luta pelo seu rei, pela sua rainha e pela sua filha Isabel, para quem prevê um futuro extraordinário e surpreendente: uma mudança de destino, o trono da Inglaterra e a rosa branca de Iorque.»
Autor: Philippa Gregory
Editora: Civilização Editora (2012)
N.º Páginas: 568
Título Original: Lady Of The Rivers
opinião:
Esta série está cada vez melhor!
Em A Senhora dos Rios acompanhamos Jacquetta, mãe de Isabel Woodville (A Rainha Branca), durante grande parte da sua vida.
Apesar dos Woodville manterem uma boa posição na corte de Lencastre, Jacquetta consegue pressentir a ameaça crescente que os Iorque representam. O rei, Henrique, não tem capacidade de lidar com os problemas do seu reino e a sua demência torna-o inapto para ser um dos peões regentes neste jogo. A sua esposa, Margarida de Anjou, transmuta a sua infelicidade pessoal em sôfrega ambição, ignorando por completo o bem-estar do povo de Inglaterra. Para pôr fim a esta má governação, o Duque de Iorque regressa da Irlanda e insurge-se contra o rei…como já é hábito, Philippa Gregory justifica tão bem as acções dos seus personagens que nos leva a mudar de «equipa»…outra vez!
Pessoalmente, gostei que a ganância pelo trono estivesse ausente na própria narradora (Jacquetta), algo bastante presente em Isabel Woodville (A Rainha Branca), em Margarida Beaufort (A Rainha Vermelha) e mais atenuadamente em Ana Neville (A Filha do Conspirador). Neste livro, Jacquetta vive um amor genuíno, um casamento escolhido por si e sem interesses subjacentes...Gregory manteve o orgulho, vaidade, ambição, traição e falsidade que tanto nos agradou nos livros anteriores, apenas a distribuiu por outras personagens que não a protagonista.
A autora manobra a componente mística de forma brilhante, conferindo-lhe um crédito tão dúbio e incerto que acaba por tornar o livro ainda mais mágico, por assim dizer.
Philippa Gregory tem vindo a construir uma série fantástica, credível, bem fundamentada e repleta de personagens fortes. O seu tom, confiante e assertivo, mostra-nos que, como historiadora, Gregory tem realmente algo a acrescentar!
«(...) esse é o primeiro passo. Permitir-vos saber que desejais alguma coisa, que ansiais por ela. Por vezes, isso é o mais difícil. Porque é necessário ter coragem para se saber o que se deseja. É preciso coragem para se admitir que se é infeliz sem ela. E, às vezes, é preciso coragem para saber que foi uma tontice ou um erro nosso que nos fez perdê-la.»
~ A Senhora dos Rios, Philippa Gregory
A Rainha Branca
Guerra dos Primos #2
«"A Rainha Branca" é a história de uma plebeia que ascende à realeza servindo-se da sua beleza, uma mulher que revela estar à altura das exigências da sua posição social e que luta tenazmente pelo sucesso da sua família, uma mulher cujos dois filhos estarão no centro de um mistério que há séculos intriga os historiadores: o desaparecimento dos dois príncipes, filhos de Eduardo IV, na Torre.
Através da sua visão única, Philippa Gregory explora o maior mistério até hoje por resolver, baseando-se numa investigação perfeita e recorrendo ao seu inimitável talento como contadora de histórias.»
Autor: Philippa Gregory
Editora: Civilização Editora (2010)(Junho, 2015)*
N.º Páginas: 472
Título Original: The White Queen
*Reedição
*Reedição
opinião:
A maior dificuldade na leitura deste livro é a identificação das personagens uma vez que estas são imensas, todas aparentadas entre si e com os nomes muito repetidos...É muito difícil conseguir seguir as personagens e identificar a relação de parentesco entre elas - e a consulta recorrente da árvore genealógica quebra imenso o ritmo da narrativa.
O meu segundo problema com este livro é a introdução de misticismo num livro que, partimos do princípio, é uma documentação histórica, detalhada e factual dos acontecimentos. Mesmo que Elizabeth Woodville acreditasse ser descendente da deusa aquática Melusina mas a credibilidade que Philippa Gregory dá aos seus poderes mágicos e feitiços, considerando-os como a causa do sucesso de Elizabeth em várias passagens do livro, influenciando assim toda a história, diminui a credibilidade desta obra. Todo o realismo transmitido pela narrativa, sob a voz da própria Elizabeth, que se apoia numa pesquisa formidável levada a cabo pela autora, cai sobre terra quando é inserido no livro este tipo de mito fantástico.
A precisão com que os acontecimentos são narrados e o nível de detalhe imposto aos mesmos pela autora tornam A Rainha Branca um livro que poucos poderiam escrever com esta qualidade. As descrições da época, do ponto de vista de uma mulher comum e, depois, do ponto de vista de uma monarca, são brilhantes.
Contudo, o mais fascinante com Gregory são as lacunas históricas que a autora de esforça por preencher, fazendo a sua própria interpretação ao descortinar um passado ambíguo, tentando sempre interpretar as intenções pessoais de cada figura, os seus motivos e aspirações, que desencadeiam numa sucessão de intrigas e traições, vinganças e invejas, ganância e fome de poder.
A história é forte e fascinante, seguindo os acontecimentos cronologicamente e acompanhando de perto a corte britânica à medida que a ambição de Elizabeth cresce, lutando pelo trono não só para si mas também para os filhos e gerações futuras da sua família. Não há tentativa de desculpar as acções de nenhuma das partes envolvidas, apenas os acontecimentos que lhes toldaram as acções - a própria protagonista parece colocar o trono em primeiro lugar, não se limitando a gerar herdeiros mas a agir e manipular, conforme os seus interesses.
O livro é compreensivelmente monótono em algumas partes mas rico em detalhes de guerra que lhe conferem alguma acção pelo meio. Há pouco sentimentalismo e as relações interpessoais apresentam-se-nos como vazias.
A Rainha Vermelha
Guerra dos Primos #3
«Herdeira da rosa vermelha de Lancaster, Margarida vê as suas ambições frustradas quando descobre que a mãe a quer enviar para um casamento sem amor no País de Gales. Casada com um homem que tem o dobro da sua idade, depressa enviúva, sendo mãe aos catorze anos. Margarida está determinada em fazer com que o seu filho suba ao trono da Inglaterra, sem olhar aos problemas que isso lhe possa trazer a si, à Inglaterra e ao jovem rapaz. Ignorando herdeiros rivais e o poder desmedido da dinastia de York, dá ao filho o nome Henrique, como o rei, envia-o para o exílio, e propõe o seu casamento com a filha da sua inimiga, Isabel de York.
Acompanhando as alterações das correntes políticas, Margarida traça o seu próprio caminho com outro casamento sem amor, com alianças traiçoeiras e planos secretos. Viúva pela segunda vez, Margarida casa com o impiedoso e desleal Lorde Stanley. Acreditando que ele a vai apoiar, torna-se o cérebro de uma das maiores revoltas da época, sabendo sempre que o filho, já crescido, recrutou um exército e espera agora pela oportunidade de conquistar o prémio maior.»
opinião:
A Rainha Vermelha desenrola-se no mesmo período histórico que A Rainha Branca. Os acontecimentos são basicamente os mesmos, o que muda é o ponto de vista.
Desta vez a narrativa fica a cargo de Margaret Beaufort, uma beata apagada, manipuladora, interesseira, persistente, gananciosa e hipócrita, cega pelo sonho e convicção de que foi escolhida por Deus para tomar o trono britânico, por meio da coroação do seu filho - Henry.
A forma como Philippa Gregory nos revela esta obsessão é demasiado repetitiva, o que torna o livro aborrecido em certas partes - nós apercebemo-nos da beatice de Margarida logo no primeiro capítulo, não havia necessidade alguma de reforçar essa ideia até à exaustão do leitor!
A falta de acção vem contribuir imenso para a monotonia desta leitura que, e ainda bem, é significativamente menor que a anterior.
A tentativa de Gregory em não vilanizar uma personagem que de agradável tem tão pouco, torna o livro ainda mais interessante - percebemos as motivações desta mulher no contexto da brutalidade medieval do seu tempo sem, no entanto, concordarmos com o seu ponto de vista.
Um livro muito bem escrito e interessante, sem os elementos do fantástico, completamente fora do contexto, presentes no livro anterior - A Rainha Branca.
Autor: Philippa Gregory
Editora: Civilização Editora (2011)
N.º Páginas: 408
Título Original: The Red Queen
Guerra dos Primos #4
"Perdi o meu pai numa batalha, a minha irmã às mãos de uma espia de Isabel Woodville, o meu cunhado às mãos do seu carrasco e o meu sobrinho às mãos de um seu envenenador, e agora o meu filho foi vítima da sua maldição…"
A apaixonante e trágica história de Ana Neville e da sua irmã Isabel, filhas do Conde de Warwick, o nobre mais poderoso da Inglaterra durante a Guerra dos Primos. Na falta de um filho e herdeiro, Warwick usa cruelmente as duas jovens como peões, mas elas desempenham os seus papéis de forma previdente e poderosa.
No cenário da corte de Eduardo IV e da sua bela rainha Isabel Woodville, Ana é uma criança encantadora que cresce no seio da família de Ricardo, Duque de Iorque, transformando-se numa jovem cada vez mais corajosa e desesperada quando é atacada pelos inimigos do seu pai, quando o cerco em seu redor se aperta e quando não tem ninguém a quem possa recorrer, a quem possa confiar a sua vida.
Autor: Philippa Gregory
Editora: Civilização Editora (2013)
N.º Páginas: 408
Título Original: The Kingmaker's Daughter (2012)
opinião:
Quando soube que Philippa Gregory ia regressar à «Guerra dos Primos» com uma nova perspectiva sobre os acontecimentos que marcaram esta época, o meu lado hipocritamente céptico insurgiu-se imediatamente… mas à medida que fui avançando no livro, fui mudando de opinião…e, mais uma vez, de partido…no final acho que fiquei tão surpreendida quando a própria autora:
«Enquanto historiadora, os factos conhecidos pareciam-me muito diferentes quando mudei o ponto de vista - da minha favorita, Isabel Woodville, no papel de vilã, para a minha nova heroína, Ana Neville.»
Desta vez, acompanhamos Ana Neville, um mero peão no ambicioso jogo do seu pai, o fazedor de reis, e, mais tarde, de outros jogadores, todos com o mesmo objectivo: o trono de Inglaterra; mesmo que para tal sejam necessário tomar as decisões mais sombrias e perpetrar as mais hediondas traições. Habituada a olhar para Ricardo III como o usurpador do trono e possível assassino dos próprios sobrinhos, Gregory ofereceu-me uma nova perspectiva em «A Filha do Conspirador».
O livro está escrito num tom sério que só o torna mais credível, encaixando-se numa colecção concebida de forma arguta e inteligente, muito bem idealizada, e não achei, de todo, aborrecido voltar a explorar os mesmos acontecimentos. A autora escreve bem e sem hesitação, como se tivesse realmente presenciado o que narra, levando-nos consigo para o século XV e aproximando-nos imenso de Ana Neville - das suas esperanças e receios; felicidade e amargura.
Infelizmente, a autora orbita quase exclusivamente entre pensamentos e acontecimentos relacionados com o desejo/possibilidade de chegar ao trono…compreendo que esse é o seu objectivo nestes livros, mas pessoalmente, gostaria que a autora se lembrasse que Isabel, Margarida e Ana não foram só rainhas, ou pretendentes ao trono, foram também, e antes de mais, mulheres.
Fiquei desejosa de ler «A Princesa Branca» ,o próximo livro desta série, que narra o que a autora julga ter acontecido aos filhos do rei e a história da sua irmã, a Princesa Isabel de Iorque!
A Princesa Branca
Guerra dos Primos #5
Quando Henrique Tudor conquista a coroa de Inglaterra após a batalha de Bosworth, sabe que tem de se casar com a princesa da casa inimiga, Isabel de York, para unificar um país dividido pela guerra há duas décadas.
Mas a noiva ainda está apaixonada pelo seu inimigo morto, Ricardo III. A mãe de Isabel e metade de Inglaterra sonham com o herdeiro ausente, que a Rainha Branca enviou para o desconhecido. Embora a nova monarquia tome o poder, não consegue ganhar o coração de uma Inglaterra que espera o regresso triunfante da Casa de York.
O maior receio de Henrique é que um príncipe esteja escondido à espreita para reclamar o trono. Quando um jovem que quer ser rei conduz o seu exército e invade Inglaterra, Isabel tem de escolher entre o novo marido, por quem se começa a apaixonar, e o rapaz que afirma ser o seu amado e perdido irmão: a Rosa de York volta para casa finalmente.
Autor: Philippa Gregory
Editora: Editorial Planeta (Novembro, 2014)
N.º Páginas: 488
Título Original: The White Princess (2012)
opinião
A Princesa Branca by Philippa Gregory
My rating: 3 of 5 stars
opinião
A Princesa Branca by Philippa Gregory
My rating: 3 of 5 stars
'e agora eu, como a própria Inglaterra, faço parte dos despojos de guerra.'
Henrique Tudor pode ter conquistado o trono mas está destinado a viver atormentado; o medo e a desconfiança crescem a cada vez que o seu próprio povo se insurge contra ele, rejeitando-o como rei legítimo, o que o leva a tomar decisões furiosas que inflamam ainda mais a revolta do povo. O seu casamento estratégico com uma princesa da Casa de York destina-se a afiançar a estabilidade do seu reinado mas esta família inimiga, bem como os seus muitos apoiantes, está longe de desistir do trono. Principalmente quando se espalham rumores de que um dos herdeiros de Eduardo IV pode estar vivo…
'Há outra geração de primos… a questão é apenas saber se querem ir para a guerra contra o que está agora no trono.'
A Princesa Branca é mais um passo em frente na fantástica série Guerra dos Primos de Philippa Gregory, contudo, para mim, está longe de ser um dos seus melhores trabalhos.
A monarquia inglesa é um tema instintivamente apelativo, com todos os seus segredos, traições e conspirações. A autora executa constantemente um óptimo trabalho no preenchimento das lacunas históricas, apresentando teorias viáveis, desenvolvimentos atraentes e lançando uma luz interessante sobre as prováveis intenções destas personagens históricas.
O meu desagrado está precisamente na personagem escolhida para narrar este capítulo da História. O papel de Isabel de York é pouco activo e muito pouco determinante, o seu carácter insípido levou-me a perder rapidamente interesse por ela e pelo seu bem-estar. Infelizmente, esta Isabel parece ter tão pouco da sua fantástica mãe que nunca deixou de lutar por aquilo que acreditava. Enquanto Isabel Woodville é uma personagem de extremo interesse a vários níveis, Isabel de York é facilmente definida apenas como 'filha de um rei, esposa de outro e mãe de um terceiro'.
Gostei deste livro mas dada a minha falta de interesse por Isabel fiquei com a ligeira sensação que são 480 páginas a focar sempre os mesmos pontos: o crescente descontentamento do povo, o medo do rei e a esperança de o herdeiro York estar vivo…
A Maldição do Rei
Guerra dos Primos #6
opinião
★★★★☆
Recentemente «coroado» como o pior monarca de sempre pela Historical Writers Association, Henrique VIII é a peça central deste romance de Philippa Gregory - A Maldição do Rei. Esta nossa viagem pela História começa na viragem do século, em 1499, quando Inglaterra depositava as suas esperanças no promissor herdeiro Artur, cujo casamento com Catarina de Aragão serviria para solidificar as relações com Espanha.
Como já é habitual nos trabalhos de Philippa Gregory, os desenvolvimentos na corte são-nos narrados por uma mulher de carácter forte; desta vez, Margarida Pole, filha de Jorge, duque de Clarence, e sobrinha de Eduardo IV e Ricardo III, reis cuja influência na História da Inglaterra foi desenvolvida nos livros anteriores da série. Embora lady Margarida não seja uma figura essencial, a sua origem Plantageneta e amizade com Catarina de Aragão mantém-nos suficientemente perto da corte, ao passo que o seu relativo distanciamento oferece uma perspetiva mais abrangente do país e do seu povo.
Prima e amiga de Isabel de York, Margarida conhece a existência da maldição que Isabel e a mãe conjuraram contra o homem que teria levado os seus dois irmãos da Torre de Londres, sem supor que estaria a amaldiçoar não só o seu futuro esposo mas também os seus filhos e netos. Esta interessante fabulação pressagia a morte do príncipe Artur e o fracasso dos casamentos de Henrique VIII e a sua dificuldade em gerar um herdeiro varão já que, apesar dos seus seis casamentos, Henrique VIII conseguiu apenas três filhos legítimos, entre eles um único rapaz.
Quando a Doença do Suor, que o povo dizia ser uma maldição trazida para o país pelos Tudor, vitimou Artur, e Henrique chega ao trono, este é visto como a libertação do povo e do país do medo e da ganância de Henrique VII, conquistando-lhe grande popularidade inicial. Contudo, como a autora fez questão de começar a demonstrar logo no final do livro anterior, A Princesa Branca, Henrique foi em parte talhado pelo ambiente de constante desconfiança em que cresceu e pelo excesso de mimo/atenção, tornando-se impulsivo, caprichoso, vaidoso, exibicionista, petulante e estouvado, uma combinação perigosa quando aliada ao poder de um rei.
Deixando o país nas mãos de conselheiros ambiciosos com objetivos próprios, este megalómano escandaliza o país com o seu anticlericalismo, dissolvendo as instituições católicas e confiscando-lhes os bens, colocando-se a si próprio no lugar do Papa, como chefe da Igreja em Inglaterra, uma vez que este se recusava a invalidar o casamento com Catarina de Aragão. Outrora visto como o príncipe perfeito, a instabilidade de Henrique tende a aumentar, levando-o a virar-se contra amigos, conselheiros, filhas e esposas. Ninguém parece ser capaz de contrariar a sua tirania e, assim, Henrique vai escalando de horror em horror.
Do outro lado temos lady Margariga, uma mulher de relativa influência que chega ser a mulher mais rica do país mas que acaba por perder tudo, incluindo os seus herdeiros e a própria vida, às mãos deste rei. Apesar de ter conhecimento de uma conspiração, Margarida é uma sobrevivente por excelência - ««vivi toda a minha vida agarrada à vida» - e garantir a sua segurança e a dos seus familiares passa várias vezes por ceder negar, recuar... Como amiga de Catarina de Aragão e depois lady governanta da sua filha, Maria (a sanguinária), Margarida segue com choque e interesse as tentativas do rei para anular o seu primeiro casamento enquanto mantinha um relacionamento com Ana Bolena, que viria a casar grávida, sendo portanto estes alguns dos episódios que acompanhamos mais de perto, ao passo que os outros casamentos são abordados com maior distância.
A Maldição do Rei espelha não só o magnífico trabalho de investigação executado pela autora mas também dá voz a uma escritora que, sendo formada em História, tem, efectivamente, algo a acrescentar ao que já foi escrito, tornando o livro ainda mais interessante com as suas próprias concepções e instintos.
Uma personagem feminina forte, a maldição de um rei, um romance rico em pormenores históricos e investigação rigorosa.
No centro da rápida deterioração da corte dos Tudor, Margarida terá de decidir se a sua lealdade é para com o cada vez mais tirânico Henrique VIII ou para a sua amada rainha. Aprisionada na corte, terá de escolher o seu caminho e esconder a todo o custo o seu conhecimento de uma antiga maldição sobre os Tudor, que lentamente se torna realidade...
No centro da rápida deterioração da corte dos Tudor, Margarida terá de decidir se a sua lealdade é para com o cada vez mais tirânico Henrique VIII ou para a sua amada rainha. Aprisionada na corte, terá de escolher o seu caminho e esconder a todo o custo o seu conhecimento de uma antiga maldição sobre os Tudor, que lentamente se torna realidade...
Género: Romance > Ficção Histórica
Páginas: 560
"Margaret’s story is shocking, deeply moving and offers an alternative view on a much-told tale. Gregory is on form here; her depiction of Henry VIII’s transformation from indulged golden boy to sinister tyrant is perfectly pitched and seems more horrific still when we are made intimate witnesses to the devastation of Margaret’s family."
- Elizabeth Freemantle, Express
"Once the plotting starts, Gregory loses her reliance on explaining the past and gives a dramatic and rounded view of another extraordinary woman."
- Lesley McDowell, Independent
"The book’s greatest strength is its first-hand, fascinating yet horrifying view of Henry VIII’s transition from handsome young prince to monstrous tyrant — a view that is particularly horrifying for Margaret, who has known him since he was born."- Nancy Klingener, Miami Herald
opinião
★★★★☆
My rating: 4 of 5 stars
«Como pode alguém ser leal a um louco?» (p. 544)
Recentemente «coroado» como o pior monarca de sempre pela Historical Writers Association, Henrique VIII é a peça central deste romance de Philippa Gregory - A Maldição do Rei. Esta nossa viagem pela História começa na viragem do século, em 1499, quando Inglaterra depositava as suas esperanças no promissor herdeiro Artur, cujo casamento com Catarina de Aragão serviria para solidificar as relações com Espanha.
Como já é habitual nos trabalhos de Philippa Gregory, os desenvolvimentos na corte são-nos narrados por uma mulher de carácter forte; desta vez, Margarida Pole, filha de Jorge, duque de Clarence, e sobrinha de Eduardo IV e Ricardo III, reis cuja influência na História da Inglaterra foi desenvolvida nos livros anteriores da série. Embora lady Margarida não seja uma figura essencial, a sua origem Plantageneta e amizade com Catarina de Aragão mantém-nos suficientemente perto da corte, ao passo que o seu relativo distanciamento oferece uma perspetiva mais abrangente do país e do seu povo.
Prima e amiga de Isabel de York, Margarida conhece a existência da maldição que Isabel e a mãe conjuraram contra o homem que teria levado os seus dois irmãos da Torre de Londres, sem supor que estaria a amaldiçoar não só o seu futuro esposo mas também os seus filhos e netos. Esta interessante fabulação pressagia a morte do príncipe Artur e o fracasso dos casamentos de Henrique VIII e a sua dificuldade em gerar um herdeiro varão já que, apesar dos seus seis casamentos, Henrique VIII conseguiu apenas três filhos legítimos, entre eles um único rapaz.
Quando a Doença do Suor, que o povo dizia ser uma maldição trazida para o país pelos Tudor, vitimou Artur, e Henrique chega ao trono, este é visto como a libertação do povo e do país do medo e da ganância de Henrique VII, conquistando-lhe grande popularidade inicial. Contudo, como a autora fez questão de começar a demonstrar logo no final do livro anterior, A Princesa Branca, Henrique foi em parte talhado pelo ambiente de constante desconfiança em que cresceu e pelo excesso de mimo/atenção, tornando-se impulsivo, caprichoso, vaidoso, exibicionista, petulante e estouvado, uma combinação perigosa quando aliada ao poder de um rei.
Deixando o país nas mãos de conselheiros ambiciosos com objetivos próprios, este megalómano escandaliza o país com o seu anticlericalismo, dissolvendo as instituições católicas e confiscando-lhes os bens, colocando-se a si próprio no lugar do Papa, como chefe da Igreja em Inglaterra, uma vez que este se recusava a invalidar o casamento com Catarina de Aragão. Outrora visto como o príncipe perfeito, a instabilidade de Henrique tende a aumentar, levando-o a virar-se contra amigos, conselheiros, filhas e esposas. Ninguém parece ser capaz de contrariar a sua tirania e, assim, Henrique vai escalando de horror em horror.
«houve em tempos uma Inglaterra em cujo trono se sentava um rei York que se contentava em ser rei e não fingia ser papa, que tinha uma amante que não fingia ser rainha, que tinha bastardos que não fingiam ser herdeiros» (p. 424)
Do outro lado temos lady Margariga, uma mulher de relativa influência que chega ser a mulher mais rica do país mas que acaba por perder tudo, incluindo os seus herdeiros e a própria vida, às mãos deste rei. Apesar de ter conhecimento de uma conspiração, Margarida é uma sobrevivente por excelência - ««vivi toda a minha vida agarrada à vida» - e garantir a sua segurança e a dos seus familiares passa várias vezes por ceder negar, recuar... Como amiga de Catarina de Aragão e depois lady governanta da sua filha, Maria (a sanguinária), Margarida segue com choque e interesse as tentativas do rei para anular o seu primeiro casamento enquanto mantinha um relacionamento com Ana Bolena, que viria a casar grávida, sendo portanto estes alguns dos episódios que acompanhamos mais de perto, ao passo que os outros casamentos são abordados com maior distância.
A Maldição do Rei espelha não só o magnífico trabalho de investigação executado pela autora mas também dá voz a uma escritora que, sendo formada em História, tem, efectivamente, algo a acrescentar ao que já foi escrito, tornando o livro ainda mais interessante com as suas próprias concepções e instintos.
«o nosso problema, o problema da corte, o problema do país, é que demos a este rufião de vistas estreitas o poder do papa e o exército de um rei.»
frases preferidas
«talvez o mais seguro seja não amar ninguém» (p. 24)
«os destinos são para os homens» (p. 59)
«todos nascemos para sofrer, todos nascemos para perder.» (p. 74)
«um homem deve ir par aonde o seu destino o chama.» (p. 162)
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aonde encontro esses livros ?
ResponderExcluirPode encontrar no continente, na wook, bertrand ou na fnac.
ExcluirData de lançamento? Há alguma previsão?
ResponderExcluirJa lançaram a versão em português do livro A Princesa Branca?
ResponderExcluirAinda não :(
ExcluirNo site da fnac está a anunciar a princesa branca será lançada dia 12 de Novembro :) a versão traduzida :) para quem tiver interessado a BBC também lançou uma serie baseada na rainha branca, rainha vermelha e na filha do conspirador :) gostei muito apesar de alguns momentos nao serem reproduzidos de acordo com os livros mas, em geral, sem nenhuma importância para a história. recomendo até porque as personagens estão muito bem representadas :)
ExcluirQuando é que sai o livro The king's curse em português?
ResponderExcluirna fnac brasilia agora que chegou a filha do conspirador . acabei hj a senhora dos rios e jacquetta é uma mulher interessantissima . minha preferida
ResponderExcluirA ordem dos livros é mesmo a que está aqui no blog? Porque no site da wook a ordem é diferente.
ResponderExcluirEsta é a ordem que acompanha os acontecimentos em sucessão cronológica, não é a ordem pela qual os livros foram publicados. A ordem de publicação é: A Rainha Branca, A Rainha Vermelha, A Senhora dos Rios, A Filha do Conspirador, A Princesa Branca e A Maldição do Rei.
ExcluirA grande diferença está no livro A Senhora dos Rios já que andamos para trás na história, para acompanhar a mãe de Isabel Woodville - A Rainha Branca.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirJá se sabe se o livro da " A princesa Branca" está disponível aqui no Brasil? ou quando irão lançar?
ResponderExcluirPerguntei para o SAC do Grupo Editorial Record e a previsão é para o segundo semestre de 2016 :)
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