Destaques

0 O que ando a ler...Julho 2014



A actualização deste post tem sido complicada por causa das férias mas finalmente consegui sentar-me um bocadinho para acrescentar os livros da última quinzena!

Recentemente eleito como o livro mais influente, escrito pelas mãos de uma mulher, 'Não Matem a Cotovia' (Europa-América, 1986) é uma obra absolutamente extraordinária que devia ser lida e apreciada por todos! Adaptado ao cinema, este clássico entrou directamente para a minha lista de favoritos...tal como o 'Frankenstein' de Mary Shelley (BIS, 2009)! 

Editado recentemente pela Dom Quixote, 'O Leopardo' encantou-me pela perspectiva que oferece sobre a decadência da aristocracia, pintada tão elegantemente por Giuseppe di Lampedusa.

Mudando um bocadinho de estilo: Não restam dúvidas - os Bridgerton são sempre uma animação!... e este 5º livro da série, 'Para Sir Phillip com Amor' (ASA, 2014), embora não esteja entre os meus preferidos, é igualmente fantástico. Recomendo a todas as leitoras que gostam de um bocadinho de humor nos seus romances históricos.

Também romance histórico mas de carácter muito mais sério e tendo por base personagens e eventos históricos, 'A Amante do Papa' (Planeta, 2014) dá novamente vida à fantástica Catarina Sforza. Jeanne Kalogridis foi muito competente a escrever esta maravilhosa narrativa, cheia de pormenores interessantes sobre a época, embora não me agradasse muito o percurso pelo qual a levou o seu livre arbítrio. 

A série Quarteto de Noivas chegou finalmente ao fim com 'Felizes Para Sempre' (Chá das Cinco, 2014). Embora não seja uma das minhas série preferidas reúne as qualidades a que Nora Roberts já nos habituou, incluindo uma incrível aproximação às personagens e descrições magníficas, numa escrita impecável. 


Preferidos do Mês:
1. Frankenstein: 5★
3. O Leopardo: 4★

31 de Julho
Absolutamente extraordinário!
Alicerçado em várias camadas, 'Não Matem a Cotovia' aborda questões profundas que ainda hoje, de uma ou outra forma, se mantêm pertinentes. Todo o significado e conceito da narrativa é ampliado pela identidade do próprio narrador: uma criança. O racismo, correlacionado com a injustiça, o sacrifício e pura falta de bom senso, é um tema muito bem manipulado neste livro, coabitando com outros problemas como a educação, o estatuto social e o limitado papel da mulher. As personagens - para o bem e para o mal - estão muito bem caracterizadas.


O Leopardo: 4★
Dom Fabrizio era, em 1860, de uma estirpe em vias de extinção. Melancólico e nostálgico, é através dele e das suas perspicazes observações que assistimos à inevitável decadência da aristocracia siciliana. 
Especialmente pela sua elegância, a prosa de Giuseppe di Lampedusa reproduz muito fielmente uma realidade e um tempo já perdidos. O contexto social e político é construído com grande competência, juntamente com algum humor e ironia. Mas, mais precisamente, foram o que infiro serem comentários pessoais do autor, de teor filosófico e partilhados sob a forma de frases arrebatadoras, que me conquistaram em pleno.


A minha colecção
Os Bridgerton, até à data...
Cómica, divertida e romântica - adoro esta série! Facilmente dou por mim a
vibrar com as divertidas peripécias que Julia Quinn narra tão graciosamente, empolgada com o rumo dos acontecimentos, apegada às fantásticas personagens! Mesmo tendo em conta que a história de Eloise acabou por se revelar, para mim, a menos interessante até agora - sendo que culpabilizo mais a extraordinária qualidade dos livros anteriores do que propriamente qualquer falha neste - 'Para Sir Phillip com Amor' não deixa de ser uma óptima adição a esta série completamente viciante.
Gostei muito de 'Para Sir Phillip com Amor' e, mais uma vez, fiquei ansiosa pelo próximo!


Não há dúvida nenhuma que Catarina Sforza é uma personagem histórica de extremo interesse - uma mulher ambiciosa, corajosa e determinada que insistiu em desempenhar papeis reservados ao género masculino, no seu tempo, que lutou ferozmente tanto para defender o que lhe pertencia como para conquistar o que cobiçava e que teve inclusivamente a audácia de desafiar e enfrentar os Bórgias. Da mesma forma, não me ficaram dúvidas em relação à da autora, especialmente no que toca à sua magnífica atenção ao detalhe, permitindo-lhe desenvolver ambientes e cenários fabulosos e caracterizar muito habilmente as suas personagens.
Foi a forma como Jeanne Kalogridis optou por construir e desenvolver a sua narrativa que veio roubar um bocadinho ao meu prazer de leitura. 


Felizes Para Sempre: 3★
'Felizes para Sempre' é um livro simples e descomprometido, óptimo para relaxar, sem verdadeiros vilões, problemas que tenham que ser resolvidos ou mistérios que precisem ser desvendados.
O último livro da série Quarteto de Noivas coloca um óptimo pontofinal na história de Mac, Parker, Laurel e Emma.
Quarteto de Noivas é uma série romântica que gira à volta da importância da amizade. É especialmente interessante acompanhar as vidas das personagens ao longos dos quatro livros, com a aproximação e familiaridade que Nora Roberts é tão boa a criar.

10 de Julho
Frankenstein: 5★
  Triste e trágico, há neste livro conteúdo para horas de dissecação. A narrativa não é muito extensa mas é muito significativa e bonita com a sua atmosfera gótica e romântica.
  Todos temos os nossos personagens preferidos; aqueles que mais nos marcaram. No meu caso, há quatro nomes que recordo com um cuidado especial: Gregor Samsa, Heathcliff, Quasimodo e Jay Gatsby. Pode parecer, à partida, que não têm nada em comum mas não é o caso; todos foram vítimas de incompreensão - uma obtusidade que lhes surgiu de quem era mais próximo - e não souberam responder da melhor forma, corrompendo a própria existência. A estes junta-se agora um novo personagem, um que não tem nome mas é conhecido como 'o monstro de Frankenstein'.
  O monstro pode não ter sido realmente criado mas Mary Shelley assegurou-se que ele perduraria na sociedade.


  'A Lei do Deserto' é um daqueles livros que me deixa baralhada no final; sem saber bem para que lado a balança pende mais: se para o lado dos elementos de que gostei ou para o dos pontos que me desagradaram.
  No fundo, penso que este livro sofre imenso pela falta de equilíbrio. Se por um lado temos um livro cheio de acção, que me agradou pelas cenas de planeamento e execução militar (colocando de lado a precisão das mesmas), pareceu-me que toda esta acção serviu de manobra de distracção para desviar a atenção do leitor de pontos importantes como a óbvia falta de desenvolvimento das personagens, o desenvolvimento de um romance à velocidade da luz e numa das alturas menos plausíveis e o facto de acontecimentos traumáticos não parecerem ter grandes repercussões nas personagens…
  Apesar de partir de uma premissa muito interessante, fundindo realidade e ficção, só lamento que Wilbur Smith tivesse comprometido a qualidade de um trabalho cheio de potencial ao falhar na construção e desenvolvimento de personagens e episódios.


Irish Fairy Tales  Há alguns anos atrás assisti a um verdadeiro seanchaidhe a executar a sua arte: contar histórias. Foi um daqueles momentos mágicos que recordamos para sempre; senti-me completamente arrebatada para um mundo de fadas, heróis míticos, princesas, bruxas e reis austeros. Dei comigo de olhos esbugalhados, junto com os mais pequenos, a seguir atentamente cada frase, a acompanhar vigilantemente cada pantomima.
  É daí que vem a minha vontade de ler este livro; da nossa teimosia em querer roubar bons pedacinhos ao passado e revivê-los de alguma forma.
  Irish Fairy Tales é uma selecção de 27 pequenas histórias que nos servem de introdução a esta vertente do folclore irlandês. Pequeno, simples e muito ao estilo Grim - com os seus aspectos mórbidos e alguma violência - este livro enche-se de histórias cómicas, fantasiosas e misteriosas.




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0 O Outro Lado de Amar

Vale a pena lutar quando o amor é verdadeiro!
  A vida de Lídia é perfeita. Frequenta o curso que sempre sonhou, vive com a suamelhor amiga e namora com o seu grande amor. O que poderia correr mal? A distância. 
  Com a partida de Guilherme para Lisboa, Lídia tem de enfrentar novos e antigos receios. Os pesadelos do passado voltam para assombrar os seus dias. Lídia consegue arranjar uma maneira para não sofrer. Mas o seu namorado e amigos não fazem parte do plano.
  Com a sua vida em mudança constante, terá de fazer escolhas e lutar pelo seu verdadeiro amor. O calmo e organizado Guilherme ou Romeo, rebelde e prático que vive a vida ao limite? Lídia entra num mundo de repleto de aventuras e desafios. Qual caminho será o mais acertado?

Autor: Catarina Ferreira
Editor: Edição de Autor – Escrytos (2014)
Género: Romance

✏ Catarina Soares Ferreira tem 22 anos, nasceu e vive em Vila Nova de Gaia com os pais. Tem um irmão e uma irmã, mais velhos, já casados e com filhos. Finalizou o curso de Técnico de Turismo, estagiou num hotel e numa agência de viagens. Foi através da saga Crepúsculo de Stephenie Meyer que a sua paixão pelos livros refloresceu e, desde aí, foi inspirada por autoras como Madeline Hunter, Sherrilyn Kenyon, Lauren Conrad, Kami Garcia e Margareth Sthol, L.J. Smith e Alyson Nöel.

✏ Catarina Ferreira é também autora do romance 'Amor Ingénuo'




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8 Série Quarteto de Noivas + Opinião

A série Quarteto de Noivas é constituída por um total de 4 livros. Um Dia Perfeito é o primeiro livro desta série, seguido de Um Mar de RosasO Sabor do Momento e Felizes Para Sempre.


Um Dia Perfeito

Quarteto de Noivas #1
Quando eram crianças, as quatro amigas Mackensie, Emma, Laurel e Parker, passavam horas a imaginar como seria um dia de casamento perfeito. 
Anos mais tarde, as suas fantasias tornam-se realidade, mas de uma forma que não esperavam: criaram uma empresa de organização de casamentos e realizam os sonhos de outras mulheres. 

Em Um dia Perfeito, ficamos a conhecer Mackensie Elliot, uma fotógrafa bonita e independente, que adora captar os momentos felizes e únicos que descobre nos casamentos. Mas tanta felicidade ao seu redor por vezes recorda-lhe um passado de amargura e que quer deixar para trás.

Autor: Nora Roberts
Editor: Chá das Cinco (12/Abril/2013)
Género: Romance
Páginas: 288
Original: Vision in White (2009)


Opinião... 
Em Um Dia Perfeito o trabalho de escrita da autora é, como já é costume, 5★! As descrições são óptimas, a caracterização das personagens é detalhada mas objectiva, o estilo da narrativa é elegante mas contemporâneo e os diálogos ajudam a desenvolver o enredo a bom ritmo.

Infelizmente, o elemento fraco neste livro é mesmo o enredo; este revolve apenas à volta do trabalho de Mac e do seu enamoramento por Carter…Reconheço que a autora não pode incluir sempre um perseguidor/assassino pervertido nos seus livros para nos oferecer aquela sensação de mistério/thriller que enriquece e dinamiza o romance, mas estou habituada a que estes tenham muito mais do que aquilo que encontrei em Um Dia Perfeito.
Este livro pareceu-me muito vazio, sem finalidade objectiva e, apesar de ter ficado curiosa para acompanhar as histórias de Emma, Lauren e Parker, espero sinceramente que esses livros tenham componentes mais fortes do que este primeiro.
Apesar de alternar entre momentos enternecedores e sensuais, falta a Um Dia Perfeito a intensidade a que Roberts já me habituou.

Gostei da forma como a autora desenvolveu o dilema de Mac, cujo divórcio dos pais, quando ela tinha apenas 4 anos, acabou por comprometer a sua capacidade de entrega pessoal e comprometimento numa relação séria.
Ninguém captava alegria e lágrimas, amor e medo - memórias - em momentos fotográficos como Mac, mas ela optava sempre por se manter à parte, em isolamento. Isto porque, Mac conhecia apenas o lado mau do amor, o que acontece quando este acaba graças à sucessão de relacionamentos falhados que a mãe foi coleccionando após o divórcio, numa eterna busca pelo amor sob a forma de status, sucesso, dinheiro e segurança; daí que as lógicas completamente ilógicas que ela tenta formular para justificar a sua fuga à relação com Carter sejam não só divertidas mas também bastante credíveis e válidas.

Quanto a Carter, adorei uma personagem tão adoravelmente trapalhona que, à primeira vista, não faz nada o tipo de homem da protagonista e em quem os ternos sonhos do adolescente que foi no passado se começam a misturar com os ardentes desejos do homem que é no presente.

Compreendo a necessidade e o interesse de passar ao leitor a dedicação de Mac ao seu trabalho e o nível de criatividade neste envolvido mas Nora acaba por exagerar no número e na extensão destas descrições, o que tornou a leitura um bocadinho aborrecida em certas partes.

Em suma, Mac, Emma, Laurel e Parker formam um fantástico quarteto de pura amizade, com laços muito fortes entre si e que a autora conseguiu focar muito bem. Além disso, nada como uma boa megera para animar as coisas - e a mãe de Mac é um óptimo exemplar da estirpe! Também me diverti imenso com as dicas de Bob e, em geral, esta foi uma leitura bem agradável; exceptuando a sensação de vazio que me ficou, em retrospectiva.

Um Mar de Rosas
Quarteto de Noivas #2
  Desde criança que Emma é uma jovem sensível e romântica e não é surpresa para ninguém que tenha encontrado a sua vocação como florista de casamentos. Assim está sempre rodeada de flores e trabalha com as suas três melhores amigas - Mackensie, Parker e Laurel. 
  Emma não podia estar melhor, certo? Errado. É que Emma, apesar de bela e encher de vida todas as salas onde entra (aliás, tal como acontece com os arranjos florais que cria), apenas se cruza com os homens errados. E o último lugar onde alguma vez se lembrou de procurar é…bem debaixo do seu nariz. Jack Cooke é um arquiteto e amigo de longa data que praticamente faz parte da família. 
  Um dia ele apercebe-se que sente por Emma algo mais do que apenas amizade. Mas quando a sua paixão é correspondida, as coisas começam a complicar-se. É que nem ele gosta de compromissos, nem ela é dada a casos passageiros. 
  Conseguirão confiar nos seus corações — para se entregarem a uma vida em comum?

Autor: Nora Roberts
Editor: Edições Chá das Cinco (Novembro, 2013)
Género: Romance
Páginas: 288
Original: Bed of Roses (2009)

Opinião... 
My rating: 3 of 5 stars
Justifico as escassas três estrelas desta forma: recuso-me a baixar a fasquia em relação a esta escritora, já que é uma das minhas preferidas e de quem já li trabalhos fantásticos.

Um Mar de Rosas pode ser formidavelmente romântico, juntando um par que, por já se conhecer há imenso tempo, compreende-se mutuamente, mas é basicamente um livro sobre o desabrochar de um amor com descrições exaustivas sobre a actividade laboral de Emma para encher os entretantos… e por muito fascinante que seja esta profissão e por muito viáveis que sejam as hesitações do par romântico não me senti atraída pelo conteúdo especifico deste livro mas mais pela euforia em volta dos preparativos para o casamento de Mac e Carter e pelo interessantíssimo duo Parker/Malcolm Kavanaugh.

Gostei de Emma, uma mulher alegre que adora a vida que leva: uma família fantástica e unida, amigas verdadeiras que estão sempre lá para ela e um trabalho que adora. A premissa é muito promissora: juntas, Mac, Emma, Laurel e Parker transformaram uma brincadeira de criança num negócio próspero que as atesta de gratificação pessoal e que nos enche de visões românticas e atmosferas de sonho.

Emma é uma romântica incurável, o tipo de mulher a quem se fazem promessas, com quem se fazem planos para o futuro e o problema de Jack é que, como ele aprendeu com o traumatizante divórcio dos pais, as promessas são quebradas e os planos são alterados.

Foi apenas próximo do final que vibrei realmente com o livro, quando testemunhei a força da amizade entre estas brilhantes e talentosas mulheres e as mudanças que estamos dispostos a fazer por amor. É um livro que não hesito em recomendar às fãs de Nora Roberts e que apreciam um romance no verdadeiro sentido da palavra.

O Sabor do Momento
Quarteto de Noivas #3

Laurel McBane sempre recorreu às amigas para apoio, especialmente quando o sonho de frequentar uma escola de culinária quase foi arruinado pelos problemas financeiros dos seus pais. Agora Laurel retribui a generosidade das amigas criando bolos extravagantes que acrescentam um toque perfeito à empresa de casamentos que fundaram. 
Laurel acredita no amor mas é demasiado discreta para os luxos desejados por outras mulheres. O que ela aprecia mesmo são homens fortes e inteligentes, como Delaney, irmão da sua amiga Parker, por quem Laurie sente uma paixoneta desde criança. Mas algumas paixões duram mais do que outras e Laurel está convencida que o advogado, bem na vida, está fora do seu alcance. 
Até que, certo dia, Laurel perde a cabeça e surge um beijo quente e inesperado entre ambos. Cheia de dúvidas e sem saber o que esperar do futuro, conseguirá transformar esse momento de paixão em algo mais eterno?

Autor: Nora Roberts
Editor: Edições Chá das Cinco (Fevereiro, 2014)
Género: Romance
Páginas: 288
Original: Savor the Moment (2010)
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                               Opinião... 

My rating: 3 of 5 stars
Já li tantos livros de Nora Roberts que me tornei particularmente exigente em relação ao seu trabalho. Assim, apesar de a série Quarteto de Noivas ter o seu encanto, está longe de ser uma das minhas preferidas, nomeadamente a nível de conteúdo, já que se centra demasiado na componente romântica.

Em O Sabor do Momento, o terceiro livro da série, é a vez de Laurel e Delaney descobrirem se o que os une é apenas uma paixão momentânea ou amor verdadeiro; Delaney está habituado a olhar para Laurel como um membro da família, alguém que deve proteger, mas Laurel vive secretamente apaixonada por ele desde criança. 

Gostei da dinâmica entre este par e apreciei imenso que Roberts não recorresse ao típico impedimento da relação por Delaney ser irmão de Parker. Por esta altura já conheço bem todos os personagens, dos quais gosto bastante, e isso torna a leitura acolhedora e confortável. Foi inteligente da autora tirá-los a todos do cenário habitual, que se começava a tornar repetitivo, e dar-nos uma perspectiva sobre a interacção dos quatro pares num ambiente livre de trabalho. 

Entretanto, continuo muito intrigada com o romance de Parker e Mal… que tenho na ideia que constituirá o melhor livro dos quatro. 


Felizes Para Sempre
Quarteto de Noivas #4
Enquanto relações públicas de uma empresa de organização de casamentos, Parker Brown tem um talento excecional para realizar os sonhos das noivas mais exigentes. Mas é incapaz de sonhar sobre o seu próprio futuro. 
O mecânico Malcolm Kavanaugh adora descobrir como funcionam as coisas. E perceber os segredos de uma mulher complexa e deslumbrante como Parker é um desafio. Parker e Malcom, quando estão juntos, fazem faísca. Mas ambos sabem que passar de um pequeno flirt a uma relação séria é um passo muito importante. 
Os riscos que Parker correu nos negócios sempre valeram a pena, mas arriscar o seu coração é algo que a jovem não sabe se pode fazer... Felizmente, Malcom irá mostrar-lhe que a vida é demasiado curta para não ser vivida ao máximo

Autor: Nora  Roberts
Editor: Edições Chá das Cinco (Maio, 2014)
Género: Romance
Páginas: 288
Original: Happy Ever After (2010)
Opinião... 
My rating: 3 of 5 stars

'Felizes para Sempre' é um livro simples e descomprometido, óptimo para relaxar, sem verdadeiros vilões, problemas que tenham que ser resolvidos ou mistérios que precisem ser desvendados. 

O último livro da série Quarteto de Noivas coloca um óptimo ponto final na história de Mac, Parker, Laurel e Emma. Chegou a vez de Parker se render ao amor - ela que é tão dedicada ao trabalho, perita em resolver os problemas dos outros parece ter encontrado um ponto de desequilíbrio para o seu mundo tão severamente organizado: Malcolm Kavanaugh.  

Apesar de ter gostado do livro, esta afirmação não se livra de vir acompanhada de uns quantos «mas...». Tendo lido quase 50 livros de Nora Roberts e estando habituada a ser completamente «sugada» para as suas histórias, não consigo deixar de pensar que falta alguma coisa a estes quatro livros. As histórias individuais são um bocadinho pobres e pouco originais; parece-me que a autora achou que uma interessante história colectiva, com base num negócio com potencial para encantar qualquer mulher, seria suficiente. 

Quarteto de Noivas é uma série romântica que gira à volta da importância da amizade. É especialmente interessante acompanhar as vidas das personagens ao longos dos quatro livros, com a aproximação e familiaridade que Nora Roberts é tão boa a criar.

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2 Não Matem a Cotovia + Opinião

  As cidadezinhas do Alabama seriam simples e pacatas se não sofressem de uma doença terrível: o racismo.
  Um advogado defende com toda a convicção, e arrostando com ameaças e preconceitos, um negro acusado de violentar uma rapariga branca. A sua luta é contudo vã: nunca num tribunal de Alabama se dera razão a um negro contra um branco.
  É uma criança que nos conta esta história. Uma criança que vai descobrindo o mundo que a rodeia e é testemunha de violências e atrocidades. A sua narrativa semi-inconsciente quase se torna a voz da adormecida consciência norte-americana.

Autor: Harper Lee
Editor: Europa-América (1986)
Género: Romance
Páginas: 276
Original: To Kill a Mockingbird (1960)

nota: a editora Difel editou este livro em 2004 com o título 'Por Favor não Matem a Cotovia' e a Relógio D'Água editou-o em 2012 com o título 'Mataram a Cotovia'.

opinião:
Absolutamente extraordinário!

Alicerçado em várias camadas, 'Não Matem a Cotovia' aborda questões profundas que ainda hoje, de uma ou outra forma, se mantêm pertinentes. Todo o significado e conceito da narrativa é ampliado pela identidade do próprio narrador: uma criança. 

Sem preconceitos, fruto de uma consciência simples e pura, a inocência das crianças entra em conflito com a corrupção do mundo que as rodeia - um mundo deliberadamente cruel que pressupõe e estereotipa sem misericórdia. Em contrapartida, é precisamente a inocência de uma outra criança, vítima do meio em que vive, moldada pela solidão, negligência e maus tratos que acaba por provocar um acto insensível e criminoso. 

Atticus, pregando pelo exemplo, é um personagem magnífico e inesquecível. Tendo em conta o meio e época em que vivia, posso apenas supor em relação à coragem necessária para não ficar calado perante a injustiça, para contrariar os restantes de forma a fazer o que se sabe ser o humanamente correcto. Adorei o carinho que Scout e Jem têm pelo pai, a forma como tentam absorver as suas valiosas lições, mesmo que nem sempre concordem ou sequer as compreendam, e, mais tarde, o modo como esse carinho evolui para orgulho e respeito, especialmente no caso de Jem.

Harper Lee foi fabulosa na forma como construiu um ponto de vista inocente em Scout, outro mais maduro, embora ligeiramente fanfarrão, em Jem, e ainda a perspectiva adulta desenvolvida em outras personagens. Assim, as mesmas situações são apresentadas ao leitor tanto através de uma interpretação corrompida como através de interpretações optimistas e sábias que não ignoram, no entanto, o meio social em que se integram, e ainda a interpretação inocente de quem tem apenas boa fé no carácter alheio. 

O racismo, correlacionado com a injustiça, o sacrifício e pura falta de bom senso, é um tema muito bem manipulado neste livro, coabitando com outros problemas como a educação, o estatuto social e o limitado papel da mulher. 

As personagens - para o bem e para o mal - estão muito bem caracterizadas. Adorei especialmente a calma sabedoria de Miss Maudie que compreende o meio em que se insere, as limitações de quem a rodeia e a necessidade de progresso. 

Apesar de ter tido alguns problemas com esta tradução, adivinho-lhe uma prosa original belíssima, encantadora e muito poderosa que se adequa perfeitamente à pequena e doce narradora, Scout. 

Inesquecível

Frases Preferidas:
«Há uma série de homens que…que estão tão atarefados a pensar no outro mundo que nunca chegam a viver neste»
«- Não percebo porque é que ele nunca mais vai à caça, agora… - disse eu. - Talvez eu te possa dizer - respondeu Miss Maudie. - O que o teu pai é, é um homem civilizado, desde o fundo do seu coração.»
 «Quase todas as pessoas são boas, Scout, quando por fim as vemos.»
«Coragem é, quando sabemos que estamos vencidos antes de começar, começarmos, apesar de tudo, e irmos até ao fim, aconteça o que acontecer.»
 «(…) antes de viver com as outras pessoas, eu tenho de viver comigo mesmo. A única coisa que, para mim, não se submete à regra da maioria é a consciência de uma pessoa.»
«Os palavrões são uma época que todas as crianças atravessam, e desaparecem com o tempo, quando elas verificam que isso não atrai a atenção de ninguém.»
«As pessoas com a cabeça no seu lugar nunca têm orgulho dos seus talentos»
 «Sr. Finch, há uma espécie de homens sobre os quais nós devemos disparar antes de lhes dizer: «Como tem passado?». Mesmo assim, não valem a bala que é precisa para os matar.»
«ora, se nós seguíssemos sempre os nossos pressentimentos, seríamos como gatos às voltas para apanhar a cauda.» 
 «Com ele, a vida era uma rotina; sem ele, a vida era insuportável.»

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