0 Corações Sem Dono
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Lucy Dillon
«Histórias de solidão, amor e recomeços ou como cachorros abandonados podem salvar corações solitários.
A londrina Rachel de trinta e nove anos descobre que tudo na vida pode dar uma volta enorme quando e como menos se espera.
Tudo começa num momento conturbado: na mesma semana Rachel perde o namorado, o emprego, descobre o primeiro cabelo branco e é acusada pela irmã de ser egoísta por se ter esquecido do aniversário do sobrinho.
Como se não bastasse de repente tem de se mudar de Londres para uma pequena cidade de província, no fim do mundo, onde uma tia lhe deixou em herança um canil a abarrotar de cães, uma casa enorme e uma montanha de dívidas.
Mas nem tudo é o que parece e nem só de problemas se fará este novo percurso de Rachel; graças aos amigos de quatro patas, muitos corações solitários vão descobrir valiosas lições sobre lealdade, companheirismo e amor incondicional.»
Autor: Lucy Dillon
Editora: Porto Editora (2011)
N.º Páginas: 448
Título Original: Lost Dogs and Lonely Hearts (2009)
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A Minha Opinião:
É certo que a história começa por se desenrolar de forma bastante lenta, mas quando Dillon encontra o seu ritmo o livro torna-se encantador, seguindo numa passada agradável. A familiaridade com as personagens também é difícil de adquirir de início já que somos apresentados a diversas figuras aparentemente aleatórias, sem ligação entre elas, o que torna complicado para nós criar associações e reconhecê-las de imediato numa situação posterior, mas também isto é completamente ultrapassado após algum tempo de dedicação.
Comecei com as dificuldades que encontramos nesta leitura porque são poucos e este é um livro que merece definitivamente acabar com pontos positivos!
Ora então vamos lá! - Em Corações Sem Dono acompanhamos a viagem pessoal da protagonista, Rachel, à medida que esta tenta readquirir controlo sobre a sua vida e ultrapassa uma série de problemas, tanto da vida antiga como da sua nova vida, que adquiriu com o falecimento da tia quando esta lhe deixa em herança um canil problemático.
Tudo isto já seria interessante só por si, mas Dillon acrescenta ao caldo uma série de outras personagens super interessantes com os seus próprios dilemas e problemas pessoais. E claro, os cães...que fazem parte integrante da história e a tornam ainda mais deliciosa.
Ao longo do livro, Dillon debruça-se não só sobre os diversos tipos de relações interpessoais entre as personagens mas também sobre as relações entre as pessoas e os seus cães - o amor e dedicação de algumas pessoas pelos animais e a resposta de afecto incondicional por parte dos mesmos. A diferença que podem fazer na vida de alguém e a marca que deixam quando são, por fim, obrigados a deixar-nos. O compromisso que assumimos perante estes espíritos inocentes e tudo aquilo que nos dão em troca.
As personagens são muito realistas, com problemas complexos, reais e bem descritos. Quando damos por nós estamos a torcer fervorosamente por estes recém-conhecidos, a quem começamos a dedicar uma afeição genuína...e a parte mais fantástica é que nem nos apercebemos como Dillon nos levou a isso - não se dedica a tecer louvores às suas personagens ou a descrever as suas qualidades. E, no entanto, conhecem-las. Gostamos delas.
Isto não é exclusivo para as personagens humanas. Dillon destaca muito bem a personalidade individual de cada cão. Já li vários livros em que o animal de companhia em questão era componente de destaque no livro e estava muito bem caracterizado mas trata-se, por norma, de um animal que o dono acompanhou de perto e com quem conviveu durante vários anos. Mas Dillon descreve-nos vários animais seja através das suas interacções das pessoas, de descrição directa, do seu triste passado ou por meio de divertidas situações.
Uma leitura leve, previsível mas que nos cativa pela viagem e não apenas por um grande final. Além disso, o passado da tia de Rachel está envolto em mistério, trazendo mais uma componente interessante ao livro.
Lucy Dillon escreve-nos de forma simples e honesta, nada complicada, despretensiosa e muito fluída. Com uma capacidade descritiva formidável, relata-nos o dia-a-dia comum, após uma reviravolta extrema na vida, oferecendo-nos um livro extraordinário sobre segundas oportunidades na vida - não só para as pessoas mas também para os animais. E fá-lo de forma cativante e tocante, umas vezes triste, outras alegre.
Tudo isto torna Corações Sem Dono um livro encantador e cheio de ternura, obviamente escrito por alguém que só pode gostar imenso de animais. E é por tudo isto que o recomendo vivamente!
...Quem dera que todos os cães pudessem ter esta segunda oportunidade!...
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